26
Apr12
A psicologia ambiental e o porco
Hoje de manhã o Chico Faganello e eu participamos de um debate sobre nosso doc Espírito de Porco com os estudantes de Psicologia do Cesusc, mediado pelas professoras Gilvana da Silva Machado e Marcela Gomes de Toledo. Riquíssima troca de ideias sobre comportamento, relações de consumo, alimentação, impactos ambientais, conformismo e subversão, entre outros assuntos. É muito bom saber que o filme desperta tantas inquietações, associações de ideias e descobertas – inclusive da nossa parte. Agradeço o convite dos organizadores, profs. Luciana Schmidt e Gabriel Henrique Collaço. Uma das debatedoras foi a “vegan” Alana Domit Bittar, irmã da Cíntia Domit Bittar, que editou o porco de maneira tão talentosa e inspirada. Valeu!
17
Aug11
Curso: Atenção, Aprendizagem e Memória
Recebi da Ligia e compartilho.
Divulgo o curso “Atenção, Aprendizagem e Memória – Entendendo e treinando a mente para uma vida mais saudável”, que ministrarei a partir de 14/09.Serão 8 encontros, 1 x/semana, a partir das 18:30 h, com total de 20 horas de curso.Serão fornecidos certificados aos participantes.Grupos reduzidos, máximo 12 pessoas por grupo.Início em 14/09. Inscrições até 10/09.
Pagamento facilitado e preços reduzidos para inscrições conjuntas ou grupos fechados.
Os tópicos do curso encontram-se no flyer abaixo.
Outras informações por este e-mail ou pelo telefone indicado abaixo.Um grande abraço e muito obrigada
Ligia
Dra. Ligia Moreiras Sena(48) 9165-9797Skype: ligia.m.senaTwitter: @ligia_sena
23
May10
Pedagogia do parangolé
Dias 7 e 8 de junho, na PUC de São Paulo, o amigo Marco Silva, doutor em Educação pela UERJ, vai lançar três livros sobre Educação a Distância. O Sala de Aula Interativa completa dez anos na quinta edição, atualizada com posfácio e editada agora pela Loyola. Os outros dois são Educação Online e Ensino-aprendizagem e comunicação. Neste último, ele participa com um artigo sobre infoexclusão do professor e da educação.
Conheci o Marco quando morei no Rio de Janeiro entre 2000 e 2001. Como roteirista, ajudei-o a criar um curso a distância para a Universidade Anhembi-Morumbi, a partir do texto-base do Sala de Aula Interativa. Lembro dos ótimos debates que tivemos sobre o tema, a linguagem e os recursos para estimular os estudantes a distância. Marco é aquele tipo raro de pessoa com quem você tem prazer em trocar ideias. Mesmo quando há divergências, a gente tem ampla liberdade pra argumentar, examinar a situação por ângulos diversos, expor-se à possibilidade de convencer e ser convencido ou, quem sabe, encontrar caminhos que nem estavam na pauta. Um tiquinho teimoso, como eu também, mas aberto a reconhecer erros e considerar sugestões. Perfil maravilhoso para um companheiro de trabalho em EaD, uma atividade instrinsecamente coletiva, em que a capacidade de co-criar é fundamental.
Foi o início de boa parceria que prosseguiu por alguns anos e se transformou em amizade (tive a honra de acompanhar seu namoro com a baianíssima Méa, também pesquisadora de EaD, evoluir pra união que resultou numa filha linda). Voltamos a trabalhar juntos na adaptação desse primeiro livro para outro contexto. E em duas ocasiões, a convite dele, dividimos uma disciplina num curso de pós-graduação em design instrucional, no Senai de Lauro de Freitas, cidade vizinha a Salvador.
Marco aborda com conhecimento de causa e desenvoltura diversos temas ligados à teoria e prática da educação a distância. Sua obra é libertária (o que me encantou de cara), ao advogar o envolvimento de professores e estudantes em uma educação verdadeiramente interativa e dialógica, que rompa com a prática da transmissão. Tudo a ver com Paulo Freire, claro.
