Posts com a tag ‘santa catarina’

08

Mar

17

Chineses interessados no vinho de SC

Parreiral com uvas maduras. Foto de Dauro Veras

Parreiral com uvas maduras. Foto de Dauro Veras

A edição 2017 da Vindima de Altitude de Santa Catarina, aberta no dia 3, já trouxe a primeira repercussão internacional. O cônsul-geral da China em São Paulo, Song Yang, confirmou visita ao estado. Embora o roteiro ainda não esteja definido, deve incluir as vinícolas da região serrana. Ele virá em abril, acompanhado por um grupo de empresários.

A indústria do vinho interessa muito aos chineses. Hoje a China é o quarto maior mercado vinícola do mundo, atrás de EUA, Reino Unido e França, e deve chegar à segunda posição até 2020, com US$ 21 bilhões em vendas.

Iniciada há menos de duas décadas, a vitivinicultura de altitude em SC – entre 900 e 1,3 mil metros – está se consolidando com excelentes resultados. Suas 30 vinícolas têm diversos rótulos premiados, com destaque para os espumantes. Também geram empreendimentos no turismo e na gastronomia. Esta semana foram anunciados novos negócios nos segmentos de sorvetes e cosméticos.

O roteiro dos vinhos de altitude foi visitado por uma equipe da agência de notícias Xinhua, maior centro de distribuição de notícias do país asiático, com 300 milhões de acessos/dia no portal em sete idiomas. Seu diretor no Brasil, Chen Weihua, ficou impressionado com a qualidade das vinícolas e acredita que essa cadeia de valor pode gerar boas oportunidades de investimentos. A Vindima de Altitude prossegue até o dia 26 em São Joaquim e municípios vizinhos.

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16

Dec

15

Minhas impressões sobre Oração do amor selvagem

Ivo Muller e Chico Diaz. Crédito: Sabrina Bertolini

Ivo Muller e Chico Diaz. Crédito: Sabrina Bertolini

Não sou crítico profissional de cinema. O que sei é quando gosto ou não gosto de um filme, embora a maior parte dos motivos pra isso provavelmente esteja além da avaliação racional. Se gosto, recomendo. Se não, fico na minha, ou em casos extremos, comento com os mais chegados — acredito que mesmo um filme ruim pode ensinar. De tanto vê-los desde os sete anos de idade e por também trabalhar com roteiros, aprendi uma coisinha ou outra sobre a combinação de técnica e arte envolvida na construção de uma obra audiovisual. Assim, posso ir além da platitude de dizer que gostei “porque sim”, como martela o bordão daquela cerveja ruim. Pois bem, gostei muito de Oração do amor selvagem, dirigido por Chico Faganello, que estreou semana passada. Compartilho minhas impressões, consciente de que é só uma opinião e que, mais seguro que confiar na minha, é melhor você ver o filme e formar a sua.

Antes de prosseguir, aviso que minha avaliação é suspeitíssima, pois sou amigo do Chico há trinta anos. Já fizemos várias parcerias profissionais, conheço seu método de trabalho e vi filmes dele que não gostei, ou não entendi direito. Assim, me sinto bem à vontade pra afirmar que esta obra é uma mostra inequívoca do seu amadurecimento como cineasta. Oração do amor selvagem faz uma reflexão porrada sobre intolerância religiosa em uma pequena comunidade do interior de Santa Catarina, que poderia ser qualquer lugar do mundo. É contada com sensibilidade, roteiro competente, atores bons e entrosados, fotografia e trilha sonora marcantes, áudio de qualidade. Saí impactado da sala de cinema e decidi esperar dois dias antes de escrever, pra digerir melhor. Nem sempre os grandes impactos são sinônimos de qualidade, já dizia a parede esburacada pra furadeira elétrica. Neste caso, é.

