10
Apr10
Uma repórter brasileira em Bangcoc
Minha primeira leitura neste sábado foi o blog Presença de Anita, em que a jornalista Anita Martins – filha do colega Celso Martins, aqui de Floripa – faz o diário de bordo de sua viagem pelo Sudeste Asiático. No momento ela está na Tailândia, onde teve a oportunidade (a sorte, dizemos nós repórteres) de presenciar de perto um conflito entre militares e o grupo “camisas vermelhas”, manifestantes que fazem oposição ao governo e querem novas eleições. Anita, que está vivendo na Austrália, já percorreu nessa viagem Tasmânia, Indonésia e Cingapura. Sabe-se lá até onde vai. Seu blog está uma delícia.
p.s.: Mundo pequeno… Enviei pra lista Salinha do C.A. o link pro blog dela e, uns dois minutos depois, a própria respondeu de Bangcoc:
Eita, coisa rapida, hein. Hehehe. Sabe como eh pai ne, gente!?
Aproveito a deixa pra dizer que se alguem quiser um frila, to por aqui. Contatos: anitamartins11@hotmail.com/ anmartins11@gmail.com/ anmartins11 (skype).
Beijos e me desejem boa sorte, please
08
Apr10
Da arte de caminhar nas nuvens
Certa vez, Laura e eu fomos à praia do Campeche às 7h da manhã, pra espairecer a cabeça de um problema imobiliário que nos incomodava na época. Havia uma camada densa de neblina rasteira sobre a areia. Caminhamos meia hora literalmente no meio das nuvens, sem enxergar nada além de 10 metros. De repente, a neblina acabou, como que cortada por uma faca. E um dia lindo de sol apareceu. O problema se evaporou – o tempo mostrou que era irrelevante, ponto de partida pra uma longa viagem que depois fizemos.
Escrevi isto comentando o post Alvoradas oníricas, do amigo, vizinho e colega frila Mauricio Oliveira.
07
Mar10
Cartografia da memória: Stavanger
Stavanger, no sudoeste da Noruega, é a terceira maior cidade do país, com 190 mil habitantes. Limpa e sossegada, com arquitetura quase frugal, nem parece fazer jus à sua fama de capital do petróleo desse país nórdico. Suas casas são quase todas de madeira, pintadas de branco ou de cores claras. A comunidade vive com conforto, mas sem sinais evidentes de ostentação.
Stavanger foi nosso ponto de partida pra uma excursão que Laura e eu fizemos na primavera de 1997 – acompanhados dos amigos Eirik e Hélène – à Preikestolen, “pedra do púlpito”. Pra chegar até lá é preciso primeiro pegar um ferry-boat, depois rodar um pouco de carro e caminhar por uma trilha de duas horas e meia, sempre subindo. Preikestolen é uma “torre” natural de granito no alto de um paredão vertical de 604 metros que bordeia o fiorde Lyse. Lugar de beleza extraordinária, onde tive um epifania que conto outra hora.
Ficamos hospedados no apartamento do simpático Kai Hennig, arquiteto amigo de Eirik e Hélène (eu o reencontrei faz pouco tempo, com a ajuda do Facebook). Fizemos muitas caminhadas pelas ruas e pelo porto. Lembro que quebrei uma taça de cristal num restaurante. De Stavanger seguimos de barco costeando os fiordes rumo a Bergen, mais ao norte.
Fotos: Laura Tuyama
07
Mar10
Cicloexpedición por Suramérica
Recebi pela lista Campeche e passo o convite adiante.
