Posts com a tag ‘blogosfera’

31

Oct

11

Lula e o SUS

Acompanhei de longe a notícia sobre o câncer de Lula e os comentários sugerindo que ele devia se tratar pelo SUS. Nem me deu coceira nos dedos pra comentar, pois outros o fizeram com mais competência. Gravatai Merengue critica a mesquinharia e desmonta o raciocínio tosco que levou à impropriedade da sugestão: quem pensa que ataca o ex-presidente, está é lhe desejando boa sorte, pois os tratamentos oncológicos no sistema público são de alta qualidade – o que não isenta o SUS de ser, em geral, um show de horrores. Hoje esbarrei no Facebook com estas linhas do Gastão Cassel que reproduzo na íntegra, por expressarem o que penso e virem de quem tem excelentes qualificações biográficas pra dar pitaco no assunto. Gosto especialmente da última frase.

Lamentável a campanha “Lula, faça tratamento pelo SUS”. Primeiro, porque pressupõem que o atendimento do SUS é uma condenação à morte. Depois porque soa como se desejasse o mal de um paciente de câncer, e isto não se deseja a ninguém. Quando tratei um linfoma utilizei vários serviços do SUS e sempre fui atendido com presteza, qualidade e muita dignidade. Só quem não tem noção do que é enfrentar o câncer trata o tema com tal leviandade. Desejo sorte a todos que lutam contra o câncer em tratamentos particulares ou no SUS, os pacientes célebres e os anônimos. E para quem ainda não entendeu: a solidariedade faz bem aos pacientes… e aos solidários.

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18

Jun

11

Sittin’ On The Dock Of The Bay

Peguei no blog da Ana Tuyama este vídeo com a linda música de Otis Redding, interpretada por artistas de rua em vários países. Ele faz parte do projeto Playing for Change, que começou há dez anos numa estação de metrô, com dois monges cantando e tocando violão. A ideia é mudar o mundo pra melhor e promover a paz através da música, conta o fundador da PFC, Mark Johnson, nesta entrevista à CNN. Outra canção fantástica gravada pelo projeto é Stand by Me, de Lennon. Alguns músicos estão em ambas. Nesta mais recente, o Brasil é representado por artistas de Salvador e do Rio de Janeiro.

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23

Mar

11

A guerra contra as mulheres

O dia do aniversário de Floripa começou com algumas boas descobertas na web.

La guerra contra las mujeres, documentário do ítalo-argentino Hernán Zin sobre violação sexual nas guerras, teve o primeiro corte concluído este mês. Foi filmado em sete países ao longo de três anos, com mais de 100 entrevistas em uma dúzia de línguas. O autor considera esta a mais complicada das produções audiovisuais e livros que já fez. Tema delicado e doloroso para as vítimas, é um acompanhante quase que indissociável dos conflitos armados desde o início da história humana.

Cheguei a esta notícia por meio do site The BOBs, prêmio da Deutsche Welle para os melhores blogs do mundo. Aliás, o excelente Blog do Sakamoto concorre na categoria Direitos Humanos – entrei lá justamente pra dar meu voto. Se você ainda não teve a chance de conhecer o trabalho e o excelente texto do Leo Sakamoto, coordenador da ong Repórter Brasil (uma parceira que já citei muitas vezes aqui), recomendo.

Depois que votei, dei uma zapeada nas outras categorias e encontrei Viaje a la guerra, que concorre ao prêmio de Melhor Blog. Nele, Hernán Zin narra suas coberturas como repórter, documentarista e escritor por diversos países em conflito (“Afeganistão, Sudão, Uganda, Israel, Palestina, Líbano, Argélia, Ruanda, Congo, África do Sul, Índia, Etiópia, Nicarágua, Quênia, as favelas do Rio de Janeiro…”). Jornalismo de primeiríssima qualidade, do tipo que é difícil de encontrar, pois envolve alto risco pessoal do viajante, somado a talento de repórter e bagagem humanística.

Falar nisso, esbarrei hoje, via blog Substantivo Plural, do amigo Tácito Costa, com um artigo do grande jornalista Robert Fisk que vale a pena ler: No mundo árabe, liberdade é agora uma possibilidade.

E ainda nem são 11 da manhã… Vamos à preparação do almoço.

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07

Aug

10

Perpetuar porra nenhuma

O vizinho-amigo-colegafrila Mauricio Oliveira traz em seu blog uma boa entrevista com o Morongo, criador da Mormaii – empresa que faz roupas pra surfistas na linda Garopaba (SC). Já tive oportunidade de entrevistá-lo, faz tempo, e tive ótima impressão do cara. Gostei bastante deste trecho, que é revelador sobre o espírito com que ele toca o negócio e a vida:

Quais as preocupações que você tem tido para perpetuar essa marca, fazer com que a empresa sobreviva às próximas gerações…
Olha, isso não me preocupa muito. Porque meu filho, que é budista, já me falou da lei da impermanência. Nada é eterno. Nem nosso planeta é eterno, nem o sol, nem nada. Então não tem essa noia de perpetuar. Tem só a obrigação de fazer bem feito enquanto for. Só isso. Essa noia de perpetuar é um dos grandes erros que nós, humanos, cometemos.

