08
Jan11
29
Nov10
13
Aug10
Mais uma ação contra o projeto da fosfateira
Mais uma ação judicial contra o projeto da Bunge (e parceiros) de construir uma indústria fosfateira em Anitápolis (SC): o procurador Gabriel Faria Oliveira, da Defensoria Pública da União, entrou ontem com a ação civil pública número 5006304-60.2010.404.7200, solicitando à Justiça Federal que determine aos responsáveis pelo projeto a realização de estudo de avaliação de riscos à saúde humana. A ação se refere a um questionamento formalizado em maio de 2009 pelo advogado Eduardo Lima, que representa a Associação Montanha Viva, contrária ao empreendimento.
Segundo o advogado, esse estudo deveria ter sido feito pelas empresas por causa do risco potencial do empreendimento à saúde dos habitantes de Anitápolis e região – conforme preconizam o Ministério da Saúde com base na Resolução CONAMA 420/2009 e o princípio do poluidor-pagador – norma de direito ambiental que consiste em obrigar o poluidor a arcar com os custos da reparação do dano por ele causado ao meio ambiente. A ação foi distribuída para o juiz Hildo Nicolau Peron, da 2a. Vara Federal Ambiental de Florianópolis.
Mais sobre a fosfateira aqui no blog
09
Aug10
01
Jul10
Mudanças climáticas
O documentário sobre mudanças climáticas, dirigido pelo jornalista Marques Casara e exibido na COP 15, agora ganha versão para Internet: como povos tradicionais do Brasil, da Tanzânia e da Índia sofrem os impactos das alterações do clima. Conta o Marques:
É o documentário mais barato do mundo. A equipe brasileira era eu e minha mulher [Tatiana Cardeal]. No começo de 2009, fomos ao alto Rio Negro com uma câmera de filmar batizado, sem saída de microfone. Eu fiz a câmera e Tati fez o áudio com um microfone ligado a um gravador digital.
Climate Changes from Papel Social Comunicação on Vimeo.
17
May10
Floripa na Foto
A Juliana Kroeger me deu o toque e compartilho: Floripa na Foto, um evento sobre fotografia, vai reunir um time de feras de 17 a 21 de maio no auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Na pauta de debates, contratos para uso de obras fotográficas e de imagem, povos e tribos em expedições fotográficas, os desafios do fotografo de imprensa para o século XXI, fotografia de natureza brasileira, imagem e pensamento em antropologia, e mais. Confira a programação.
01
Feb10
Domingo das águas
Comemorei 44 anos de um jeito que adoro: junto com os amados, visitando um lugar quase inexplorado, no sossego do mato. Eita cantinho lindo! A Cachoeira do Salto fica no município de Águas Mornas, perto da estrada que dá acesso a São Bonifácio, na subida da serra, a uns 60 km de Floripa.
Quem deu a dica foi o Botelho, nosso correspondente especial para assuntos aleatórios e especialista em líquidos espumosos. Uma hidromassagem dessas remoça a gente.
Na volta, paramos pro tradicional lanche de pamonha, rosquinhas e caldo de cana em Santo Amaro da Imperatriz. Não é preciso de muita coisa pra gente ser feliz.
p.s.: No começo da trilha há uma placa informando que a área está à venda. Checamos o preço: o sítio com aquele pedacinho de paraíso custa R$ 350 mil. Se você comprar, cuide bem!
Foto: Ana Tuyama
28
Nov09
Fosfateira de SC na mídia norueguesa
Santa Catarina foi objeto de reportagem do jornalista Erik Hagen, da ong Norwatch – organização que monitora as atividades das corporações norueguesas pelo mundo -, exibida ontem na tevê nacional da Noruega. A Bunge (americana) e Yara (norueguesa), com apoio do governo do estado de SC, planejam construir uma mina de fosfato que pode detonar a Mata Atlântica em Anitápolis, a 100km de Floripa. O projeto ameaça animais em risco de extinção, mananciais e a segurança da população da região. É tão temerário que foi congelado em liminar concedida pela Justiça Federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região. As empresas recorreram.
Uma versão escrita da reportagem está no site da Norwatch. O bicho vai pegar no país escandinavo, pois a Yara, por ser parcialmente estatal, é de grande interesse público. E o governo norueguês fica de saia justa, pois no ano passado anunciou a doação de um bilhão de dólares até 2015 para um fundo de conservação da Amazônia. Imagino – talvez esteja sendo otimista em excesso? – que a pressão dos contribuintes vai terminar levando a Yara a rever seu projeto predatório. Quanto à Bunge, até agora, repercussão zero nos Estados Unidos. Alguém aí chama o Michael Moore?
p.s.: Dica pra ler reportagem em norueguês, em tradução automática imperfeita, mas aceitável: abrir o http://translate.google.com e colar no formulário o endereço do site. O resultado está aqui. Dá pra fazer o mesmo com as duas outras partes do texto (1 e 2).
29
Sep09
Liminar impede construção da fosfateira de Anitápolis
Uma liminar concedida ontem pela juíza federal substituta Marjôrie Cristina Freiberger Ribeiro da Silva suspende os efeitos da Licença Ambiental concecida pela Fatma (Fundação do Meio Ambiente) e impede a construção da fosfateira das transnacionais Bunge e Yara no município de Anitápolis. A juíza determina que a Fatma “se abstenha de expedir a Autorização de Corte e às empresas rés de qualquer ato tendente à supressão de vegetação ou início das obras, até decisão final nesta ação”. Importante conquista para os moradores dessa linda região de Mata Atlântica na encosta da serra catarinense, rica em nascentes, flora e fauna ameaçadas de extinção. Recomendo a leitura da íntegra da decisão judicial, sábia e bem fundamentada. Ainda há muita água pra correr neste caso, mas é uma vitória inicial a comemorar.
