Posts com a tag ‘empresas’

20

Jun

11

Uma empresa nada sadia pra trabalhar

Leio no Globo deste sábado sobre a incerteza da anunciada fusão entre as duas maiores produtoras nacionais de aves e suínos, Perdigão e Sadia. A criação do novo gigante da agroindústria, BRF – Brasil Foods, depende de uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Outras empresas do setor temem concorrência predatória. Até aí, notícia trivial de economia e negócios.

Mas o que chama a atenção na matéria são estes números: segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne e Derivados de Chapecó (SC), mutilações e doenças causadas pelo frenético ritmo de produção levaram ao afastamento de 2.158 trabalhadores dos 6.900 da fábrica da Sadia nessa cidade nos últimos três anos. As péssimas condições levaram até o Ministério Público do Trabalho a intervir.

“A empresa, para manter a produção, tem buscado mão de obra em cidades distantes até 200 quilômetros da fábrica”, diz O Globo. “Ela vem recrutando até índios na região”. Trocando em miúdos de frango, a Sadia é um moedor de carne humana, e nada garante que a BRF vai se tornar boazinha do dia pra noite. Como diria o espírito de porco, tem gente fazendo festa às custas do nosso lombo.

Bookmark and Share


20

Jun

11

O aço da devastação: entrevista à CBN

Hoje cedo o jornalista Marques Casara deu entrevista a Milton Young, da rádio CBN, sobre a pesquisa O Aço da Devastação, coordenada por ele e realizada pelo Instituto Observatório Social. A pesquisa, que vai ser lançada no dia 22, mostra que siderúrgicas do Pará usam carvão produzido com desmatamento ilegal e trabalho escravo.

O carvão, utilizado para fabricar aços especiais, é “esquentado” em esquemas fraudulentos que envolvem grandes empresas e a estrutura da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. E não é de hoje. Essa fraude dura anos e é “apartidária”, diz Casara: “No governo do PT, ela cresceu muito no governo da Ana Júlia. E permanece no governo do PSDB. Ela transcende agremiações políticas. Ela sobrevive a partidos, a governos, a gestões”.

O colega jornalista faz importante menção ao papel que a Vale deverá adotar diante da denúncia. Como principal fornecedora de minério de ferro às siderúrgicas, a empresa tem a possibilidade real de contribuir com o enfrentamento do trabalho escravo e do desmatamento da Amazônia. Pode também fechar os olhos ao problema, o que seria lamentável, e nesse caso o Brasil vai continuar exportando aço contaminado por violações aos direitos humanos e agressões ambientais. Caso típico em que o termo “responsabilidade social” precisa ultrapassar a retórica vazia com que é tratado por muitas corporações.

Esse levantamento vem sendo realizado desde 2004, com a reportagem Escravos do Aço, que tive a satisfação de realizar junto com ele e o repórter fotográfico Sérgio Vignes. Pressionadas pela repercussão, um mês depois de publicada a reportagem as principais siderúrgicas brasileiras firmaram uma carta-compromisso pelo fim do trabalho escravo. Houve avanços nesses anos, mas a tecnologia de fraudes também evoluiu e o problema retorna novamente, na forma de empresas legalizadas que servem de fachada para as mutretas.

Clique aqui para ouvir a entrevista

Bookmark and Share


15

Feb

11

Quem manda na devastação da Amazônia

Carvoaria em Açailândia, MA

Carvoaria em Açailândia, MA. Foto: Sérgio Vignes

Em junho de 2004, publiquei na revista do Observatório Social, junto com o colega Marques Casara e o repórter fotográfico Sérgio Vignes, a reportagem Escravos do Aço, sobre a vinculação entre trabalho escravo em carvoarias na Amazônia e a indústria siderúrgica. Uma das consequências imediatas foi a formalização, no mês seguinte, de um pacto de empresas siderúrgicas brasileiras contra o trabalho escravo.

Quase sete anos depois, Marques traz os resultados de novas investigações sobre o tema (como ele gosta de citar, todo jornalismo é investigativo, e se não for, não é jornalismo). Dá nome aos bois, apontando as mega-empresas que compram ferro-gusa obtido na ilegalidade. Cita também a problemática Secretaria do Meio Ambiente do estado do Pará, envolvida no esquema de corrupção para explorar madeira ilegalmente na Amazônia.

Por motivos vários, não pude dar continuidade a essa parceria específica (fizemos outras bem bacanas e vamos fazer mais). Fico contente que meus colegas não tenham “largado o osso”, pois se dependêssemos do acompanhamento desse assunto pelos jornalões e telejornais, o resultado seria nulo. Marques e Sérgio são daquele tipo raro de repórteres que, correndo à margem da imprensa industrial, acreditam que o bom jornalismo consegue fazer a diferença na vida das pessoas e do ambiente.

A revista vai ser lançada em São Paulo nesta quinta-feira, 17.

Um trecho do post do Marques no blog Contradições Tropicais no País do Futuro dá ideia do que vem por aí:

Segundo a revista Observatório Social que será lançada na próxima quinta 17, políticos e empresários do Pará montaram um consórcio para abastecer a indústria mundial do aço com carvão do desmatamento e do trabalho escravo. Fazem parte do consórcio funcionários da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Os principais beneficiários do esquema são as companhias siderúrgicas que operam no pólo de Carajás, dentre elas a Cosipar, que em breve receberá um aporte de US$ 5 bilhões de investidores russos. Com o carvão do desmatamento fornecido pelo consórcio – e o minério de ferro da Vale, as siderúrgicas produzem ferro-gusa. Depois, vendem o produto para gigantes globais do setor de aço. São as mega empresas de aço que financiam a devastação da floresta, pois compram 90% da produção de ferro-gusa. São elas: Gerdau, TyssenKrupp, Kohler, WhirlpoolCorp, Nucor Corporation e National Material Trading Co. A Vale também é responsabilizada, ao não cumprir acordo de 2008 com o Ministério do Meio Ambiente, de só vender minério de ferro para quem usasse carvão certificado. …

Bookmark and Share


13

Aug

10

Mais uma ação contra o projeto da fosfateira

Mais uma ação judicial contra o projeto da Bunge (e parceiros) de construir uma indústria fosfateira em Anitápolis (SC): o procurador Gabriel Faria Oliveira, da Defensoria Pública da União, entrou ontem com a ação civil pública número 5006304-60.2010.404.7200, solicitando à Justiça Federal que determine aos responsáveis pelo projeto a realização de estudo de avaliação de riscos à saúde humana. A ação se refere a um questionamento formalizado em maio de 2009 pelo advogado Eduardo Lima, que representa a Associação Montanha Viva, contrária ao empreendimento.

Segundo o advogado, esse estudo deveria ter sido feito pelas empresas por causa do risco potencial do empreendimento à saúde dos habitantes de Anitápolis e região – conforme preconizam o Ministério da Saúde com base na Resolução CONAMA 420/2009 e o princípio do poluidor-pagador – norma de direito ambiental que consiste em obrigar o poluidor a arcar com os custos da reparação do dano por ele causado ao meio ambiente. A ação foi distribuída para o juiz Hildo Nicolau Peron, da 2a. Vara Federal Ambiental de Florianópolis.

Mais sobre a fosfateira aqui no blog

Bookmark and Share