Você não está preocupado em criar conselho profissional de administração, trazer executivo profissional, essas coisas?
Porra nenhuma. Profissional é a nossa atitude, como um todo. Somos extremamente profissionais. Mas, acima de tudo, estou preocupado com a qualidade de vida, minha e de quem trabalha aqui.

A íntegra das dez perguntas para Morongo está no Vida de Frila.

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05

Jul

10

Stuff No One Told Me

Uma amostra do belo trabalho do ilustrador Alex Noriega, de Barcelona. Ele publica no blog Stuff No One Told Me (but I learned anyway).

[via twitter da @neiducca, que leu no blog Muito Legal]

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18

Jun

10

Bloguinho da Mostra

Essas meninas lindas que vi engatinhando agora já estão blogando: Dora, Maria Rosa e Isabela, filhas das amigas Gilka, Vanessa e Christiane, formaram um time de superpoderosas no Bloguinho da Mostra. Elas vão comentar os filmes e outras atividades da 9a. Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, que começa neste sábado 19 e vai até 4 de julho. Dora tem dez anos e Maria e Isabela têm oito. Quem também vai dar uns pitacos no bloguinho é a Amanda, filha da amiga Adriane Canan. A Amandinha foi a blogueira da Mostra em 2009.

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10

Jun

10

Contra o cassetete, a pena afiada

Reproduzo na íntegra, pela relevância e urgência, este texto que o Cesar Valente publicou hoje em seu blog, De Olho na Capital, dirigido a Leonel Pavan, governador de Santa Catarina. Trata de graves e reiteradas violações ao estado de direito que vêm sendo cometidas pela Polícia Militar catarinense. Por favor, caso queiram comentar, deixem lá também um recado pro tio Cesar.

Cartinha confidencial para o governador

Prezado governador: como estou sem seu endereço de correspondência (anotei em algum lugar, mas não encontro), tomo a liberdade de enviar, aqui pelo blog, esta cartinha confidencial. Tenho certeza que os demais leitores, muito bem educados, nem tentarão ler porque, como anunciei desde o título, trata-se de mensagem particular, de circulação restrita e destinada apenas aos olhos de V. Excia.

O bonde da História, como certamente V. Excia. não ignora, nada tem a ver com o veículo leve sobre trilhos (ou metrô de superfície) com o qual seu antecessor sonhava. Esse bonde, que todo estadista e todo político de boa índole deveria morrer de medo de perder, transporta, metaforicamente, a humanidade de um degrau a outro ou de um período a outro da… História. Quando ocorre um avanço, diz-se que partiu o bonde da História. E perde o bonde aquele que continua no patamar anterior, que ficou pra trás, que não entendeu a mudança ou que nem percebeu que tudo, a seu redor, evoluía.

Vivemos hoje, em Santa Catarina, finalmente, um desses momentos em que a cidadania começa a preparar um avanço significativo. Portanto. este bilhete secreto que lhe envio, senhor governador, tem o intuito de avisá-lo, caso algum dos seus assessores ainda não o tenha feito, que o bonde da História já está no ponto e o motorneiro toca a sineta, avisando que, dentro de pouco tempo, partirá. Fique atento para não perdê-lo. A própria História registra o que tem acontecido a homens públicos que, distraídos, desatentos ou envoltos demasiadamente em sua própria soberba, perderam o bonde.

E que tipo de coisa estaria para acontecer que levaria o bonde da História a se movimentar? A compreensão, por um amplo espectro da sociedade organizada e mesmo desorganizada, de que está ocorrendo uma grave ruptura institucional, que ameaça a todos, de todos os partidos, de todas as crenças e de todas as classes sociais. E que é preciso recolocar as coisas nos eixos, para o bem de todos e felicidade geral do estado de Santa Catarina.

Sei que V. Excia é homem prático, de vida agitada e espírito dinâmico, por isso traduzirei o hermético parágrafo anterior de forma a que as coisas fiquem mais claras.

Está prevista na Constituição e em vários regulamentos, a ação policial. Assim como está prevista na Constituição a liberdade de reunião, de expressão, etc. Confrontos entre manifestantes e polícia ocorrem em todos os países, dos mais democráticos aos mais autoritários. Mas tem-se notado, e não é de hoje, nem de ontem, que ações policiais em princípio regulares, previstas e, em alguns casos, desejadas, vêm sendo marcadas por excessos que, pela repetição e sistemática semelhança, não podem mais ser atribuídas a um ou outro desvio funcional. A manifestação pública de oficiais, em claro desafio às normas constitucionais e a conivência do senhor (e de seus antecessores) que são, afinal, os comandantes da força policial estadual, está dando a entender que há grupos armados e uniformizados que estão fora do controle institucional e prontos para rasgar a constituição, se para isso forem instados por seus superiores.