Um dos grandes inspiradores de Marco é o artista plástico Hélio Oiticica, em especial o parangolé (não confundir com a banda de axé da Bahia), obra subversiva em forma de capa, que só revela suas cores, dobras e texturas na plenitude quando alguém a veste e se move – de preferência, dançando. Metáfora perfeita pra um modo de educar que preconiza o incentivo à autoria e a apropriação da tecnologia pelos estudantes.
A chave da questão não está nos gadgets e widgets que sempre tem alguém tentando nos empurrar, mas nas pessoas. E na maneira como é possível usar essas ferramentas a nosso favor. Recomendo a “pedagogia do parangolé” a todos os professores, formais ou não – tanto os que ainda se sentem intimidados ou de “pé atrás” diante das novas tecnologias de comunicação, quanto os que já captaram suas ricas possibilidades e desejam ir além.
17
May10
“Não quero tutor”
Esta mensagem que Eric Calderoni publicou na ead-l, a lista de e-mail sobre educação a distância da Unicamp, bota lenha na fogueira de um assunto polêmico: a qualidade da tutoria dos cursos, um dos pontos mais vulneráveis da modalidade de ensino a distância. Tutores (ou monitores, ou assistentes de conteúdo em algumas instituições) em geral são mal remunerados, treinados de maneira superficial, têm pouco conhecimento sobre os temas abordados nos cursos e atendem um número excessivo de estudantes. Faz sentido a proposta de Eric, mas soa quase utópica neste país em que a profissão de professor é tão pouco valorizada. Em um modelo utilitarista de EaD, que trabalha em escala visando redução máxima de custos por aluno, a figura do tutor equivale à de “office-boy” no processo de ensino e aprendizagem. Isso não vai mudar simplesmente com a criação de um novo cargo no plano de carreira das universidades. Depende de uma mudança cultural mais radical.
Não quero lutar pelas condições de trabalho do tutor. Não tem que ter tutor. Não quero tutor. Quero eliminar a figura nefasta do tutor.
É um absurdo a pessoa aprender com um mediador. Não tem que ter mediador. É uma depravação, uma desqualificação do curso o aluno ser atendido por alguém que não é professor, ter um intermediário para falar com o professor.
Tutor não! é precarização do trabalho e desqualificação dos cursos. É o fim-da-picada.
Aluno tem que ser atendido por professor, por alguém que entende profundamente da matéria.
A Universidade não deve criar cargo de tutor, mas sim delegar a função a professor de carreira (professor assistente ou equivalente).
12
Dec09
Viagens no tempo: o curso de Jornalismo da UFSC
O Alexandre Gonçalves trouxe do fundo do baú dois vídeos que marcam os 30 anos do curso de Jornalismo da UFSC. Muito bom rever aqueles momentos, muito bom mesmo! Foram anos intensos e tenho certeza que as pessoas que compartilharam essa experiência comigo também vão sentir umas pontadas de saudade. O primeiro vídeo foi produzido pelos alunos Júlio Ettore Suriano e Laís Mezzari pra marcar os 30 anos de fundação do curso, comemorados em 2009. O outro, que copio abaixo, é de autoria dos então estudantes Felipe Seffrin e Dirceu Neto e foi exibido na abertura da 5a. Semana do Jornalismo, em julho de 2006. Agradeço a eles pela oportunidade de fazer esse mergulho na memória afetiva.
Era um tempo de privações quanto a equipamentos e espaço, mas a gente conseguia driblar a escassez e se divertia muito. Nesses corredores e salas se deu uma parte importante da formação de toda uma geração de jornalistas: debates intensos, festas loucas, experimentações de linguagem, protestos bem-humorados, risadas de corredor, descobertas de livros, filmes, sons, imagens, histórias… Contestador por natureza, o curso de Jornalismo exalava um permanente clima de paixão, que favorecia a criatividade e às vezes descambava pra brigas. Mas o que gosto de lembrar é dos momentos de alto astral coletivo, da sensação de pertencermos todos ao mesmo barco, mesmo que às vezes polarizados entre “comunicação” e “jornalismo” (um debate meio perdido no contexto de hoje, me parece). Frequentei formalmente o curso de 1986 a 1991 – e depois informalmente até 96, acompanhando a galera da Laura. Lá fiz amizades eternas com colegas e professores. Essa é a herança mais preciosa daqueles anos.