Um dos grandes méritos de Oração é ter conseguido resgatar a química das narrativas contadas ao pé do fogo desde sempre. Sem maneirismos estilísticos. Complexa e cheia de camadas, mas com a simplicidade dos bons causos com cor local e eco universal. A trajetória do caboclo Thiago — incorporado de maneira quase sobrenatural por Chico Diaz — avança num ritmo seguro, que começa lento e vai pegando embalo, nos envolvendo na correnteza. Não é um “filme de autor”. A gente percebe a marca do trabalho de equipe o tempo inteiro, tanto nas vigas-mestras quanto nos detalhes — a camisa puída que o protagonista abotoa, os diálogos e as pausas, os gestos que expressam a dúvida existencial, a busca da felicidade e da paz/redenção. Há um denso subtexto, quase nada está ali por acaso.

Fiquei impressionado com o talento do ator Ivo Müller na interpretação do pastor obcecado pela irmã e pelas ideias distorcidas sobre religião. Antagonista poderoso, é ao mesmo tempo repulsivo e digno de pena. Como bem lembrou a Adriane Canan, embora o filme tenha homens como personagens centrais do conflito, as personagens femininas são fundamentais pra mover esse drama de amor e ódio. Mulheres que buscam a felicidade em meio à repressão. Sandra Corveloni interpreta a viúva Anita e sua bondade ambígua na medida certa. Camila Hubner convence como a irmã do pastor, oscilante entre a castidade e o desejo. A menina Camilla Araújo, que faz a filha de Thiago, é um destaque à parte com aqueles olhos lindos onde cabe um mundo.

Gostei muito da fotografia do Marx Vamerlatti, que aproveitou ao máximo a luz natural, inspirado na pintura de Vermeer e em Sangue Negro de Paul Thomas Anderson, como nos contou no debate mediado por Jose Geraldo Couto, logo depois da sessão. A trilha de Zeca Baleiro e o coral da cidade de Antônio Carlos, onde foram feitas as filmagens, foram vitais pra criar o clima. Minha cena preferida, sem spoiler? A da chuva vista da janela. Não só por ser síntese do espírito libertário do protagonista. É um eco da minha primeira lembrança de infância (e lá se vai o racional pras cucuias). Falhas? Achei a atuação dos policiais pouco convincente e algumas cenas da primeira parte podiam ter sido cortadas sem prejuízo da narrativa — nada que tenha comprometido a verossimilhança ou a qualidade da montagem.

Oração do amor selvagem merece ser visto com atenção. O tema é da hora e é de sempre: a relação do humano com o divino e como isso às vezes descamba para a violência obscena. Adorei ver Santa Catarina retratada com tanta competência no cinema, numa história xucra como a vida e doce como o amor.

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25

Aug

15

Turismo de aventura em Santa Catarina

Criança pratica rapel em Santo Amaro da Imperatriz (SC). Foto de Caio Cezar.

Criança pratica rapel em Santo Amaro da Imperatriz (SC). Foto de Caio Cezar.

Com as pernas flexionadas, Enzo Dutra Pasetti desce nas pedras do riacho, sustentado pelo equipamento de segurança. Os respingos de água fria e a dança dos raios de sol na floresta dão sabor especial à sua primeira experiência de rapel de cachoeira. Enzo é orientado de perto pelo instrutor Juliano Martins. A descida termina em uma piscina natural e ele logo está pronto para outra atividade: o arvorismo, um passeio pela copa das árvores a 15 metros de altura. Estamos no hotel Plaza Caldas da Imperatriz, uma estância de águas termais a 48 km de Florianópolis, entre montanhas e Mata Atlântica. Enzo, sete anos de idade, está maravilhado com a experiência. Este é um dos muitos lugares de beleza natural extraordinária que fazem de Santa Catarina um dos melhores destinos brasileiros de turismo de aventura para todas as idades.
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16

Jun

15

Eficiência energética no fogão a lenha: carta de Alcino Alano

Recebi esta carta do sr. Alcino Alano sobre o seu inovador sistema de aquecimento em fogões a lenha (reportagem de 30.01.13), que tem recebido muitos pedidos de compra aqui nos comentários do blog. Alano explica por que o invento ainda não está à venda e os passos que precisam ser dados para que isso ocorra.