VIACICLO – ASSOCIAÇÃO DOS CICLOUSUÁRIOS DA GRANDE FLORIANóPOLIS
CICLOEXPEDICIóN POR SURAMÉRICA
BICICLETADA FLORIPAC O N V I D A M
CICLOEXPEDICIóN POR SURAMÉRICA: INTERCÂMBIO DE EXPERIÊNCIAS
Debate com David Vanegas e Diego Cardona, integrantes da “Cicloexpedión por Suramérica”, projeto composto por 14 ciclistas colombianos que estão percorrendo todos os países sul americanos para promover a bicicleta como um veículo da paz, da sustentabilidade e da igualdade entre os povos
Dia 09/03/10 – Terça-feira – 19h
Auditório do Depto. Arquitetura/UFSC – Florianópolis/SC – Ver mapa em http://tinyurl.com/reunioesConheça o projeto em www.cicloexpedicionporsuramerica.org
Mais informações sobre o evento em www.viaciclo.org.br
03
Feb10
Navegações da infância
1972. Meu irmão André (à direita) e eu brincando sobre um bote salva-vidas no navio Leopoldo Peres, que descia o rio Amazonas de Manaus a Belém. Retornávamos a Recife, depois de um período de dois anos em que nossa família morou na capital amazonense. Um tempo intenso que nós, na inocência de seis e quatro anos, não conseguimos captar na totalidade (e quem consegue?). Mas intuímos nos fragmentos de conversas dos adultos, passeios de barco, cheiros de chuva, mato e frutas estranhas, reflexos de luz naquele mundo de mistérios, naufrágios e águas grandes. Arrisco dizer que muito do que sou hoje se deve às experiências vividas na infância amazônica. Manaus, na época, tinha em torno de cem mil almas – uma provinciazinha em comparação com a atual metrópole inchada de 1,7 milhão de habitantes. Os “banhos” – passeios a igarapés que nos encantavam nos fins de semana – foram engolidos pela onda urbana e estão cada vez mais distantes. Mas, na essência, a cidade continua uma ilha humana rodeada de floresta úmida e água por todos os lados. A sensação de pequenez diante do universo, de deslumbre com a enormidade da natureza, foi tão marcante que me acompanha sempre.
Uma cena que se repetiu algumas vezes na viagem me impressionava. Quando ancorávamos em algum porto, caboclinhos com a minha idade ou menos remavam em canoas até o casco do navio e pediam coisas. Os passageiros amarravam roupas, comida e dinheiro em sacos plásticos e os jogavam na água. Os meninos iam nadando como peixes e recolhiam as doações. Outra lembrança: em cima desse bote salva-vidas, ou de outro parecido, esqueci um cavalinho de borracha natural que havíamos comprado no porto de Santarém. Quando dei por mim, o bicho tinha derretido no sol forte e se transformado no que hoje me pareceria uma obra de arte conceitual. Enquanto eu enxugava as lágrimas, o navio descia a correnteza em direção ao mar, me dando as primeiras lições de transformação e impermanência. Desde então, só retornei ao Amazonas uma vez, em 1990, por alguns meses. Já tá quase na hora de ir de novo.
p.s.: Foto de Sara Veras, minha mãe, digitalizada pelo amigo Michel. O slide tinha perdido as cores originais e estava arranhado, então dei uma fotoxopada restauradora e converti pra preto e branco.
p.s.2: O navio Leopoldo Peres naufragou na década de 80, depois de uma colisão com uma fragata da Marinha.
p.s.3: Já leu Milton Hatoum? Recomendo. Literatura amazônica e universal.
p.s.4: Já contei essa história do cavalinho aqui antes, mas só por alto, sem foto. E se tem uma coisa com que não me preocupo é me repetir.
01
Feb10
Domingo das águas
Comemorei 44 anos de um jeito que adoro: junto com os amados, visitando um lugar quase inexplorado, no sossego do mato. Eita cantinho lindo! A Cachoeira do Salto fica no município de Águas Mornas, perto da estrada que dá acesso a São Bonifácio, na subida da serra, a uns 60 km de Floripa.
Quem deu a dica foi o Botelho, nosso correspondente especial para assuntos aleatórios e especialista em líquidos espumosos. Uma hidromassagem dessas remoça a gente.
Na volta, paramos pro tradicional lanche de pamonha, rosquinhas e caldo de cana em Santo Amaro da Imperatriz. Não é preciso de muita coisa pra gente ser feliz.
p.s.: No começo da trilha há uma placa informando que a área está à venda. Checamos o preço: o sítio com aquele pedacinho de paraíso custa R$ 350 mil. Se você comprar, cuide bem!
Foto: Ana Tuyama
28
Jan10
Frases sobre viagem
The 50 Most Inspiring Travel Quotes Of All Time – um link irresistível pra quem, como eu, adora viajar e colecionar frases inspiradas. Pincei estas cinco:
“Travel is fatal to prejudice, bigotry , and narrow-mindedness.” – Mark Twain
“A journey is like marriage. The certain way to be wrong is to think you control it.” – John Steinbeck
“One’s destination is never a place, but a new way of seeing things.” – Henry Miller
“Like all great travelers, I have seen more than I remember, and remember more than I have seen.” – Benjamin Disraeli
“All journeys have secret destinations of which the traveler is unaware.” – Martin Buber
[do site Brave New Traveler, via @Cacodepaula]
22
Jan10
Adeus, Fanto
Fantopantas, o querido buldogue da família, morreu hoje no fim da tarde. Meu sobrinho Pedro o encontrou deitado junto à parede da varanda da casa da dona Nilza, mãe da Laura. Provavelmente teve um infarto provocado por problemas respiratórios – comuns nessa raça, por causa do focinho achatado. Fanto tinha ido ao veterinário anteontem ao passar mal por causa do forte calor. Mas foi medicado, a temperatura ficou mais amena hoje e ele aparentava estar bem. Nos próximos dias, ia tirar radiografias e fazer exames. Não deu tempo, o coraçãozinho não aguentou. Fanto foi enterrado no jardim, ao pé de uma árvore de Nim plantada pelo meu saudoso sogro Augusto Tuyama (que partiu há quase dois anos). Era um companheirão, deixa muita saudade. E mais não digo, porque há coisas que não cabem nas palavras.