p.s.: Não faço ideia de como é o atual clima do curso, nem sou chegado a saudosismos do tipo “no meu tempo era melhor”. Cada grupo faz o seu tempo do seu jeito. Mas acho legal que o pessoal que está no Jornalismo da UFSC agora conheça um pouco dessa história, pra valorizar o presente que tem nas mãos.
Jornalismo UFSC – Viagem no Tempo from DEJOR UFSC on Vimeo.
27
Nov09
EaD e discriminação
Recebi do Rubinho Chaves Vargas, assessor de imprensa da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, uma notícia que dá no que pensar: foi aprovado um projeto de lei [pdf] do deputado-professor Sérgio Grando (PPS) punindo a discriminação contra pessoas formadas por meio de ensino a distância. Incrível que, em plena “sociedade da informação”, ainda seja preciso estabelecer em lei que ninguém pode ser excluído por causa da maneira como aprende. “Na real é uma posição de protesto de SC contra uma onda nacional de discriminação”, comenta o amigo João Vianney, que atua na área há bastante tempo.
Quem já fez cursos a distância de qualidade sabe que é uma grande bobagem achar que essa modalidade de ensino é menos efetiva que a presencial. Banda larga, por si só, não transforma jumento em dotô, mas potencializa coisas incríveis se usada com inteligência e criatividade. A tal “inclusão digital” (quando escuto o termo, me encosto na parede) precisa chegar também às cabeças que tomam as grandes decisões que influenciam a todos. Não com uma abordagem utilitarista rasa, mas com insights que as ajudem a descobrir os saltos evolutivos que podem dar ao se abrir pro mundo.
22
Nov09
O dia-a-dia da educação miguelesca
Surpresa boa: ontem fui explicar pro Miguel (sete anos) o que era um gráfico e ele já sabia. Pegou um papel, traçou linhas e colunas e desenhou pra mim o da produção semanal de lixo reciclável na escola. Palmas pra professora Sara e pra Escola Engenho.
28
Oct09
Marshmallows e sucesso: um experimento
Um experimento realizado por psicólogos da Universidade de Stanford com crianças indica que aquelas que conseguem adiar a gratificação imediata tendem a ser mais bem sucedidas no futuro. A criança era colocada na sala diante de um marshmallow. O adulto lhe dizia que iria sair da sala por 15 minutos e que, ao retornar, se o marshmallow ainda estivesse ali, ela ganharia mais um. Dois terços das crianças não resistiram à tentação e comeram a guloseima. Este artigo em The New Yorker traz mais informações.
[via Eirik Eng]
15
Sep09
O que é Creative Commons
Creative Commons em linguagem acessível. Muito bom esse desenho animado.
[dica da @denisecardeal]
14
Aug09
The fool on the pier
Esta bela foto (clique pra ampliar) foi feita pelo meu amigo Henio Bezerra na Fazenda Graúna, em Monte Alegre, a meia hora de Natal. Pedi e Henio me contou, passo a passo, como chegou ao resultado. A explicação é uma aula de fotografia e ciências.
Inauguro aqui a série Humanos, sobre pessoas admiráveis – do meu ponto de vista como ditador benevolente deste blog, claro. Assim, de vez em quando dou um refresco a vocês, que podem descansar das minhas divagações umbigais.
~
Henio: – O que você acha que está vendo?Eu: – O universo em movimento.
Henio: – Perfeito.
Para tirar uma foto destas a primeira condição sine qua non é utilizar um tripé, pois o obturador ficará aberto por algumas horas, e a câmera tem que ficar estática, absolutamente imóvel. Na realidade eu fiz uma adaptação para a fotografia digital dessa técnica para filme, que não é nova.