Gratos pelo interesse de tantos nessa modesta alternativa de aquecimento, e nos perdoe pela demora no retorno com a explicação do porque o mesmo ainda não está sendo comercializado. Um breve histórico do projeto os fará compreender os nossos motivos. Não apenas pela nossa falta de estrutura na instalação do sistema, mas também pela falta de assistência ao adquirente em caso de algum problema.

Observem que foi graças ao apoio e estrutura da Celesc e Epagri, em todo o Estado, somado ao envolvimento de muitas pessoas de diversos segmentos, que 200 famílias com baixa renda foram beneficiadas com esse projeto em algumas regiões frias de Santa Catarina. O Globo Rural, programa que foi ao ar no dia 25/08/2013, passa uma ideia do funcionamento e diferencial desse sistema, em: http://novoportal.celesc.com.br/portal/index.php/noticias/1137-banho-de-energia-no-globo-rural , onde comprova que sem a estrutura e o apoio das Empresas acima citadas, essas famílias jamais teriam sido beneficiadas com o projeto.

Como a Celesc pretende inserir esse projeto no Programa de Eficiência Energética da Empresa, mas depende de aprovação da ANEEL, é obrigatório que o boiler seja certificado pelo INMETRO e equipes sejam capacitadas para instalação do mesmo.

Nos 200 que foram instalados, com a intenção de reduzir custos e beneficiar mais famílias, em comum acordo, optamos por um tipo de boiler com limites de temperatura e isolamento térmico com menor eficiência, o que não nos permitiu aproveitar todo o potencial do calor desperdiçado pela chaminé. Esse tempo de espera e o boiler certificado, nos possibilitaram desenvolver um outro recuperador de calor bem mais eficiente. Tanto que se instalado sobre um fogão foguete, (rocket stove), a água retorna quente ao boiler numa vazão média de 1,5 litro/minuto e em temperaturas na casa dos 80°C, temperatura essa o suficiente para higienizar os equipamentos  de ordenha.

A revista Agropecuária Catarinense, março de 2015, traz uma matéria com o título: “Um foguete na sala de ordenha”, na página 17, com os resultados alcançados com os 02 protótipos instalados no norte do Estado, na região de Canoinhas, neste endereço: http://docweb.epagri.sc.gov.br/website_epagri/RAC93_Mar-2015.pdf .
Sobre a disponibilidade e preços dos equipamentos, dependemos da implantação de uma quantidade maior por parte da Celesc, e de outras parcerias interessadas, para que possamos disponibilizá-lo comercialmente a um preço justo para ambos, e com a estrutura necessária de instalação e assistência técnica no maior numero de regiões.

O projeto é simples, mas requer um conhecimento básico sobre convecção térmica (termossifão), e outros cuidados na instalação. Afinal o nosso propósito é oferecer conforto e economia, não dor de cabeça. Mas assim que tivermos qualquer novidade, prometemos veicular aqui neste e em outros endereços, o andamento e disponibilidade de 
comercialização do mesmo.

Desculpem por nos estender, é que achamos interessante comentar sobre as mudanças no projeto e suas perspectivas de utilização.

Atenciosamente,
José Alcino Alano e família
solucoessustentaveis@gmail.com
048)3622.2116

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19

May

14

Uma mulher à frente do seu tempo

Felícia Hatzky Schütz, primeira mulher vereadora de Rancho Queimado

Felícia Hatzky Schütz. Foto: DVeras/CC

Felícia Hatzky Schütz foi a primeira mulher vereadora de Rancho Queimado e a primeira mulher em Santa Catarina a tirar carteira de motorista. E uma das primeiras a usar calças compridas. Tirei a foto em uma exposição no Museu Hercílio Luz em Rancho Queimado. Era alemã. Chegou ao Brasil com os pais aos sete anos. Foi professora de alemão e português e desenvolveu muitas atividades ousadas pras mulheres da época. Felícia casou-se na mesma casa que já foi residência de repouso do governador Hercílio Luz e é hoje um museu, no distrito de Taquaras. Dirigiu obras de engenharia, fez a contabilidade de empreendimentos da família, coordenou atividades comunitárias, inspecionava obras a cavalo… O título da exposição, Uma mulher à frente do seu tempo, lhe faz justiça.

