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Bem-vindo, novembro
Em casa, depois de uma semana trabalhando em São Paulo e no Rio, cidades que eu não visitava há dois e sete anos. Foi uma viagem boa, cheia de encontros e reencontros, mas com pique acelerado. Revi uns poucos amigos, dos tantos que eu queria encontrar – Yan, que me abrigou em seu cafofo em Perdizes, e seu pequeno flamenguista Arthur, com quem brinquei de carrinhos hot-wheels; Marques, Mauricinho e Cris; mano Leo, que me levou pra conhecer sua chácara em São Lourenço da Serra; os compadres-cunhados Sônia e Neto + os lindões Corina e Bidu, com quem jantei uma deliciosa pasta italiana. Visitei a redação do Valor Econômico e conheci ao vivo pessoas com quem só me comunicava por telefone e e-mail.
Dois toques de tristeza: recebi a notícia da morte de tia Elcy, irmã de minha mãe que vivia em Niterói. E no dia 28, lembrei com intensidade dos 20 anos da morte de minha mãe, mas a agenda tava tão corrida que precisei deixar as memórias de lado (não sem antes me dar conta que, embora a saudade seja eterna, o tempo é rei e alivia as piores dores). Revi Botafogo – onde moramos em 2000 e 2001 -, regiamente instalado no apê do Raulzito. Fui ao aniversáro + despedida da Renata, que tá indo pra Moçambique com o marido. Caminhei pelas ruas do centro do Rio, andei de ônibus pelo aterro, almocei no Capela na Lapa, tomei café com o Zé Dassilva. De repente, entrei num tubo metálico voador e cá estou, no sossego do Campeche, ouvindo passarinhos pela janela e as brincadeiras de Miguel e Bruno. Viajar é bom, voltar é ótimo.
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Oct10
The big voyage
Tou há dias pra escrever sobre isso, mas a a fase é de correria, como você deve ter notado pelo espaçamento entre os posts. Há mais ou menos um mês, nossos amigos Eirik e Hélène Chambe-Eng, acompanhados dos filhos Adrian (12 anos), Viktor (10) e Iseline (7), trocaram o aconchego de sua casa em Oslo por uma aventura que é o sonho de muita gente: dar a volta ao mundo. Depois de meses de planejamento, definição do roteiro e providências práticas, eles começaram em grande estilo, voando pra San Francisco. Visitaram o Grand Canyon e outros lugares / amigos, foram pra Costa Leste e estão agora em New York. Daqui a pouco tempo, vão estar na Amazônia peruana. Em The big voyage, meu amigo viking está narrando com estilo e humor os deliciosos desafios de conhecer o planeta com três crianças durante sete meses. O nome do blog – que é bilíngue, em inglês e francês – se refere à família multicultural: Eirik e as crianças são noruegueses, Hélène é francesa.
Apenas duas cidades brasileiras estão incluídas no roteiro: Foz do Iguaçu e… Floripa! Sim, a grande notícia é que os amigos vêm nos visitar no fim do ano. A última vez que nos encontramos foi na primavera de 1997, quando nos hospedamos na casa deles em Oslo. Viajamos juntos pela Noruega (entre os lugares incríveis, o fiorde Preikestolen, da foto) e depois nos reencontramos em Praga. Sintonia perfeita entre dois casais então sem filhos. Havíamos nos conhecido numa viagem à Patagônia, em 1996, quando demos umas mochiladas juntos. Agora eles vão pintar pra uma visitinha com a prole, antes de prosseguir viagem rumo à Argentina, Chile, Polinésia e Austrália. Vai ser um verão divertido. Acho que vamos ter um bom futebol de praia.
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Aug10
Um adivinho me disse
Terminei hoje, depois de uma pianíssima leitura, Um adivinho me disse, de Tiziano Terzani, que a Lady Rasta recomendou e a Laura encontrou a preço de banana numa liquidação de livraria. É o tipo de narrativa que, quando a gente chega na última página, deseja que tivesse uma parte 2, a missão. Terzani (1938-1994), jornalista italiano que passou boa parte da vida na Ásia, conta de suas mochiladas por terra e mar no continente em 1993, depois que um adivinho o advertiu que aquele seria um ano perigosíssimo pra viajar de avião. Assim, de trem, navio, carro, riquixá, lombo de mula e a pé, ele sai de sua casa em Bangcoc para uma aventura que envolve não só a descoberta de povos e paisagens, como também um mergulho na própria existência.
Da conservadora Malásia à ditadura high-tech de Cingapura; de ilhas perdidas na Indonésia à efervescência de gente na China; das planícies mongólicas à estepe russa, ele nos convida a compartilhar belezas que, nestes tempos de turismo superficial, só os viajantes sem compromisso com o relógio têm tempo de encontrar. Pelo caminho, aproveita pra consultar os mais diversos tipos de adivinhos, alguns claramente charlatães, outros, possuidores de algum tipo de poder que os faz revelar coisas impressionantes sobre a vida dele. Há alguns momentos memoráveis de jornalismo, como o relato sobre o encontro com trabalhadores escravos acorrentados num campo cambojano, e os dias que passou no “Triângulo de Ouro” – fonte da maior parte da heroína consumida no mundo, entre Tailândia e Birmânia – como convidado do chefão do tráfico.
Terzani faz reflexões interessantes e melancólicas sobre a transformação da tradicional Ásia em uma sociedade ávida por bens de consumo, que se espelha no modo de vida ocidental e assim vai perdendo suas raízes. O livro é também uma forma de reencontro consigo mesmo. Ele revela que sofreu de depressão quando vivia no Japão, e que isso o levou a trocar um cotidiano chato e previsível pelas emoções da profissão de jornalista “on the road”. Também conta sobre sua descoberta da meditação vippasanaa (que Eliane Brum descreveu em brilhante reportagem na revista Época em janeiro de 2008), com um mestre e um assistente inusitados: um ex-agente da CIA e um general tailandês aposentado.
Um adivinho me disse foi pra mim uma espécie de continuação de jornada: em 1993, mesmo ano em que o jornalista vivia sua história, viajei a trabalho por seis países asiáticos durante três semanas. Tive conversas densas com pessoas que conheciam profundamente os países que percorri, mas o tempo foi rápido demais pra mergulhar com calma naquelas culturas. Ficou a lembrança de um impactante choque cultural e um gosto de “quero mais”. Terzani satisfez parte dessa sede com talento e sensibilidade. Só que deixou em mim outra vontade: ler outros livros dele.