16
Nov09
Brunitezas: viagem a Curitiba e Morretes
Bruno e as 3 coisas de que mais gostou na viagem a Curitiba/Morretes deste fim de semana:
- A escada da cama…
a cadeira do trem…
e o café da manhã na padaria.
~
Ah, a grande novidade é que ele já não precisa de fralda pra dormir.
15
Oct09
Histórias do Brasil Caipira
Em homenagem ao amigo Marques Casara, aniversariante do Dia da Criança, aí vai uma crônica dele de 2000. É o piloto de uma série que se chamaria Histórias do Brasil Caipira, a ser publicada na revista digital Guru de Viagem – projeto que terminou não saindo da prancheta, por conta do estouro da bolha da internet. Fica a esperança de que essas histórias ressurjam num blog do Casara ou em outro lugar qualquer. Com certeza ele tem muito o que contar.
p.s.: Esta crônica sai do fundo do baú pelas mãos do Rogério Mosimann, pai da ideia do Guru de Viagem e de outras tantas, meu companheiro de aventuras digitais e etílicas no Rio, no Chile e em Floripa.
Viagem sem fim
Coloquei na mochila duas calças, uns três shorts, camisas, um pacote de maços de cigarro, um canivete e fui pra rodoviária começar a viagem mais longa da minha vida. A idéia era sair de Chapecó, interior de Santa Catarina, passar por São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, conhecer a Amazônia, ver o encontro das águas no Rio Negro, visitar Belém, tomar umas cervejas em Goiás e estar de volta em 30 dias. Contornar o Brasil, encontrar pessoas, pegar muita carona e gastar o mínimo possível. Nunca mais parei de viajar desde então, 13 anos atrás. Conheci tanta gente que as agendas se perderam pelo caminho. Sobraram recordações, amores, medos e algumas alegrias.Viajar é percorrer a estrada da vida que risca o horizonte das incertezas. Pra onde vou? Sei lá… Outro dia eu estava sentado na beira de um rio no Vale do Curuçá, interiorzão da Amazônia. O barco que nos levava jazia emborcado no leito lamacento, abatido por um tronco que chegou sem anunciar-se. Eu esperava o resgate, carona que me levasse de volta pra casa. Pensava, olhando as lontras que reclamavam aos gritos da minha presença em seu mundo, que aquela viagem, iniciada há 13 anos, ainda não chegara ao fim. Nunca mais fui o mesmo depois que ajustei as cordas da mochila e dei adeus à namorada, que ficou com o coração na mão e a certeza de que eu nunca voltaria.
As estrelas de leite que iluminam a noite da floresta me tornaram contemplativo e questionador. Quando essas árvores forem devoradas pelos monstros de lata, derem lugar aos arranha-céus do apocalipse, o mundo vai virar de ponta cabeça e a dor do índio será soterrada pelo entulho concreto dos edifícios de areia. Triste sina de nosso povo, que cresceu em tecnologia mas não aprende a respeitar diferenças étnicas e culturais.
O dia clareava sobre a rodoviária quando embarcamos, eu e meu amigo, para essa viagem de um mês que ainda não acabou. O ronco do Scânia de 38 lugares ainda ressoa em algum ponto perdido da memória. Fica mais forte na medida em que puxo pela recordação, recomeço essa viagem pelo Brasil.Se quiser, venha comigo nessa boléia. Troque idéias sobre os temas que vamos encontrar pelo caminho. Uma viagem sem cinto de segurança, repleta de muita aventura e histórias curiosas. Vamos nessa! (05.12.2000)Marques Casara é jornalista e diretor de documentários. Acha que o Brasil é bem maior do que a gente pensa e por isso, sempre que pode, sai em busca de boas histórias para compartilhar com seus conterrâneos. Trabalhou para grandes revistas e emissoras de televisão. Atualmente, atua na área de projetos da Editora Abril.