Felícia Schütz - cartaz com biografia

Felícia Schütz – cartaz com biografia

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01

Apr

13

Projeto apoia 20 startups catarinenses

João Bernartt, fundador da Chaordic

João Bernartt, da Chaordic: sistema inovador de recomendação de produtos no comércio eletrônico já é adotado pela Saraiva, Walmart e NovaPontocom

Projetos originais de base tecnológica com potencial para gerar bons negócios vão ganhar um “empurrãozinho” em Santa Catarina. O programa de capacitação Startup SC, lançado em janeiro pelo escritório estadual do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o governo do estado, oferece apoio para ampliar as chances de sobrevivência desses empreendimentos. Fez parte da programação o seminário Startup Weekend, realizado no final de março em Florianópolis. Os participantes receberam consultoria sobre a viabilidade de suas ideias e tiveram a oportunidade de apresentá-las a investidores. Mais de 600 empresas já foram criadas em eventos semelhantes em 25 países, informam os organizadores. A iniciativa integra o programa Startup Brasil, que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou no final de 2012.

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem que publiquei sobre o assunto no Valor Econômico de 28 de março.

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30

Jan

13

Eficiência energética no fogão a lenha

p.s. Muitos leitores têm perguntado como podem adquirir o trocador de calor. Ele está na fase de testes de protótipos e ainda não entrou em produção comercial, como explica seu inventor, o sr. José Alcino Alano. Caso desejem entrar em contato com o sr. Alano para obter informações adicionais, o e-mail dele é josealcinoalano [arroba] ibest [ponto] com [ponto] br

Equipamento criado por inventor catarinense aquece chuveiro em regiões serranas usando o calor que seria desperdiçado na chaminé. O processo é mais eficiente que a tradicional serpentina, pois não retira calor da câmara de combustão. Próximo passo será “fogão-foguete” que reduz uso de lenha em 40%.

Vera Claudiano, líder quilombola em Rincão do Tigre, São Joaquim (SC)

Vera Claudiano, líder quilombola em Rincão do Tigre, São Joaquim (SC)

Dauro Veras, para o Valor, de Florianópolis

Um sistema inovador de aquecimento de água desenvolvido em Santa Catarina aumenta a eficiência energética dos fogões a lenha, presentes na maioria das residências das regiões serranas, onde o inverno é rigoroso. Barato, de fácil instalação e ambientalmente sustentável, o recuperador de calor está sendo testado em um projeto-piloto com 200 famílias de áreas rurais em 34 municípios, numa parceria entre Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Secretaria de Agricultura do Estado e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri). Os resultados preliminares superam as expectativas, com aumento do conforto, alívio no orçamento doméstico e potencial para reduzir a demanda de energia nos horários de pico. Criado pelo eletricista aposentado José Alcino Alano, o equipamento aproveita o calor que seria desperdiçado pela chaminé, sem aumentar o consumo de lenha.

José Alcino Alano, eletricista aposentado e inventor

José Alcino Alano, eletricista aposentado e inventor

“Tomar banho e lavar louça, pra nós, era um tormento”, conta Vera Lúcia Damas Claudiano, líder na comunidade quilombola de Rincão do Tigre, no município de São Joaquim – a 230 km da capital -, onde as temperaturas negativas no inverno fazem parte do cotidiano. A família de Vera foi uma das selecionadas para o teste, por atender ao critério de baixa renda e pela influência dela como multiplicadora para os vizinhos. “Antes, tínhamos que deixar a torneira aberta de noite para a água não congelar no cano”, conta a agricultora, enquanto acende o fogão para preparar o mate. “Agora temos água quente à vontade, dispensamos o chuveiro elétrico e a conta de luz caiu quase pela metade”.

