23
Dec11
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Dec11
06
Dec11
Reflexão sobre ritmo e olhar
“Sempre houve mais no mundo do que o que os homens conseguiam ver, por mais devagar que andassem. E não enxergarão nem um pouco melhor a alta velocidade. …a um homem, se ele for um homem de verdade, não prejudica em nada ir devagar, pois sua glória não está de modo algum em ir, mas em ser”.
John Ruskin, desenhista inglês no século 19, citado por Alain de Botton em A Arte de Viajar.
03
Dec11
03
Dec11
Funk do iate
A meninada aqui em casa curtiu muito esse comercial com Marcelo Adnet. E tá bem feito, né?
01
Dec11
DVeras Awards: livros marcantes em 2011
Este ano, por vários motivos nada edificantes, li pouco e de maneira dispersa. Mas a paixão permaneceu acesa e tive a sorte de degustar algumas obras de primeira. As mais marcantes:
5. A trégua (Primo Levi). Reminiscências da libertação do autor do campo de Auschwitz e do período que passou perambulando pelas estradas e acampamentos da Polônia e Rússia, até ser repatriado para a Itália. Um autêntico romance on the road, forte e belo.
4. O orientalista (Tom Reiss). Biografia de Lev Nussimbaum, um genial e obscuro escritor judeu que se passou por príncipe muçulmano durante o nazismo. O autor passou anos debruçado em romances, cartas e testemunhos para reconstituir a história desse sujeito extraordinário que reinventou a própria vida.
3. Mãos de cavalo (Daniel Galera). Romance bem construído com base na infância e adolescência do autor num bairro da periferia de Porto Alegre. A prosa flui solta, coloquial, os personagens são densos. Já tinha lido uns contos dele e tive ótima impressão deste livro. Galera sabe o que faz.
2. Quase Tudo (Danuza Leão). Eu gostaria imensamente de tomar champanhe com Danuza e ouvir de sua boca histórias saborosas e tocantes como as que encontrei nessas páginas. A cena final, vivida em Paris, é belíssima.
E o livro que ganha o DVeras Awards 2011 é…
O caderno vermelho: histórias reais (Paul Auster). Sou fã de Auster há tempo. Fiquei fascinado por este livrinho de histórias curtas em que ele descreve, sem pirotecnias linguísticas ou frescuras de estilo, alguns fatos bizarros e curiosos que viveu, presenciou ou ouviu dos amigos e família. Um mergulho despretensioso, conciso e bem humorado no mistério do cotidiano, dos encontros e desencontros de amantes, das coincidências, das escapadas da tragédia por um triz. Esse livro lembra um pouco um outro, de mais fôlego, que ele organizou com histórias de ouvintes do seu programa de rádio, e que também recomendo: Achei que meu pai fosse Deus.
01
Dec11
Gay Talese fala ao Trindade Times
Trecho da entrevista concedida em 18 de outubro ao jornal-mural Trindade Times, atividade final da disciplina Edição do curso de Jornalismo da UFSC, por Marília Marasciulo, publicada no site Cotidiano:
TT: O que o senhor recomendaria a um estudante de Jornalismo?
GT: Ceticismo. Não acredite em nada a menos que você mesmo possa provar. Não acredite em fontes secundárias. Não acredite em ninguém, até que você vá até lá, observe e tenha certeza de que está certo. Faça você mesmo, não delegue. Se levar um pouco mais de tempo, e daí? Você não tem que fazer em quatro minutos, faça em cinco horas, mas faça direito. Leve o tempo que precisar, porque o quê você escreve hoje significa algo sobre amanhã. Eles [jornalistas] pensam que escrevem hoje, e que amanhã tem outra coisa, e depois de amanhã outra, mas eles têm que saber que devem demorar mais. Faça um trabalho melhor. Faça um trabalho melhor porque as pessoas precisam saber a verdade, e elas não têm recebido muita verdade ultimamente. Elas recebem muita especulação, e muita informação que vem de fontes pouco confiáveis.
30
Nov11
DVeras Awards: livros não terminados em 2011
Dezembro começa amanhã e, com ele, o curioso fenômeno da compressão do tempo, em que as pessoas tentam se livrar em duas semanas do que precisariam do mês inteiro pra fazer. Vou mais além nesse esforço em prol do verão ocioso: até o dia 10 pretendo fechar a birosca pra balanço. Isso pede o lançamento imediato de uma nova edição do DVeras Awards – a consagrada lista de top 5 sobre assuntos aleatórios, escolhida pelo júri do eu-mesmo. O prêmio aos laureados é minha eterna admiração.
Comecemos por uma nova categoria: a dos livros que não consegui terminar em 2011. Chegar à página final deles vai entrar na minha lista de modestas intenções para 2012 – nada de “resoluções” a serem esquecidas antes do carnaval. Estou amparado pelo decálogo dos direitos inalienáveis do leitor, item 3. Se você também tem pendências livrescas, meu conselho é descartar a culpa e agarrar algo melhor – até mesmo outro livro. Um dia você retoma a obra encostada. Ou ela fica pra trás e você encontra outra. Sem mais delongas, a lista:
5. O primeiro terço (Neal Cassady)
O autor, que inspirou Kerouac a criar o maravilhoso Dean Moriarty de On the road, escrevia com vitalidade. Aqui, conta a história da própria vida – curta, aliás. Ainda estou na parte dos avós e pais, bando de malucos que nasceram pra virar personagens. Esqueci o livro em algum canto da casa e ele voltou pra estante. A gente se vê por aí.
4. Hunger (Knut Hamsum)
Presente dos queridos Eirik e Hélène, junto com outros dois romances do autor norueguês. O prefácio é de Paul Auster, de quem sou fã confesso – aguarde o próximo DVeras Awards. A fome está em inglês e parece ter sido esculpido frase a frase. A capa é linda, o cheiro é bom. Comecei devagar, parando pra consultar o dicionário. Fui à geladeira e resolvi dar um tempo.
3. Walden (H.D. Thoreau)
Um clássico. Tenho um pouco de medo do seu poder subversivo mudar minha vida. Mas aí penso: como a minha vida vai mudar mesmo, com ou sem Walden, então que seja com ele.
2. Sir Richard Francis Burton (Edward Rice)
Gamei nessa biografia do aventureiro britânico que falava 29 línguas, rodou o mundo e trouxe o Kama Sutra e As mil e uma noites pra Europa. Rice pesquisou por 18 anos e refez o caminho de Burton pra escrever o livro. É meu atual companheiro de cabeceira, em doses homeopáticas pra durar mais tempo.
E o prêmio de melhor livro não lido em 2011 vai para…
Os últimos soldados da guerra fria, de Fernando Morais. Nem comecei ainda, mas deve chegar pelo correio a qualquer momento. É quase certo que vai me fazer interromper todos os outros, assim como são grandes as chances de não terminá-lo antes de 31 de dezembro. Estou em boa companhia pra começar 2012.
30
Nov11
Historinha de Natal
Dezembro. Íamos de São Paulo a Natal num Fiestinha – mano Leo, a então mulher dele, Sandra, meu sobrinho Érico e eu. Já no finalzim da viagem, passando por João Pessoa, fomos parados na famosa Operação Manzuá, na BR-101. Eu no volante. O policial pediu documentos, disse pra ligar o pisca-alerta, queria ver extintor de incêndio, perguntou se tinha arma no carro. Fuçou, fuçou e não achou nada. Aí, já desanimado, perguntou:
- E o Natal do guarda?
Engatei a primeira, acenei pra ele e fui saindo:
- Feliz Natal, seu guarda!
28
Nov11