14
Aug09
The fool on the pier
Esta bela foto (clique pra ampliar) foi feita pelo meu amigo Henio Bezerra na Fazenda Graúna, em Monte Alegre, a meia hora de Natal. Pedi e Henio me contou, passo a passo, como chegou ao resultado. A explicação é uma aula de fotografia e ciências.
Inauguro aqui a série Humanos, sobre pessoas admiráveis – do meu ponto de vista como ditador benevolente deste blog, claro. Assim, de vez em quando dou um refresco a vocês, que podem descansar das minhas divagações umbigais.
~
Henio: – O que você acha que está vendo?Eu: – O universo em movimento.
Henio: – Perfeito.
Para tirar uma foto destas a primeira condição sine qua non é utilizar um tripé, pois o obturador ficará aberto por algumas horas, e a câmera tem que ficar estática, absolutamente imóvel. Na realidade eu fiz uma adaptação para a fotografia digital dessa técnica para filme, que não é nova.
Certa vez eu vi em uma revista de fotografia uma foto semelhante: o céu à noite riscado e o chão iluminado. foram duas exposições do mesmo quadro em horas diferentes: na primeira exposição, durante o dia, o fotógrafo cobriu, olhando através do visor, a lente na parte do quadro que aparecia o céu com um cartão preto, de tal forma que aquela parte da película (o céu) não foi exposta à luz. Após o anoitecer, veio a segunda parte quando ele, sem deixar a película avançar para o próximo quadro, efetuou a segunda exposição sobre o mesmo pedaço de filme. Essa segunda exposição durou horas para poder registrar o movimento das estrelas no céu. E assim você tem a foto. Basicamente é esse o conceito.
No meu caso eu fiz uma adaptação dessa técnica, pois a fotografia digital não permite, diretamente na câmera, registrar uma foto sobre a outra:
(1) Primeiramente posicionei a câmera com tripé e utilizei uma bússola para verificar a direção exata do sul e posicionei essa direção em um dos terços do quadro, ficando o outro terço para o píer. O centro de todos os círculos do movimento das estrelas está na mesma direção do eixo sobre o qual a terra gira. Portanto, você pode escolher tanto a direção norte quanto a sul. Quanto mais próximo do equador você estiver, mais baixo esse círculo vai estar. Essa direção tem uma margem de erro de alguns graus (pode chegar até dezenas de graus, dependendo do local) pois nem sempre o norte magnético é igual ao norte geográfico, mas essa variação é desprezível para o nosso propósito. Tirei a primeira foto ao entardecer, quando a luz está mais suave, registrando o quadro completo, inclusive o céu;
(2) esperei anoitecer e iniciei uma seqüencia de fotos, cada uma com uma duração de 3,5 minutos que foi das 18h20 até às 0h20 – hora em que chegaram algumas nuvens e o céu ficou opaco, então decidi interromper. Além disso, a lua começou a nascer e isso acaba com tudo pois esse tipo de foto requer um céu sem lua para dar um bom contraste entre o céu e as estrelas. Com a fotografia digital, não dá para você efetuar uma exposição única de 6 horas, por duas razões: (a) o digital tem uma sensibilidade à luz muito maior que o filme, quando se trata de exposições longas, e um tempo muito longo vai “inundar” sua câmera com muita luz e depois de algum tempo sua foto vai ficar completamente branca; (b) quanto mais tempo você fica, mais “ruído” (noise) é introduzido na imagem. O ruído é toda informação que não faz parte do conteúdo principal e é criada pela imperfeição do circuito elétrico de um sistema. No caso da fotografia isso ocorre pelo aquecimento do sensor em longas exposições ou pelo uso de alto ISO. A seqüência de fotos foi efetuada com a ajuda de um disparador remoto, onde você pode definir quantas fotos quer tirar, e a duração de cada uma;
(3) Então, ao final da exposição, você fica com centenas de fotos de momentos diferentes do céu e com a parte do chão totalmente escura, pois não há luz alguma por perto exceto as luzes dos carros que passaram pela estrada. Então, utilizando o Photoshop, você superpõe todas essas imagens noturnas com uma opção chamada “lighten” onde ele vai pegar a parte mais iluminada de cada quadro e fundir aos outros quadros, permitindo a visualização contígua do movimento das estrelas no céu, resultando em uma única imagem, mas ainda sem a parte de baixo;
(4) por fim, com a primeira foto que tirada durante o dia e, ainda utilizando o Photoshop “cobri” o céu com preto, escurecendo digitalmente essa parte da fotografia; e
(5) finalmente fundi novamente as duas utilizando novamente a opção “lighten” do photoshop.
O resultado é esse que você viu. Quando explico isso algumas pessoas elas dizem: “Ah! Então é uma montagem o que você fez!”. Pessoalmente, eu não gosto de chamar de montagem. Montagem para mim é quando você forja uma imagem inexistente. Com fotografia digital o conceito de montagem pode parecer tênue. Há coisas que são aceitas e outras não.
Olhando assim para a foto eu me lembro de Galileu Galilei que não precisou dessa tecnologia para perceber que não é o universo que gira em torno da terra.
Um abração