A Celesc estima que a instalação do recuperador de calor nas 198 mil residências onde se usa fogão a lenha em Santa Catarina resultaria em uma economia anual de 193,6 mil MWh de eletricidade. Suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Florianópolis (421 mil habitantes) por três anos, ou toda a área de concessão da companhia, com 6,2 milhões de habitantes, por dois meses. O cálculo, feito segundo o Manual de Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tomou como premissas a redução de 100% no uso de um chuveiro elétrico de 5.400W de potência, com um tempo médio de oito minutos de banho por pessoa. Não foi considerada a redução no uso de torneira elétrica. Se incluídas as residências rurais com fogão a lenha em regiões serranas do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, a economia total seria ainda mais expressiva.

A instalação do equipamento se dá no âmbito do projeto Banho de Energia, uma das ações de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) da companhia catarinense de eletricidade. “A Celesc não faz filantropia”, esclarece a assessora de RSE, Viviani Bleyer Remor. “Estamos levando conforto e qualidade de vida para os agricultores; ao mesmo tempo, consolidamos a marca da empresa junto a essa população e reduzimos a inadimplência”. Outra vantagem é a redução do consumo no horário de ponta – das 17h30 às 20h30 nos dias úteis, quando o sistema nacional de geração, transmissão e distribuição é sobrecarregado pelo aumento no número de equipamentos ligados à rede elétrica. No segundo semestre de 2013, haverá uma avaliação dos resultados nas 200 unidades instaladas e a empresa pretende ampliar o projeto.

José Alcino Alano, 61 anos, não se considera um inventor, mas o fato é que já saíram de sua prancheta diversas tecnologias sociais, como um leito hospitalar multifuncional de baixo custo para pessoas com paraplegia e tetraplegia, entre outras. Acompanhado da mulher, dona Lizete, ele passa parte do tempo viajando por Santa Catarina para supervisionar a instalação do aquecedor, cujo pedido de patente foi depositado em 2010 junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Desde 2006 o aposentado é parceiro da Celesc na difusão de um aquecedor solar feito com garrafas PET e caixas de leite.

Fogão a lenha, indispensável no inverno serrano

Fogão a lenha, indispensável no inverno serrano

Esse projeto de RSE – Energia do Futuro – levou à criação de uma cooperativa de trabalho no Morro da Queimada, comunidade de baixa renda na capital catarinense, e está sendo replicado na Costa do Marfim. Alano atua como voluntário. Ele explica que o grande diferencial do seu recuperador de calor em comparação com a tradicional serpentina de água é não retirar calor da câmara de combustão do fogão, e sim da chaminé, onde seria desperdiçado: “Assim o consumo de lenha permanece o mesmo”.

A pedido do Valor, o projeto foi avaliado pelo engenheiro Edson Bazzo, do Laboratório de Combustão e Energia de Sistemas Térmicos (LabCET), vinculado ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Os direcionadores de gases, de fato, representam uma inovação com perspectiva de patente”, afirma. Para o especialista, o maior mérito do trabalho está no resgate de uma tecnologia consolidada de domínio público, que funciona pelo princípio de termossifão (veja box), para reaplicação em propriedades rurais e nas cidades onde ainda são utilizados fogões a lenha: “A medida é evidentemente vantajosa, pois substitui total ou parcialmente a eletricidade consumida em chuveiros, com baixo ou nenhum impacto ambiental”, diz. “Indiretamente, está-se economizando combustíveis fósseis na geração de eletricidade. O único impacto ambiental estaria associado à fabricação, transporte e instalação do sistema, o que é insignificante a meu ver. É uma bela iniciativa”. Bazzo lembra que o dióxido de carbono (CO2) gerado pela queima da lenha é neutro, pois se supõe que ele vai ser absorvido pelo crescimento de novas árvores.

