Posts de 2013

08

Dec

13

DVeras Awards 2013: filmes

Em 2013, vi poucos e bons filmes. Ranqueá-los é sempre um desafio. O Grande Gatsby faz justiça ao romance de Fitzgerald – e espero que leve muitos espectadores a ler o livro. Django Livre trouxe Tarantino em boa forma, mesmo que suas reiteradas homenagens e autorreferências tenham me dado a sensação de déjà vu. Gostei de A hora mais escura. Os clichês de uma história que supervaloriza o papel herói (no caso, heroína) não conseguiram estragar as partes boas, como a abordagem das torturas de prisioneiros pela CIA. O voo é bem contado e visualmente bem feito, mas escorrega pra fórmula “julgamento” e “redenção”. Bom, vamos aos finalistas. Eu veria os três novamente com o maior prazer.

3. Gravidade. História tecnicamente bem realizada sobre superação e desapego. E mais, uma aventura envolvente, de tirar o fôlego. De todos os filmes em 3D que vi até hoje, é o que melhor emprega essa tecnologia a serviço da narrativa. Conquistou seu lugar entre os clássicos sci-fi.

2. O som ao redor. Cinema de primeira qualidade, vai representar o Brasil muito bem por onde passar. Os ecos de Casa Grande e Senzala no cenário urbano recifense do século 21 fazem da obra de Kleber Mendonça Filho uma fruição preciosa. Filme fundamental pra quem quer compreender melhor o nosso país.

E o escolhido do ano é…

1. As vantagens de ser invisível. Vi numa tarde qualquer de domingo, sem grandes expectativas. E à medida que a história avançava, fiquei encantado com esse filme, que é muito mais que uma “história de adolescente americano de classe média e seus ritos de passagem para a idade adulta”. Emma Watson está soberba e o restante do elenco não deixa nada a dever. A trilha sonora é uma viagem no tempo e o roteiro foi lapidado com sensibilidade. Mais não digo, pra não estragar o prazer da sua descoberta.

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01

Dec

13

DVeras Awards 2013: livros

Chegou mais um dezembro. O blog mantém a tradição e apresenta a lista de queridinhos do ano em várias categorias. Pra quem toma contato com o DVeras Awards pela primeira vez, segue um resumo dos critérios, pelo que me lembro:

