24
Jun10
No mesmo time
Da Alemanha, Nane comenta o gol de Özil.
Lamentavelmente ando sem tempo para acompanhar os jogos da Copa, muito menos para pensar em comentá-los, por mais agradável que sejam estes fenômenos sociais, capazes de movimentar o mundo. Mas a partida de ontem merece dois minutos de atenção:
Ficou gelado o país durante o dia todo. Gelado, silencioso e tenso. Só mudou de cara quando o narrador da rádio italiana, na pizzaria aqui perto e provavelmente em todas as pizzarias do país, anunciou o gol do turco Özil, dois minutos antes da televisão. Junto aos gritos, abraços e apertos de mão. Abraçaram-se turcos e o restante dos habitantes deste país, como se este fosse o motivo que faltava para chegar bem perto um do outro, se olhar nos olhos e se surpreender com a revelação: estamos jogando no mesmo time!
Abs,
nane
22
May10
O paradoxo das escolhas
Este vídeo tem 19’40″ e vale cada segundo. Barry Schwartz fala no TED sobre um paradoxo da vida moderna, cujo dogma é que a felicidade está vinculada à liberdade de escolher. Para ele, o excesso de opções na verdade traz paralisia e frustração. “O segredo da felicidade está em ter baixas expectativas”, brinca, a sério. “Quanto mais opções nos são oferecidas, mais ficamos desapontados com as eventuais escolhas erradas que fizemos”, diz, lembrando que essa pressão por não falhar leva a muitos casos de depressão e suicídio. Em resumo: “Não há dúvida de que alguma escolha é melhor que nenhuma, mas isso não significa que ter mais escolhas é melhor que alguma escolha”. Schwartz aponta a falsidade do mantra moderno de que não há limites para o que podemos fazer: “A ausência de algum aquário metafórico é uma receita para a infelicidade e, eu suspeito, o desastre”. Essa análise toda se aplica, claro, ao mundo ocidental capitalista desenvolvido, pois nos lugares miseráveis do mundo, o problema é a falta do que escolher. Nesse sentido, ele também faz uma interessante sugestão: a de que distribuir renda traz felicidade tanto para as pessoas pobres quanto para as que doam, pois estas estão abrindo mão da pressão para escolher tanto.
[vi este vídeo no blog Nãoenchequejátoucheia, valeu!]
p.s.: Vídeo em inglês, com legenda em várias línguas, inclusive português do Brasil.
09
May10
Piada cubana
Catei essa no blog do Noblat:
En Cuba, un niño regresa de la escuela a su casa, cansado y hambriento y le pregunta a su mamá:
- Mamá, que hay de comer?
- Nada, mi hijo.
El niño mira hacia el papagayo que tienen y pregunta:
- Mamá, por qué no papagayo con arroz?
- No hay arroz.
- Y papagayo al horno?
- No hay gas.
- Y papagayo en la parrilla eléctrica?
- No hay electricidad.
- Y papagayo frito?
- No hay aceite.
El papagayo, contentísimo, gritó:
- PUTA QUE TE PARIó! VIVA FIDEL!!!
07
Apr10
Conferência de Economia Solidária
Recebi pela lista Campeche e compartilho.
Conferência de Economia Solidária debate alternativa viável ao desenvolvimento sustentável
Florianópolis abre, na próxima quinta-feira (8), a série de oito Conferências Regionais de Economia Solidária em Santa Catarina, preparatórias à etapa estadual, prevista para 23 e 24 de abril, em Lages. É a segunda vez que todo o Brasil realiza conferências oficiais tratando de políticas públicas relacionadas à economia solidária. Os debates iniciam às 8h 30min, na Assembléia Legislativa. A temática da II Conferência Nacional é “Pelo direito de produzir e viver em cooperação, de maneira sustentável”.A economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição da riqueza em que os resultados são voltados à valorização das pessoas, e não dirigidos à simples acumulação de capital. Baseada no trabalho coletivo e na sustentabilidade de suas ações, ela valoriza o respeito ao meio ambiente e a idéia de que o trabalho tem uma perspectiva libertadora.
Hoje existem em Santa Catarina mais de 1 mil iniciativas solidárias, desde associações de artesãos e artesãs, até cooperativas de agricultores e agricultoras, todas alcançando resultados significativos, mesmo sem uma política estadual voltada ao setor.
“Esperamos que esta conferência reconheça a economia solidária como uma proposta de política pública e que seja reconhecida enquanto uma estratégia de desenvolvimento sustentável”, afirma Fernando Batista, representante da Ação Social Arquidiocesana, uma das entidades que compõe a Comissão de Organização da Conferência em SC.
Para Fernando, outro resultado esperado no debate é a ampliação de atores sociais no processo de formulação de políticas voltadas à economia solidária, além dos que já integram o Fórum Regional.A Conferência
A expectativa é de que dezenas de pessoas ligadas ao setor participem dos debates na Conferência Regional de Florianópolis. O regimento, em nível nacional, estabelece a participação de representantes de empreendimentos de economia solidária, entidades de apoio e fomento e do Poder Público.