Detalhe. Fonte: pedido de patente ao INPI

Um elemento importante para a difusão da nova tecnologia tem sido a parceria com a Epagri, empresa pública com mais de 50 anos de fomento à agricultura familiar, modelo de 90% das propriedades agrícolas em Santa Catarina. “Temos contato próximo com as comissões de desenvolvimento municipal, que nos ajudam a identificar as famílias para o projeto-piloto”, diz o gerente estadual de Extensão Rural e Pesqueira, José Cezar Pereira. Oitenta por cento do custo total do equipamento, de cerca de R$ 1,8 mil, são subsidiados pela Celesc. Os agricultores pagam somente R$ 380, em cinco parcelas anuais financiadas pelo Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Graças ao subsídio e à facilidade de crédito, o dispositivo está sendo adotado por famílias como a de Orildo Giroto, oriundo do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que vive no Assentamento Primeiro de Maio, em Curitibanos, a 300 km da capital. “Agora fica mais rápido pra fazer a polenta”, diz dona Luci, pegando água aquecida da torneira.

O recuperador de calor, com vida útil estimada em 20 anos, já teve cinco protótipos construídos e continua sendo aperfeiçoado. Alano não para de elaborar novas ideias: “Estou desenvolvendo um novo modelo de fogão a lenha baseado numa tecnologia existente há vários anos, o ‘fogão foguete’, que, pela queima perfeita dos gases, reduz em 40% o consumo de lenha e produz pouca fuligem, diminuindo os impactos ambientais”. Ele atribui a motivação para criar à sua origem humilde, na qual fazia parte da rotina a busca de soluções para a sobrevivência a partir de conhecimentos em diversas áreas. “Outra motivação é ter contato com realidades que clamam por ajuda imediata e saber que os meus problemas são infinitamente menores que os do meu próximo”.

Como funciona

O sistema. Fonte: pedido de patente ao INPI

O sistema. Fonte: pedido de patente ao INPI

O recuperador de calor funciona por convecção térmica (termossifão), processo de transmissão de calor em que a energia térmica se propaga através do transporte de matéria, por causa da diferença de densidade e da ação da gravidade. Quando a água fria é aquecida em contato com a chaminé, fica menos densa, isto é, ocupa o mesmo espaço com peso inferior. Assim, sobe até o boiler, um reservatório que conserva a água quente até sua utilização.

O calor na chaminé dificilmente ultrapassa os 200°C, contra 500°C em média atingidos na câmara de combustão do fogão a lenha. Embora a rapidez e o volume da água aquecida sejam inferiores ao sistema tradicional por serpentina, são suficientes para atender as necessidades domésticas sem o uso de tubulação especial, o que barateia o sistema. Como não há serpentina com água circulando dentro da câmara, o consumo de lenha permanece o mesmo.

Uma versão condensada desta reportagem foi publicada originalmente no Valor Econômico, em 23/01/2013, com o título Fogão a lenha aquece água do chuveiro

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05

Jan

12

Cinema catarinense de graça

A primeira quinzena de janeiro no novo Cinema do CIC – Centro Integrado de Cultura de SC – é dedicado ao cinema catarinense. Entrada gratuita. Confira a programação. Se você ainda não viu Espírito de Porco, vai passar neste domingo.

Cinema do CIC

Programação Especial Primeira Quinzena de Janeiro 2012

- Dedicada ao Cinema Catarinense – Entrada Gratuita

Dia 06/01 – Sexta-Feira :

20:30h – Fritz – de José Alfredo Abrão

Ficção, 22min, 2010

A vida do naturalista Fritz Muller (1822-1897). O filme relembra os últimos momentos de sua vida, suas pesquisas, a colaboração e a correspondência com Charles Darwin, a vida com a esposa e as filhas na colônia de Blumenau, o contato com os índios e as impressões sobre a exuberante natureza tropical.

21:00h – Seo Chico, Um Retrato – de José Rafael Mamigonian

Documentário, 95min, 2004

A história do lavrador Francisco Thomaz dos Santos, o conhecido Seo Chico que morou por seus 64 anos no sul da Ilha de Santa Catarina. O filme revela a rotina do protagonista, um dos últimos a viver num engenho e produzir a cachaça artesanal, atividade tradicional da Ilha de Santa Catarina e Litoral do Estado, colonizado por imigrantes açorianos. Em 1996, foi assassinato em circunstâncias misteriosas.

