29
Nov12
O Mundo Amanhã: a guerra virtual, parte 2
Na segunda parte do episódio com os Criptopunks, o debate é sobre a arquitetura da internet, a liberdade de expressão e as consequências da luta por novas políticas na web

Na luta pela liberdade na web, os Criptopunks lançam algumas luzes sobre a guerra virtual entre o compartilhamento livre e o roubo, o poder dos governos em intervir versus a liberdade de expressão – e as consequências dessa batalha.
“A arquitetura é a verdade. E isso vale para a internet em relação às comunicações. Os chamados ‘sistemas legais de interceptação’, que são só uma forma branda de dizer ‘espionar pessoas’. Certo?”, cutuca Jacob. “Você apenas coloca “legal” após qualquer coisa porque quem está fazendo é o Estado. Mas na verdade é a arquitetura do Estado que o permite fazer isso, no fim das contas. É a arquitetura das leis e a arquitetura da tecnologia assim como a arquitetura dos sistemas financeiros”.
O debate segue apoiado nas possíveis perspectivas para o futuro. Para os Criptopunks, as políticas devem se pautar na sociedade e nas mudanças que seguem com ela, não o contrário.
“Temos a impressão, com a batalha dos direitos autorais, de que os legisladores tentam fazer com que toda a sociedade mude para se adaptar ao esquema que é definido por Hollywood. Esta não é a forma de se fazer boas políticas. Uma boa política observa o mundo e se adapta a ele, de modo a corrigir o que é errado e permitir o que é bom”, diz Jeremie.
Mas a busca por novas políticas e uma nova arquitetura tem seu preço. Jacob, detido várias vezes em aeroportos americanos, conta: “Eles disseram que eu sei por que isso ocorre. Depende de quando, eles sempre me dão respostas diferentes. Mas geralmente dão uma resposta, que é a mesma em todas instâncias: ‘porque nós podemos’”.
E provoca: “A censura e vigilância não são problemas de ‘outros lugares’. As pessoas no Ocidente adoram falar sobre como iranianos e chineses e norte-coreanos precisam de anonimato, de liberdade, de todas essas coisas, mas nós não as temos aqui”.
Assista a entrevista a seguir, ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.
Esta é a nona de uma série de 12 entrevistas que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, fez com líderes e pensadores contemporâneos. DVeras em Rede publica O Mundo Amanhã em parceria com a Agência Pública e o WikiLeaks.
17
Oct12
Marzouki, um rebelde na presidência
O MUNDO AMANHÃ
Na entrevista desta semana, Julian Assange conversa através de medialink com o presidente da Tunísia, o ex-exilado Moncef Marzouki

Mas, passada a euforia, fica o desafio: como conduzir um governo que realmente capaz de mudar a vida da população tunisiana?
“Você ficou surpreso com a falta de poder ao se tornar presidente?”, pergunta ao presidente eleito no país, Moncef Marzouki. “Eu estou descobrindo que o fato de ser chefe de Estado não significa que você tenha todo poder”, responde o líder tunisiano.
Marzouki é médico e opositor de longa data do ditador Zine El-Abidine Ben Ali, o que o levou à prisão várias na década de 1990. Fundou o Comitê Nacional em Defesa dos Prisioneiros de Consciência e foi presidente da Comissão Árabe de Direitos Humanos. Em 2002, exilou-se na França onde, junto com outros tunisianos na mesma situação, fundou o partido político Congresso pela República.
Desde 2001, ele declarara que pressões externas e revoltas armadas não derrubariam Ben Ali, mas sim um movimento popular que empregasse os métodos da resistência civil. Em janeiro de 2011 a Tunísia mostrou que ele estava certo. Depois da queda de Ben Ali, Marzouki voltou do exílio para anunciar sua candidatura e foi eleito presidente interino pela nova Assembleia Constituinte da Tunísia, em outubro de 2011.
A grande pergunta, nas palavras de Assange, é: “Moncef Marzouki, ativista pelos Direitos Humanos, deve agora liderar o Estado que o aprisionou. Poderá ele transformar o Estado?”.
10
Oct12
Comunista x Sionista
Nesta segunda entrevista da série O Mundo Amanhã, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, entrevista dois intelectuais de espectros opostos do pensamento: o comunista Slavoj Žižek e o sionista David Horowitz. As entrevistas estão sendo publicadas pela primeira vez com legendas em português numa parceria com a Agência Pública.
