Posts com a tag ‘energia renovável’

16

May

13

Carreiras que vão de vento em popa

Ronaldo Custódio, da Eletrosul, é autodidata e referência em energia eólica. Foto de Eduardo Marques/Tempo Editorial/Valor
Ronaldo Custódio, da Eletrosul

Os ventos favoráveis à energia eólica no Brasil estão criando uma forte demanda por executivos e abrindo novas oportunidades. Essa fonte de energia renovável já é a segunda mais competitiva no país, atrás apenas da hidrelétrica. Em 2012, a capacidade instalada nacional alcançou 2,5 gigawatts (GW), um crescimento de 73% em relação a 2011. Hoje existem 115 parques geradores operando e 231 em processo de construção, que, somados, representarão 8,8 GW em 2017. As regiões Nordeste e Sul concentram o maior volume de negócios. Atualmente, a energia eólica representa apenas 2% da nossa matriz elétrica, mas essa participação está crescendo com rapidez e deve chegar a 5,5% em 2017, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Isso fará o Brasil saltar da 16ª para a 7ª ou 8ª posição no ranking internacional, com reflexos positivos no mercado de trabalho para profissionais especializados.

Leia a reportagem que publiquei sobre o assunto no jornal Valor Econômico.

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24

Feb

13

“Não utilizar a energia do sol é burrice”

Heitor Scalambrini CostaO especialista em energias renováveis Heitor Scalambrini Costa, físico e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco, é entusiasta do uso da energia solar para geração de eletricidade – a tecnologia fotovoltaica. É também um áspero crítico do que qualifica de “cegueira” do governo brasileiro pela falta de uma política consistente de aproveitamento dessa riqueza. Hoje a participação da energia do sol na matriz energética nacional é quase nula, menos de 0,02% da potência instalada. Ele defende que o assunto não fique restrito a decisões técnicas e seja discutido democraticamente pela sociedade, na busca de uma matriz elétrica sustentável. “A diversidade e a complementaridade são as palavras chaves”, diz. Autor de dezenas de artigos, publicou em 2002 o livro de coletâneas “Equívocos de uma política energética” e, 2008, “Insatisfação além da conta”. Entrevistei o professor Scalambrini para uma reportagem sobre energia fotovoltaica que publiquei no jornal Valor Econômico. A íntegra da nossa conversa está neste link.

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06

Aug

12

A Alemanha e as energias renováveis

Um artigo que vale compartilhar.

O exemplo da Alemanha

Heitor Scalambrini Costa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco

A Alemanha foi à primeira nação industrializada a ter um plano de abolir a energia nuclear do seu território. A data para por fim a esta era de insegurança foi dia 29 de maio de 2011, por decisão da coalização de governo da chanceler Ângela Merkel. Até 2022 não haverá mais reatores nucleares neste país emblemático, particularmente para o Brasil, que assinou em 1975 um acordo de cooperação técnico-científico-econômico prevendo a instalação de 8 usinas nucleares em nosso território. Juntas, as 17 usinas existentes em solo alemão que produziam menos de 1/4 da energia alemã serão desativadas. Este exemplo está sendo seguido, e paises como a Itália, Áustria, Suíça, Bélgica, Japão, entre outros, já começaram a revisar suas políticas nucleares.

A tomada de decisão do governo alemão de deixar de usar a energia nuclear mostra que basta visão e vontade política para livrar um país desta fonte de energia indesejável, pelo perigo que representa; suja pelos resíduos que produz, e não se sabe o que fazer com eles; e cara, implicando em tarifas mais onerosas para o consumidor. Enquanto a Alemanha virava a página do nuclear, técnicos e políticos brasileiros duvidavam que este país pudesse “sobreviver” sem a nucleoeletricidade. Os mais exaltados alegavam até que o desligamento progressivo das usinas nucleares forçaria o país a importarem combustíveis fosseis, contribuindo assim para o aquecimento global. Mais uma vez estes “experts” (?) em energia mostraram o quanto estavam errados.

Passado pouco mais de um ano da decisão histórica, no dia 1 de agosto de 2012 a Associação Nacional de Energia e Água (BDEW) anunciou que 25 % de toda energia consumida pela Alemanha no primeiro semestre deste ano foi gerada a partir de fontes renováveis, e que todas estas fontes registraram crescimento no período comparado a 2011, quando representavam 17% do consumo energético total.

O setor eólico forneceu 9,2% de toda energia demandada pela Alemanha, produzindo 24,9 bilhões de kWh, respondendo pela maior contribuição das renováveis. A biomassa representou 5,7% da demanda, produzindo 15,3 bilhões de kWh. E o setor fotovoltaico 5,4%. Sendo este o que mais cresceu, 47%, aumentando sua geração do 1º semestre de 2011 de 9,8 bilhões de kWh, para igual período em 2012, de 14,4 bilhões de kWh.

O recado parece dado para o Brasil e para o mundo. As fontes renováveis podem e devem substituir os combustíveis fósseis, além da indesejável energia nuclear.

No Brasil, apesar do crescimento das instalações eólicas, ainda sua participação na demanda energética é pífia, menos que 2%. Apesar de todo o estardalhaço midiático que governos estaduais e federal fazem, as políticas de incentivo desta fonte de energia ainda são pontuais e pouco expressivas diante do enorme potencial estimado de mais de 350 GW. O caso mais bizarro, que demonstra na prática a falta de interesse, diz respeito ao atraso incompreensível, na atualização do Atlas Eólico Brasileiro de responsabilidade do Centro de Pesquisas da Eletrobrás (CEPEL), instrumento imprescindível para atração de novas instalações.

Com relação aos agrocombustíveis, mesmo com a propaganda encantando o mundo, em torno da produção do etanol e do agrodiesel, a realidade é outra. Etanol está sendo importado, e o preço se aproximando mais e mais da gasolina, resultando numa retração do consumo. E em relação à propalada e alardeada alavancagem da agricultura familiar, com as oleaginosas (quem não lembra dos discursos pró-mamona na região nordeste como redenção dos pequenos agricultores) para a fabricação do agrodiesel, nada aconteceu. Hoje mais de 3/4 da produção do agrodiesel é oriunda da soja.

Sobre a energia solar fotovoltaica, nem se fala. Mesmo tendo alguns projetos privados implantados nas arenas esportivas, e uma usina de 1 MW no interior do Ceará, continua sendo apenas “traço” na matriz energética nacional. Existe uma expectativa com a resolução da Aneel 482/2012 de 17 de abril ultimo, estabelecendo o acesso da pequena geração distribuída na rede elétrica, e assim estimular a energia fotovoltaica instalada em domicílios e pequenos comércios. Mesmo com mais de 20 anos de atraso em relação à Alemanha que lançou o projeto “1000 telhados solares” em 1991, no nosso caso “a esperança é a última que morre”. O aquecimento solar da água ainda patina com a iniciativa “Cidades Solares”, legislação municipal que atende hoje a menos de 50 municípios brasileiros. E o programa “Minha Casa, Minha Vida”, incorporando sistemas de aquecimento solar, ainda é uma incógnita.

O Brasil é bem ensolarado, possui muita água, fortes ventos e grandes áreas agrícolas para a produção da biomassa, podendo utilizar tudo isso para seu desenvolvimento e assim melhorar a qualidade de vida de sua população respeitando o meio ambiente. Que pais é este que opta pela energia nuclear, combustíveis fósseis e mega-hidrelétricas na região Amazônica?

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