Dia 07/01 – Sábado:

20:30h – Desilusão – de Bob Barbosa e Marco Stroisch

Ficção, 23min, 2008

Entrelaça as expectativas do menino Maninho, que quer montar um boi-de-mamão e da jovem Maria da Graça, que alimenta o sonho de ser rainha da bateria. No pequeno espaço da comunidade onde moram, suas vidas seguem, caminhos paralelos que podem se cruzar a qualquer momento.

21:00h – Aos Espanhóis Confinantes – de Angelo Sganzerla

Ficção, 85min, 2008

Em tom de documentário, o filme narra a viagem épica ao Oeste do Estado realizada em 1929 pelo governador Adolpho Konder. No lombo de burros e cavalos, de carroça, automóvel, lancha e trem, um grupo de 30 homens, formado por historiadores, chefe de polícia, agrimensores, consultor jurídico, e deputados, percorreu 3 mil quilômetros. O objetivo da empreitada era tomar posse do território catarinense, em litígio com a Argentina e combater o banditismo reinante na região.

Dia 08/01 – Domingo:

20:00h – Black Out, A Comédia do Sinistro – de Marco Stroisch

Ficção,22min, 2008

Blackouts gira em torno do apagão ocorrido no final de 2003, que deixou a ilha às escuras por quase 60 horas. A história traz recortes bem-humorados da influência do evento no cotidiano dos moradores da ilha. Um deles trata de uma discussão de relacionamentos de um casal no elevador.

20:30h – Espírito de Porco – de Dauro Veras e Chico Faganello

Documentário, 52min, 2009

O Espírito de Porco defende os suínos narrando a sua trajetória, desde o nascimento até quando a sua carne vai para a mesa. Ele discute a alimentação e a poluição; apresenta os humanos com quem convive e os problemas do seu cotidiano; defende o seu valor e busca semelhanças com as pessoas.

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Dia 13/01 – Sexta-Feira :

20:30h – L’amar – de Sandra Alves.

Ficção,19min, 2003

Duas amigas, durante um fenômeno conhecido como “Calmaria 88″, ficam à deriva em alto mar numa prancha de windsurf. Esta situação inesperada, onde o desespero de ambas ecoa mudo na imensidão do oceano, as aproxima de forma física e emocional. Seus corpos numa situação limite se somam, como numa poesia cruel, ao mar apático e ao sol torturante.

21:00h – Doce de Coco – de Penna Filho

Drama, 104min, 2009

Narra a história de Madalena, uma sacoleira, e seu marido Santinho, artesão sacro, num momento em que a crise econômica do país também abala as finanças da família. Para sair da situação difícil em que se encontra, o casal apela para as apostas na loteria, até que a mulher tem um sonho fantástico: a existência de um tesouro enterrado no cemitério da pequena cidade em que vive, a imaginária Fartura. O problema é desenterrar o tesouro, quando o casal vive situações embaraçosas e muito hilariantes.

Dia 14/01 – Sábado:

20:30h – Cerveja Falada – de Demétrio Panaroto, Luiz Henrique Cudo e Guto Lima.

Documentário, 15min, 2010

Rupprecht Loeffler foi um senhor de 93 anos de idade. Sua profissão? Mestre cervejeiro. Ele e sua cervejaria, a “Canoinhense”, que está em atividade desde 1915, são os personagens deste documentário. Uma viagem no tempo.

21:00h – Muamba – de Chico Faganello

Ficção,78min, 2010

Lian é um jovem de uma fronteira sul americana em conflito com o pai, um contrabandista disfarçado de criador de insetos. Com uma câmera que grava o que nem todos conseguem ver, Lian viaja em busca da liberdade e de um carro ganho em um concurso de TV, e encontra um mundo desconhecido.

Dia 15/01 – Domingo:

20:00h – Nem o Céu, nem a Terra – de Isabela Hoffmann

Ficção,25min, 2005

Explora os conceitos extremos da ilusão e da realidade vividos por crianças inseridas no contexto da violência urbana.

20:30h – Celibato no Campo – de Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt

Documentário,52min, 2010

A intensa migração de filhos de agricultores, sobretudo de jovens mulheres, que saem para estudar e dificilmente retornam às propriedades rurais faz surgir um novo fenômeno social: o celibato masculino no campo.