No tempo da ditadura, vimos o deputado Francisco Kuster dando de dedo na cara do comandante da Polícia Militar de então, travando uma áspera discussão em torno dos episódios depois conhecidos como “novembrada”. E o deputado não foi espancado. Respeitou-se, naquele momento, o caráter institucional de um sujeito eleito pelo povo. Agora, em que pese toda a legislação democrática que nos governa, certos grupos de repressão policial não têm o menor pudor em agredir parlamentares. Com precisão cirúrgica. De tal forma que não se possa dizer que tenha sido “acidente”.

Defende-se, a força policial, com armas que causam graves ferimentos físicos, de palavras de ordem. Nem se trata da pena contra a espada. É o verbo contra a força bruta. Por menos que se goste dos jovens manifestantes do passe livre e que tenhamos restrições à sua forma de luta, é evidentemente um exagero combater gritos e palavras com cassetete, choques elétricos e balas de borracha que, a menos de 500m, causam dano semelhante às balas de metal. E zombam, os oficiais de poucas luzes, da orgulhosa tradição democrática brasileira, segundo a qual os campi são territórios autônomos, destinados à incubação de idéias e projetos, de formação e ilustração. Permitir que a polícia estadual faça incursões diárias ao campus da principal universidade federal para perseguir e punir jovens acusados de terem opinião contrária à do prefeito ou do governador, é reinstalar a polícia política que muitos de nós julgávamos extinta.

O bonde da História, portanto, senhor governador, começa a receber passageiros. Uns detestam os jovens manifestantes da tarifa, não gostam do MST, mas percebem que se esses oficiais e seus grupos de repressão não tiverem limites, nada impedirá que, mais dia, menos dia, comecem a também a ameaçá-los. Por qualquer motivo. Ou até por nenhum motivo, apenas para mostrar quem, de fato, manda no estado. Também já estão embarcando todos os que, em algum momento, ao longo dos últimos anos, foram agredidos, ameaçados ou intimidados pela polícia que deveria ser um sinal de segurança e tranquilidade para os cidadãos cumpridores das leis. E a discussão que começou a se alastrar e que terá novos e importantes passos nos próximos dias, incluirá muito mais gente. Servidores públicos, agentes políticos, líderes sindicais das mais diversas centrais, identificados com todo tipo de ideologia, policiais militares e civis (sim, sim) que vêem por dentro como está se dando esse perigoso rompimento institucional, enfim, todos os que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir marcharão lado a lado para assegurar que se restaure o império da lei.

Seria muito saudável se o governador levasse a sério este bilhete que de engraçadinho não tem nada e procurasse se informar. Reúna, senhor governador, em um conclave discreto, o Procurador Geral de Justiça, que é tido por todos como homem sensato e correto, o presidente da OAB, reitores das universidades, e quem mais achar que seja importante ouvir. Ouça com atenção e com o espírito desarmado, para perceber que, de fato, mesmo de fontes tão descomprometidas com os protestos, emanam preocupações sérias e pertinentes. E alguma ação será necessária.

Não se trata, é claro, de reprimir a polícia e liberar a baderna, como gostam de sonhar os que fazem a apologia da violência. Trata-se, apenas de por ordem na casa. E fazer com que até mesmo os oficiais de poucas luzes percebam que ninguém está acima da lei. E que a manutenção da ordem não precisa significar a criação de um terrorismo de Estado.

É isso, então. O bonde da História vai partir. O senhor ainda tem tempo de embarcar.

Grato e ao dispor para esclarecimentos adicionais,

Cesar Valente
contribuinte/eleitor

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25

Apr

10

The Monkees

Na série Sobe BG, que o Alexandre Gonçalves está publicando no blog Coluna Extra pra homenagear trilhas de filmes e programas de TV, ele trouxe ontem The Monkees, banda de quatro cabeludos que fazia paródias dos Beatles em um programa da NBC. Os Monkees fazem parte da trilha televisiva da minha infância. Catei no youtube esta música, I’m a Believer – os meninos me lembram aqui que é trilha do Shrek.

Minha favorita deles é Daydream Believer:

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18

Feb

10

O porco em Nota de Rodapé

Dei entrevista sobre Espírito de Porco ao jornalista Thiago Domenici, que coordena o blog coletivo Nota de Rodapé. No início de março o doc vai ser exibido em um festival de cinema em Santiago de Cuba. E pra quem ainda não teve a oportunidade de assistir na telona, estamos combinando novas exibições em março e abril em Floripa. Depois dou os detalhes.

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07

Nov

09

"Sequestro estilo Camorra"


Vídeo da manifestação à qual Yoani Sanchez foi impedida de participar.

A filóloga e blogueira cubana Yoani Sanchez foi sequestrada e espancada ao se dirigir para uma marcha contra a violência. Ato infame da polícia política de um regime que está caindo de podre. Recomendo ler a íntegra do texto de Yoani. O início:

Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro -de fabricación china- a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.

Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento. (…)

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