O intelectual superstar Slavoj Žižek é conhecido por suas contribuições à teoria da psicanálise, à crítica cultural e à política, na qual sempre se engajou para além das discussões acadêmicas – ele foi candidato à presidência da Eslovênia nos anos 90. Cultuado pela jovem vanguarda intelectual europeia, esse notório provocador se define como leninista mas também como lacaniano. Já David Horowitz é um soldado linha dura do pensamento conservador americano – e um sionista sem o menor pudor. Nos anos 60 e 70, foi uma liderança de esquerda na cidade californiana de Berkeley. Depois de colaborar com os Panteras Negras, começou seu caminho sem volta para a direita. Hoje, seu instituto faz campanhas contra influências islâmicas e de esquerda na mídia, na academia e na política.
Este encontro entre mentes tão diferentes é, no mínimo, acalorado. “Você é um apoiador da coisa mais próxima que temos do nazismo”, diz Horowitz. “Você apoia os palestinos. Eu não vejo como diferenciar os palestinos, que querem matar os judeus, dos nazistas”.
Irritado, o esloveno dispara: “Desculpe, você já foi à Cisjordânia?”.
Em alguns momentos, Assange tem que segurar o exaltado Žižek, embora seu adversário esteja em outro continente.
“Nós, totalitários das antigas, deveríamos, nos juntar e nos livrar deste liberal aqui!” brinca Žižek para Horowitz, referindo-se a Assange.
O tom da conversa varia entre o antagônico e o bem humorado; os três falam de personalidades que vão de Stalin a Obama, do conflito entre Israel e Palestina, do desejo da liberdade ao Estado de vigilância,- passando, é claro, pelo trabalho o WikiLeaks, considerado “perigoso” por Horowitz.
No final, Žižek conclui: “Isso foi uma loucura!”.
Veja a seguir o episódio, ou clique aqui para baixar a entrevista completa.
03
Oct12
Hezbollah propôs à oposição síria negociar com Assad
A partir de hoje, DVeras em Rede, em parceria com a Agência Pública, passa a divulgar a série O Mundo Amanhã, de 12 entrevistas em vídeo realizadas pelo fundador do WikiLeaks, Julian Assange, com personalidades da geopolítica e cultura internacional, para o canal de televisão russo RT. Cada episódio tem cerca de meia hora de duração e será publicado às 18h das quartas-feiras, pela primeira vez no Brasil com legendas em português.
Na primeira entrevista da série, o fundador do WikiLeaks entrevista o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah
“Você lutou contra a hegemonia dos Estados Unidos. Alá ou a noção de Deus não é o máximo superpoder?”, pergunta Julian Assange ao secretário-geral do Hezbollah. A pergunta, que soa ainda mais provocativa em tempos de protestos no Oriente Médio contra o vídeo que satirizava o profeta Maomé, resume a postura do criador do WikiLeaks na primeira – e polêmica – entrevista da série “O Mundo Amanhã”. Nela, Assange entrevista pensadores, ativistas e líderes políticos em busca de ideias que podem mudar o mundo.
O partido Hezbollah é membro do governo libanês, mas seu braço militar foi descrito como “a guerrilha mais proficiente do mundo”. Sob a liderança de Nasrallah, o Hezbollah administrou a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano no ano 2000 e a vitória tática sobre Israel na guerra de 2006. Sayyed Nasrallah foi nomeado uma das pessoas mais influentes do mundo pelas revistas americanas Time e Newsweek. A sua reputação alcança diferentes divisões sectárias e países, e ele é reverenciado ou vilipendiado por milhões de pessoas no Oriente Médio e no mundo todo.
Esta é a primeira entrevista de Nasrallah feita em inglês em uma década. Enquanto os conflitos se acirram no Oriente Médio, Assange aborda temas espinhosos como a posição de Hezbollah – visto como grande aliado do regime de Assad – no conflito da Síria. “Somos amigos da Síria, mas não agentes da Síria”, responde o libanês, antes de revelar que o Hezbollah procurou setores da oposição síria para pedir que dialogassem com Assad, sem sucesso.
Impossibilitado de deixar a Inglaterra, onde estava em prisão domiciliar, Assange entrevista Nasrallah através de um videolink na casa onde esteve por mais de 500 dias. Por sua vez, Hassan Nasrallah participa da entrevista na sede do Hezbollah no Líbano, cuja localização exata é mantida em segredo por segurança. É lá que ele trabalha sob constante medo de ser assassinado por diferentes grupos e Estados.
Assista a seguir à entrevista.