Ao todo, serão três os eixos temáticos, apresentados em um documento base para as discussões. O primeiro eixo destaca a necessidade de uma visão contextualizada da economia solidária na conjuntura econômica e social, caracterizada por uma crise global ou de múltiplas dimensões. O segundo trata dos desafios e das proposições para o reconhecimento das formas de organização da economia solidária. O terceiro aborda as dificuldades e proposições para a organização de um Sistema Nacional de Economia Solidária.
A plenária de abertura da Conferência, “Economia solidária como estratégia de desenvolvimento sustentável”, demonstra o rumo que as discussões também tomam em nível nacional.
Os principais objetivos destas conferências é de realizar um balanço sobre avanços, limites e desafios do setor e das políticas públicas dirigidas a economia solidária; avançar no reconhecimento do direito a formas de organização econômicas alternativas, baseadas no trabalho associativo, na propriedade coletiva, na cooperação e na autogestão; propor prioridades, estratégias e instrumentos de programas de economia solidária e promover a articulação entre Poderes Públicos, organizações e pessoas que constroem a economia solidária.
O Conselho Nacional de Economia Solidária (CONAE) é o responsável pela convocação oficial da Conferência. A primeira ocorreu em junho de 2006.
PROGRAMAÇÃO
II Conferência Regional de Economia Solidária
“Pelo Direito de Produzir e Viver em Cooperação de maneira Sustentável”Data: 8 de Abril
Local: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina – ALESC
Sala das Comissões nº 18h 30 – Credenciamento dos/as delegados/as
9h – Abertura
9h 30 – Leitura e Aprovação do Regimento da II Conferência Regional de Economia Solidária
10h – Palestra: A economia solidária na região de Florianópolis: percepções e desafios
10h 30 – Intervalo
10h 45 – Eixo temático I: Avanços, limites e desafios da Economia Solidária no atual contexto socioeconômico, político, cultural e ambiental nacional e internacional. Eixo temático II: Direito a formas de organização econômica baseadas no trabalho associado, na propriedade coletiva, na cooperação, autogestão, na sustentabilidade e na solidariedade, como modelo de desenvolvimento.
11h 30h – Debate
11h 45 – Eixo temático III: Prioridades, estratégias e instrumentos efetivos de atuação e de organização de Políticas e Programas da Economia Solidária.
12h 30 – Debate
12h 45 – Intervalo
14h – Trabalhos em Grupos por eixos (I, II e III)
16h – Intervalo
16h 15 – Apresentação dos grupos com as contribuições para a Conferência Estadual
17h – Eleição dos/as delegados/as para a Conferência Estadual de Economia Solidária
18h – Encerramento
19
Dec09
Acórdão da Casan
Esta é a íntegra da decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região, mantendo por 120 dias o embargo à obra da estação de tratamento de esgoto que a Casan pretende construir no Rio Tavares, em Florianópolis – a 700 metros da reserva ambiental marinha do Pirajubaé.
17
Dec09
Justiça mantém embargo a obra de esgoto da Casan
O Tribunal Regional Federal da 4a. Região publica amanhã uma sentença confirmando o embargo às obras da estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE) que a Casan quer construir no Rio Tavares, ao lado de uma área de preservação ambiental no Sul da Ilha de SC. A sentença atende ao agravo de instrumento com efeito suspensivo impetrado pela procuradora federal Giorgia Sena Martins (recomendo a leitura da íntegra).
Resumindo, pra quem pegou o assunto pela metade: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) havia embargado a ETE por causa da grave ameaça ambiental que ela representa. A Casan recorreu e o embargo foi suspenso pela Vara Federal Ambiental de Florianópolis. Agora, com a decisão do TRF, a obra volta a ser paralisada. Em sua ação, muito bem fundamentada, a procuradora baseou-se no princípio da precaução. Trechos:
(…)a ETE na localidade proposta, reconhecidamente sensível, em função de sua proximidade com o manguezal do Rio Tavares (totalmente inserido dentro da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé), abrigando nascentes do mesmo rio. (…)
o despejo de esgoto sanitário de um outro bairro (densamente povoado), o Campeche, na mesma coleção hídrica [reserva ambiental marinha do Pirajubaé], que pode conduzir irremediavelmente ao colapso da proteção ambiental. (…)
(…) esperar que o dano ocorra, após concluída a obra, para embargar a atividade, demandará mais tempo e custos ao erário, prejudicando sobremaneira o cidadão. Isto sem mencionar a possibilidade de que tais danos possam comprometer seria e irremediavelmente os recursos naturais que se pretende proteger.
O momento, portanto, é agora. Assim, é imperiosa a necessidade de que o presente agravo seja processado com efeito suspensivo. (…)
É mais importante para toda a coletividade que o esgoto seja adequadamente tratado ou que as obras sejam concluídas imediatamente? Quais os interesses que merecem ser tutelados?(…)
A decisão judicial é um golpe duro no projeto irresponsável e ilegal da Casan. Na prática, também barra a intenção da empresa de empurrar goela abaixo da população um emissário submarino que iria emerdear o mar do Campeche e região. Existem alternativas bem mais razoáveis e é o momento de debatê-las.