Certa vez eu vi em uma revista de fotografia uma foto semelhante: o céu à noite riscado e o chão iluminado. foram duas exposições do mesmo quadro em horas diferentes: na primeira exposição, durante o dia, o fotógrafo cobriu, olhando através do visor, a lente na parte do quadro que aparecia o céu com um cartão preto, de tal forma que aquela parte da película (o céu) não foi exposta à luz. Após o anoitecer, veio a segunda parte quando ele, sem deixar a película avançar para o próximo quadro, efetuou a segunda exposição sobre o mesmo pedaço de filme. Essa segunda exposição durou horas para poder registrar o movimento das estrelas no céu. E assim você tem a foto. Basicamente é esse o conceito.
No meu caso eu fiz uma adaptação dessa técnica, pois a fotografia digital não permite, diretamente na câmera, registrar uma foto sobre a outra:
(1) Primeiramente posicionei a câmera com tripé e utilizei uma bússola para verificar a direção exata do sul e posicionei essa direção em um dos terços do quadro, ficando o outro terço para o píer. O centro de todos os círculos do movimento das estrelas está na mesma direção do eixo sobre o qual a terra gira. Portanto, você pode escolher tanto a direção norte quanto a sul. Quanto mais próximo do equador você estiver, mais baixo esse círculo vai estar. Essa direção tem uma margem de erro de alguns graus (pode chegar até dezenas de graus, dependendo do local) pois nem sempre o norte magnético é igual ao norte geográfico, mas essa variação é desprezível para o nosso propósito. Tirei a primeira foto ao entardecer, quando a luz está mais suave, registrando o quadro completo, inclusive o céu;
(2) esperei anoitecer e iniciei uma seqüencia de fotos, cada uma com uma duração de 3,5 minutos que foi das 18h20 até às 0h20 – hora em que chegaram algumas nuvens e o céu ficou opaco, então decidi interromper. Além disso, a lua começou a nascer e isso acaba com tudo pois esse tipo de foto requer um céu sem lua para dar um bom contraste entre o céu e as estrelas. Com a fotografia digital, não dá para você efetuar uma exposição única de 6 horas, por duas razões: (a) o digital tem uma sensibilidade à luz muito maior que o filme, quando se trata de exposições longas, e um tempo muito longo vai “inundar” sua câmera com muita luz e depois de algum tempo sua foto vai ficar completamente branca; (b) quanto mais tempo você fica, mais “ruído” (noise) é introduzido na imagem. O ruído é toda informação que não faz parte do conteúdo principal e é criada pela imperfeição do circuito elétrico de um sistema. No caso da fotografia isso ocorre pelo aquecimento do sensor em longas exposições ou pelo uso de alto ISO. A seqüência de fotos foi efetuada com a ajuda de um disparador remoto, onde você pode definir quantas fotos quer tirar, e a duração de cada uma;
(3) Então, ao final da exposição, você fica com centenas de fotos de momentos diferentes do céu e com a parte do chão totalmente escura, pois não há luz alguma por perto exceto as luzes dos carros que passaram pela estrada. Então, utilizando o Photoshop, você superpõe todas essas imagens noturnas com uma opção chamada “lighten” onde ele vai pegar a parte mais iluminada de cada quadro e fundir aos outros quadros, permitindo a visualização contígua do movimento das estrelas no céu, resultando em uma única imagem, mas ainda sem a parte de baixo;
(4) por fim, com a primeira foto que tirada durante o dia e, ainda utilizando o Photoshop “cobri” o céu com preto, escurecendo digitalmente essa parte da fotografia; e
(5) finalmente fundi novamente as duas utilizando novamente a opção “lighten” do photoshop.
O resultado é esse que você viu. Quando explico isso algumas pessoas elas dizem: “Ah! Então é uma montagem o que você fez!”. Pessoalmente, eu não gosto de chamar de montagem. Montagem para mim é quando você forja uma imagem inexistente. Com fotografia digital o conceito de montagem pode parecer tênue. Há coisas que são aceitas e outras não.
Olhando assim para a foto eu me lembro de Galileu Galilei que não precisou dessa tecnologia para perceber que não é o universo que gira em torno da terra.
Um abração