26
Apr17
No bar Savoy
Meu pai costumava citar o refrão desse poema do pernambucano Pena Filho.
CHOPP
Carlos Pena Filho (1929-1960)
Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
22
Feb17
14
Apr16
Paz para los crepúsculos que vienen
13
Mar12
Sete dias entre a vida e a morte
“… todos te buscam, facho de vida, escuro e claro, todos te buscam e só alguns te acham. Alguns te acham e te perdem. Outros te acham e não te reconhecem e há os que se perdem por te achar…”
Poema de Ferreira Gullar, citado nesta magnífica crônica de Fernando Evangelista no Nota de Rodapé.
16
Sep11
Sexta de poesia
Delmar Gularte em tarde inspirada. Eu li como um rap, mas também pode dar samba…
Tem muita coisa fora do lugar/Muita gente no lugar errado/Já confundo bandido com soldado/Onde é que meu bueiro vai parar/Desgoverva o descarilado/Pega fogo o Corpo de Bombeiros/Roubaram até o delegado/Meteram a mão no meu dinheiro/Tomo dura da mílicia/Dou a cara a tabefe/Ligo pra polícia/Cai na CBF/Agora vem a FIFA/Aguenta o tranco/Sobra colarinho branco/Na tulipa/Sei lá o que vai acontecer/Não quero te ver baleado/Só não me perca o rebolado/Nem vem de cara me dizer:/Tá é com Desculpa Pra Beber/
21
Jul11
O poligrota
Recebi do Celso Vicenzi e passo adiante.
O POLIGROTA
É verdade matemática que ninguém pódi negá,
que essa história de gramática só serve pra atrapaiá.
Inda vem língua estrangêra ajudá a compricá.
Mió nóis cabá cum isso pra todos podê falá.Na Ingraterra ouví dizê que um pé de sapato é xu.
Desde logo já se vê, dois pé deve sê xuxu.
Xuxu pra nóis é um legume que cresce sorto no mato.
Os ingrêis lá que se arrume, mas nóis num come sapato.Na Itália dizem até, eu não sei por que razão,
que como mantêga é burro, se passa burro no pão.
Desse jeito pra mim chega, sarve a vida no sertão,
onde mantêga é mantêga, burro é burro e pão é pão.Na Argentina, veja ocêis, um saco é um paletó.
Se o gringo toma chuva tem que pô o saco no sór.
E se acaso o dito encóie, a muié diz o pió:
”Teu saco ficô piqueno, vê se arranja ôtro maió!’Na América corpo é bódi. Veja que bódi vai dá.
Conheci uma americana doida pro bódi emprestá.
Fiquei meio atrapaiado e disse pra me escapá:
ói, moça, eu não sou cabra, chega seu bódi pra lá!Na Alemanha tudo é bundes. Bundesliga, bundesbão.
Muita bundes só confunde, disnorteia o coração.
Alemão qué inventá o que Deus criou primêro.
É pecado espaiá o que tem lugar certêro.No Chile cueca é dança de balançá e rodá.
Lá se dança e baila cueca inté a noite acabá.
Mas se um dia um chileno vié pro Brasir dançá,
que tente mostrá a cueca pra vê onde vai pará.Uma gravata isquisita um certo francês me deu.
Perguntei, onde se bota? E o danado respondeu.
Eu sou home confirmado, acho que num entendeu,
Seu francês mar educado, bota a gravata no seu!Pra terminar eu confirmo, tem que se tê posição.
Ô nóis fala a nossa língua, ô num fala nada não.
O que num pode é um povo fazê papér de idiota,
dizendo tudo que é novo só pra falá poligrota.(Autor desconhecido)
14
Jul11
O poeta do dia: Chacal
Sócio do ócio
doce ociosidade
sacia minha sede de ser assim
largado no mundo caído na vida
terra mãe luz da manhã
doce sociedade ociosa sempre no cio
já aboliram a escravatura
pendure sua rede mate sua sede
de se espreguiçar
de volta ao princípio
onde o que come é comido
cru ou cozido
vou te devorar
viva nossa carne mortal
de partículas imortais
para pulsar
filhos do sol
até que se cumpra
nosso destino cósmico
sou sócio do ócio
eu sou
Chacal
29
Jun11
O peixe
Tendo por berço
o lago cristalino,
folga o peixe
a nadar todo inocente.
Medo ou receio
do porvir não sente,
pois vive incauto
do fatal destino.Se na ponta de
um fio longo e fino
a isca avista,
ferra-a inconsciente,
ficando o pobre
peixe de repente,
preso ao anzol
do pescador ladino.O camponês também
do nosso Estado,
ante a campanha eleitoral:
Coitado.
Daquele peixe tem
a mesma sorte.Antes do pleito:
festa, riso e gosto.
Depois do pleito:
imposto e mais imposto…
Pobre matuto do
Sertão do Norte.- Patativa do Assaré
25
Jun11
Quando se vê, já são seis horas…
Um poema de Quintana, publicado no Diário Catarinense em crônica de Mário Pereira – tive o prazer de conhecê-lo há poucas semanas – e enviado pelo Fernando Evangelista.
“A vida são uns deveres que trouxemos para fazer em casa./ Quando se vê, já são seis horas…/ Quando se vê, já é sexta-feira…/ Quando se vê, já é Natal…/ Quando se vê, já terminou o ano…/ Quando se vê, não sabemos mais por onde andam nossos amigos…/ Quando se vê, perdemos o amor de nossa vida…/ Quando se vê, passaram-se cinquenta anos./ Agora é tarde demais para ser reprovado./ Se me fosse dada, um dia, uma oportunidade, eu nem olhava o relógio./ Seguiria sempre em frente, e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas./ Seguraria todos os meus amigos, que já não sei onde estão, e diria;/ Vocês são extremamente importantes para mim.”
Mário Quintana
09
Aug10
Isto
Celso Vicenzi compartilha por e-mail e passo adiante.
Pra começar bem a semana, Fernando Pessoa, Isto.
Tudo o que sonho ou passo,O que me falta ou finda,É como que um terraçoSobre outra coisa ainda.Essa coisa é que é linda.