05
Dec09
Manifestação contra o emissário submarino
Recebi e passo adiante.
CONVITE
Convidamos toda a família para participar de uma ação comunitária por uma praia mais limpa. A CASAN está querendo construir um emissário de esgotos na Praia do Campeche, que receberá os efluentes da Estação de Tratamento do Rio Tavares. O problema é que o tratamento alcançará, segundo a própria CASAN, 80% do total do esgoto recebido. Além disso, receberá esgoto de Sambaqui, Santo Antonio de Lisboa, Cacupé, João Paulo, Saco dos Limões, Costeira do Pirajubaé, Carianos, Tapera, Ribeirão da Ilha, Pântano do Sul, Armação, Campeche, Rio Tavares e Lagoa da Conceição! Sentiu o drama? Então venha participar dessa manifestação em defesa da nossa praia, que consistirá na destruição simbólica de uma réplica de emissário. Este emissário de mentira, construído com material reciclável, sairá de frente da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes e será levado até à praia, acompanhado pela população que fará uma espécie de ‘cortejo fúnebre’. Junto com ele, irão as crianças e jovens que simbolizarão os cardumes de peixe que morrerão se não fizermos nada. Cada cardume com sua bandeira e sua cor. Será um evento bem bonito e importante, construído de forma autônoma pela própria comunidade do sul da ilha que deseja buscar outras alternativas ao projeto do emissário.
Quando: domingo, dia 06/12, as 10 horas
Onde: em frente à escola Brigadeiro Eduardo Gomes, no final da Av. Pequeno Príncipe
Participe, manifeste-se!
28
Nov09
Fosfateira de SC na mídia norueguesa
Santa Catarina foi objeto de reportagem do jornalista Erik Hagen, da ong Norwatch – organização que monitora as atividades das corporações norueguesas pelo mundo -, exibida ontem na tevê nacional da Noruega. A Bunge (americana) e Yara (norueguesa), com apoio do governo do estado de SC, planejam construir uma mina de fosfato que pode detonar a Mata Atlântica em Anitápolis, a 100km de Floripa. O projeto ameaça animais em risco de extinção, mananciais e a segurança da população da região. É tão temerário que foi congelado em liminar concedida pela Justiça Federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região. As empresas recorreram.
Uma versão escrita da reportagem está no site da Norwatch. O bicho vai pegar no país escandinavo, pois a Yara, por ser parcialmente estatal, é de grande interesse público. E o governo norueguês fica de saia justa, pois no ano passado anunciou a doação de um bilhão de dólares até 2015 para um fundo de conservação da Amazônia. Imagino – talvez esteja sendo otimista em excesso? – que a pressão dos contribuintes vai terminar levando a Yara a rever seu projeto predatório. Quanto à Bunge, até agora, repercussão zero nos Estados Unidos. Alguém aí chama o Michael Moore?
p.s.: Dica pra ler reportagem em norueguês, em tradução automática imperfeita, mas aceitável: abrir o http://translate.google.com e colar no formulário o endereço do site. O resultado está aqui. Dá pra fazer o mesmo com as duas outras partes do texto (1 e 2).
27
Nov09
EaD e discriminação
Recebi do Rubinho Chaves Vargas, assessor de imprensa da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, uma notícia que dá no que pensar: foi aprovado um projeto de lei [pdf] do deputado-professor Sérgio Grando (PPS) punindo a discriminação contra pessoas formadas por meio de ensino a distância. Incrível que, em plena “sociedade da informação”, ainda seja preciso estabelecer em lei que ninguém pode ser excluído por causa da maneira como aprende. “Na real é uma posição de protesto de SC contra uma onda nacional de discriminação”, comenta o amigo João Vianney, que atua na área há bastante tempo.
Quem já fez cursos a distância de qualidade sabe que é uma grande bobagem achar que essa modalidade de ensino é menos efetiva que a presencial. Banda larga, por si só, não transforma jumento em dotô, mas potencializa coisas incríveis se usada com inteligência e criatividade. A tal “inclusão digital” (quando escuto o termo, me encosto na parede) precisa chegar também às cabeças que tomam as grandes decisões que influenciam a todos. Não com uma abordagem utilitarista rasa, mas com insights que as ajudem a descobrir os saltos evolutivos que podem dar ao se abrir pro mundo.
07
Nov09
"Sequestro estilo Camorra"
Vídeo da manifestação à qual Yoani Sanchez foi impedida de participar.
A filóloga e blogueira cubana Yoani Sanchez foi sequestrada e espancada ao se dirigir para uma marcha contra a violência. Ato infame da polícia política de um regime que está caindo de podre. Recomendo ler a íntegra do texto de Yoani. O início:
Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro -de fabricación china- a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.
Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento. (…)