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23

Oct

11

Qual queijo você quer?

Qual queijo você quer?, dirigido pela querida Cíntia Domit Bittar, ganhou o prêmio de melhor curta no Festival do Rio. Esse filme é o primeiro dos muitos sucessos que certamente virão da talentosa equipe da Novelo Filmes, que completa um ano de existência. A história aborda com humor a crise conjugal de um casal de idosos. Pelos festivais onde é exibido, Qual queijo você quer? tem arrancado aplausos de crítica e público. Tou me mordendo de curiosidade pra ver. Clique na imagem ao lado pra ampliar o cartaz-release.

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26

Sep

10

E o porco leva mais um prêmio

Espírito de Porco recebeu ontem à noite o prêmio de “melhor contribuição social” no II Festival Nacional de Cinema e Vídeo de Piratuba. E assim nosso documentário passa a colecionar três premiações – recebeu as outras em 2009 nos festivais de Curitiba e de Seia, Portugal. Compartilho a alegria com o cara que co-dirigiu essa porcaria comigo, Chico Faganello. No momento ele está acompanhando o filme num festival ambiental na Costa Rica. Eu abraço também toda a equipe, em especial Nane Faganello, Licia Brancher, Cintia Domit Bittar, Vinicius Muniz e Renato Turnes, que dedicaram um montão de horas e de talento pra viabilizar a produção.

Piratuba é uma cidadezinha agrícola no Meio-Oeste catarinense com pouco mais de 4 mil habitantes, a maioria, descendentes de alemães. Fica vizinha a Ipira e bem próxima da divisa com o Rio Grande do Sul. O charme de Piratuba são suas águas termais, que a tornam um lugar perfeito pro turismo geriátrico. Cheguei ontem à tarde e fui direto ao Paraíso: o nome do hotel, na avenida principal. Fiquei tomando cerveja com uns amigos numa mesa na calçada, observando o movimento. Coisa curiosa é a moda que o pessoal tem de caminhar pela rua vestindo roupões de banho. Gostei! Um desfile que celebra o bem-estar e a informalidade. Passou até um cara vestido de vermelho dos pés à cabeça, acho que torcedor do Inter.

De noite, a entrega dos prêmios no Centro de Convenções reservou uma alegria dupla pra minha amiga Adriane Canan: o filme que ela roteirizou e fez assistência de direção – Mulheres da terra, dirigido por Márcia Paraíso – ganhou o troféu de melhor documentário e melhor filme do festival. O doc delas é sobre agricultoras familiares. No palco, a Adri fez um agradecimento especial à generosidade dessas camponesas, foi bem bonito. Como prêmio, a equipe vai receber cem mil reais em serviços de produção para finalizar um filme, com duas condições: tem que ter temática rural e estrear em Piratuba.

No hall de entrada, um grande mapa do Brasil indicava que houve filmes inscritos de todos os estados brasileiros, exceto Acre, Rondônia, Roraima e Alagoas. Ao todo, mais de 120 produções. Tive a oportunidade de conhecer gente finas, como o César Furlan Dassie, repórter do Globo Rural – que ganhou prêmio de melhor reportagem com uma matéria sobre parteiras; o Julinho, premiado na categoria amador com o polêmico curta Veneno de Colono; e uma animada turma de professores e estudantes de jornalismo da Unoesc, de Chapecó. Peguei só a última noite do festival, encerrada em grande estilo com show do mestre da viola Almir Sater. Pelo que me disseram, ainda há bastante a avançar nas próximas edições. Mas a impressão que deu é que tem tudo pra emplacar como evento anual no calendário do cinema brasileiro. A cidade, o estado e os cineastas só têm a ganhar.

p.s.: No retorno de carro pra pegar o voo em Chapecó, viajei ao lado de Almir Sater, de quem sou fã há tempo. Duas horas e meia de conversa agradabilíssima. Também foi conosco Claudio Savaget, produtor do Globo Ecologia, outro figuraço. Mas isso fica pra outro post.

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