  • O único responsável pelas escolhas sou eu mesmo, ditador benevolente deste blog.
  • Em caso de empate, é utilizado o método científico do arremesso de moeda para o alto.
  • O prêmio aos contemplados é a visibilidade entre meus 17 leitores, todos formadores de opinião.
Vamos à primeira categoria: livros. Em 2013, encarei 22 livros e estou avançando em outros sete – mais que no ano anterior, menos do que eu gostaria. Nesta conta, não incluo dezenas de leituras transversais relacionadas a pesquisas de trabalho. A grande novidade do ano é o suporte tecnológico. Rendi-me ao e-book e tenho convivido com muitos livros no tablet Samsung Galaxy de sete polegadas – um formato confortável pra ler na rede, no ônibus ou numa casinha de sapê. Sem mais delongas, a lista dos contemplados é esta:
3. Vida de escritor (Gay Talese). É uma combinação de autobiografia com algumas histórias levantadas por ele que terminaram não sendo publicadas. Ou por rejeição do editor, ou porque Talese não sabia o caminho a tomar e decidiu abandonar o projeto. Ele tem fascínio por personagens anônimos e pelos que fracassam. Um resumo do posfácio de Mário Sérgio Conti: “Vida de escritor traz precisamente o que o título enuncia: um relato do calvário. … O livro não tem nada de condescendente nem conformista. Os seus assuntos são o trabalho e o fracasso. … Ao mostrar as frustrações do relato de apurar e relatar, Talese desmistifica o jornalismo”.
2. Norwegian Wood (Haruki Murakami). Uma das minhas melhores descobertas de 2013. Murakami consegue fazer uma ponte entre a cultura japonesa e a ocidental em um romance que flui como água, sem truques rebuscados de estilo. Depois do livro, vi o filme (de Tran Anh Hung) e também curti muito. Em seguida devorei a distopia 1Q84, em três volumes, e comecei Minha querida Sputnik. Uma boa síntese da narrativa de Norwegian Wood, na Wikipedia:
“No agitado Japão dos anos 60 o jovem Toru Watanabe mistura uma existência sem perspectivas às primeiras questões filosóficas e afetivas ao se envolver com a namorada de seu melhor amigo recém falecido, [com] uma estudante de ideias libertárias e [com] uma mulher mais velha. Repleto de referências pop com citações aos Beatles, Bill Evans, Miles Davis, literatura norte-americana, cinema e cultura europeia, o romance de Murakami cria um delicado – e por vezes cruel – retrato da geração que passou quebrando tabus nos anos 60 e 70 e viu todo um sonho ruim [sic; ruir, né?] nas décadas seguintes.”
E o vencedor do DVeras Awards 2013 é…
1. O sentido de um fim, de Julian Barnes. Ainda estou sob impacto desse livrinho de 160 páginas, vencedor do Man Booker Prize de 2011. As armadilhas da memória são o pano de fundo do romance. Tony Webster, um pacato sexagenário inglês, recorda os tempos de adolescência e juventude, tentando reconstituir retalhos da passagem pela escola, do relacionamento com os três amigos mais chegados, das suas primeiras experiências com mulheres. Um desencanto afetivo o acompanha e ele tenta compreender o que ocorreu, pra seguir em frente. “O que você acaba lembrando nem sempre é a mesma coisa que viu”, é uma de suas frases, mencionada na resenha da editora Rocco, que o publica no Brasil.
Este é o segundo livro de Barnes que leio – em 2001, li Do outro lado da Mancha, uma deliciosa coletânea de histórias sobre britânicos que foram viver na França. Assim como o texto do japa Murakami, o de Barnes flui sem pirotecnias, conduzindo o leitor como se cada frase fosse ligada à outra por fios invisíveis. Ao longo da leitura de O sentido de um fim, anotei trechos como estes:
“Mas o tempo… como o tempo primeiro nos prende e depois nos confunde. Nós achamos que estávamos sendo maduros quando só estávamos sendo prudentes. Nós imaginamos que estávamos sendo responsáveis, mas estávamos sendo apenas covardes. O que chamamos de realismo era apenas uma forma de evitar as coisas em vez de encará-las. O tempo… nos dá tempo suficiente para que nossas decisões mais fundamentadas pareçam hesitações, nossas certezas, meros caprichos.”
~
“Eu sem dúvida acredito que todos nós sofremos traumas, de um jeito ou de outro. Como não sofreríamos, a não ser num mundo com pais, irmãos, vizinhos e amigos perfeitos? E há também a questão, da qual tanta coisa depende, de como nós reagimos ao trauma: se o admitimos ou reprimimos, e como ele afeta a nossa forma de lidar com os outros. Alguns admitem o trauma e tentam atenuá-lo; alguns passam a vida tentando ajudar outras pessoas que foram traumatizadas; e há aqueles cuja principal preocupação é evitar sofrer mais traumas, a qualquer custo. E estes é que são cruéis, é deles que temos que nos precaver”.
~
“Naquela época, nos imaginávamos presos numa espécie de gaiola, esperando para sermos soltos na vida. E quando esse momento chegasse, as nossas vidas – e o próprio tempo – iriam se acelerar. Como poderíamos saber que nossas vidas já tinham começado, que algum benefício já havia sido obtido, algum dano já havia sido causado? E, também, que seríamos soltos numa gaiola apenas maior, cujas fronteiras a princípio seriam imperceptíveis.”

 

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24

Sep

13

O som ao redor

Vi e gostei demais de “O som ao redor”. Uma crônica urbana sutil sobre o Brasil “Casa Grande e Senzala” do século 21, que se passa num bairro de classe média do Recife. Nasci e passei parte da infância na capital pernambucana, então o filme me despertou vários flashbacks e identificações (mas não é preciso ser nordestino pra ter a mesma impressão, acho). Longe de ser um panfleto, é um retrato do encontro do velho com o novo. Das relações sociais que parecem mudar, mas continuam as mesmas, e das que tinham tudo pra não mudar, mas evoluem. Pra quem ainda não viu, esta observação do José Geraldo Couto pode evitar frustração de expectativas: “Depois de tanto aplauso e elogio, muitos espectadores talvez entrem no cinema esperando ver algo espetaculoso (como foram Cidade de Deus e Tropa de elite, por exemplo). E a qualidade maior de O som ao redor é, justamente, a sutileza, o subtom, a entrelinha”.

 

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06

Aug

13

Elas estão chegando

Quase três meses sem publicar no blog. Então, pros historiadores do futuro, um resumo dos acontecimentos vistos daqui:

Revolta do Vinagre se espalha pelo país e pelo mundo. Não é só pelos vinte centavos. Alguma coisa diferente aconteceu. E todos ainda estão tentando entender o que é.

De baderneiros a heróis nacionais, os manifestantes ganharam cobertura esquizofrênica da grande mídia.

As redes sociais bombaram.

Caco Barcellos foi hostilizado pela multidão ignara.

Brasil ganhou da Espanha na Copa das Confederações, evento em que a polícia militar ensaiou o seu modus operandi para a Copa 2014. A seleção canarinha se apresentou com arte que não se via há tempo. Mas é bom nem elogiar demais.

Neve assim não caía há décadas. Em Santa Catarina, cem cidades. Nevou até no Cambirela, em Palhoça, a 20 km de Florianópolis. Há quem queira rebatizar o município para Barilhoça. E incluir o Abominável Homem das Neves no folclórico Boi-de-Mamão.
A tainha foi fraca.
As baleias estão chegando.
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16

May

13

Carreiras que vão de vento em popa

Ronaldo Custódio, da Eletrosul, é autodidata e referência em energia eólica. Foto de Eduardo Marques/Tempo Editorial/Valor
Ronaldo Custódio, da Eletrosul

Os ventos favoráveis à energia eólica no Brasil estão criando uma forte demanda por executivos e abrindo novas oportunidades. Essa fonte de energia renovável já é a segunda mais competitiva no país, atrás apenas da hidrelétrica. Em 2012, a capacidade instalada nacional alcançou 2,5 gigawatts (GW), um crescimento de 73% em relação a 2011. Hoje existem 115 parques geradores operando e 231 em processo de construção, que, somados, representarão 8,8 GW em 2017. As regiões Nordeste e Sul concentram o maior volume de negócios. Atualmente, a energia eólica representa apenas 2% da nossa matriz elétrica, mas essa participação está crescendo com rapidez e deve chegar a 5,5% em 2017, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Isso fará o Brasil saltar da 16ª para a 7ª ou 8ª posição no ranking internacional, com reflexos positivos no mercado de trabalho para profissionais especializados.

Leia a reportagem que publiquei sobre o assunto no jornal Valor Econômico.

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04

Apr

13

Lago Nahuel Huapi

Lago Nahuel Huapi

Lago Nahuel Huapi. Bariloche, Argentina

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01

Apr

13

Projeto apoia 20 startups catarinenses

João Bernartt, fundador da Chaordic

João Bernartt, da Chaordic: sistema inovador de recomendação de produtos no comércio eletrônico já é adotado pela Saraiva, Walmart e NovaPontocom

Projetos originais de base tecnológica com potencial para gerar bons negócios vão ganhar um “empurrãozinho” em Santa Catarina. O programa de capacitação Startup SC, lançado em janeiro pelo escritório estadual do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o governo do estado, oferece apoio para ampliar as chances de sobrevivência desses empreendimentos. Fez parte da programação o seminário Startup Weekend, realizado no final de março em Florianópolis. Os participantes receberam consultoria sobre a viabilidade de suas ideias e tiveram a oportunidade de apresentá-las a investidores. Mais de 600 empresas já foram criadas em eventos semelhantes em 25 países, informam os organizadores. A iniciativa integra o programa Startup Brasil, que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou no final de 2012.

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem que publiquei sobre o assunto no Valor Econômico de 28 de março.

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28

Mar

13

Um barraco no supermercado

Entrei no supermercado e uma cliente esbravejava na fila. Fiz as compras e, na saída, escolhi a mesma caixa, com quem soube dos detalhes. A cliente tinha vindo com a mãe idosa e ficou indignada porque havia outra mulher na frente delas na fila preferencial. Exigiu prioridade, mas a outra disse que estava grávida.
- Pois prove que você está grávida, prove!
A outra disse que não ia dar a vez e pronto. Aí a incomodada foi reclamar com o gerente, mas ficou tudo por isso mesmo.
Enquanto me contava o ocorrido, a caixa, em período de experiência, ainda tremia um pouco as mãos de nervosa. Outra caixa mais experiente, que ajudava a embalar as compras, tentava acalmá-la.
- Minha filha, você não viu nada ainda. Ontem uma senhora veio reclamar comigo que o atendimento na padaria tinha sido RÁPIDO demais!

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23

Mar

13

Microrredes elevam a qualidade dos serviços

Em um prazo de cinco a dez anos, as microrredes vão se tornar realidade no setor elétrico brasileiro, preveem os especialistas. O salto evolutivo deve resultar em aumento na qualidade dos serviços, redução de custos e estímulo ao uso de fontes renováveis de energia. Consumidores empresariais e residenciais poderão se beneficiar de um modelo mais descentralizado, criando “ilhas” com autonomia energética que renderão créditos sempre que fornecerem excedentes ao sistema. Publiquei uma reportagem no Valor Econômico do dia 21 de março sobre o assunto, com foco nas pesquisas de ponta que estão sendo realizadas em Florianópolis pela Fundação Certi e pela UFSC.

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16

Mar

13

A volta ao mundo em um ano: um balanço

Um ano depois, o ciclo se completa. Primos Ricardo Gomes e Renilza Violante deram uma volta ao mundo. Fui encarregado por eles de manter contato permanente e, se necessário, “buscar os presuntos”. Felizmente não precisei: no final de fevereiro, eles desembarcaram inteiros em Belo Horizonte pra curtir uma feijoada de boas-vindas. Ao longo da jornada fiz três entrevistas com o casal, que vocês podem ler aqui no blog [1, 2, 3]. Agora, eles fazem um balanço geral e dão dicas práticas pra quem pretende fazer a aventura.

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