04
Apr19
Dois filmes bons, um filme bosta
CANDELÁRIA (2017), do diretor cubano Jhonny Hendrix, se passa no chamado “regime especial”, na década de 1990, quando o fim da União Soviética provocou penúria no país caribenho. Os aposentados Candelária e Victor Hugo quebram a rotina de privações e tédio quando ela encontra uma câmera de vídeo roubada e eles começam a filmar suas brincadeiras eróticas. Um dia a câmera desaparece, com consequências inesperadas. Trata de amor na velhice com delicadeza e talento.
MANOS SUCIAS (Mãos Sujas, 2014), do colombiano Josef Kubota Wladyka, acompanha a jornada perigosa de um pescador e seu amigo adolescente que viram “mulas” do tráfico de cocaína e transportam uma carga de barco até o Panamá pela costa do Pacífico. Tensão e suspense do princípio ao fim, numa história bem contada que mostra um pouco do cotidiano das comunidades negras locais. Ganhou o festival de Tribeca como melhor narrativa de novo diretor.
TRIPLE FRONTIER (Operação Fronteira, 2019), de J.C. Chandor. O personagem interpretado com a habitual canastrice por Ben Affleck se une a amigos mercenários pra roubar uma fortuna em dólares na casa de um traficante no Brasil. Depois de muitos tiros contra bandidos latinos estereotipados e perseguições inverossímeis, eles fogem cruzando os Andes peruanos (ok, a paisagem é linda). Clichês em abundância sobre ganância, lealdade, pecado e redenção, até o final previsível. Se você tiver algo melhor pra fazer, não perca seu tempo.
Todos estão disponíveis no Netflix. Grato ao Mauro Sniecikowski pelas duas primeiras dicas certeiras. A terceira é de minha inteira responsabilidade.
21
Jun15
FAM 2015: amor, arte, sonhos e resistência
Sábado de fortes emoções no FAM, em dois filmes que dialogam entre si ao falar de amor, arte, sonhos e resistência. Primeiro, Desculpe pelo transtorno: o Bar do Chico. Debulhei lágrimas vendo a história desse homem querido que aglutinou tanta gente boa. Seu Chico e o bar já não estão mais aqui, mas viraram símbolo da luta de todos os que amam Floripa contra os que só amam o dinheiro. História local com ecos universais, o documentário já está inscrito em mais de 40 festivais pelo mundo.
À noite, vimos Los Hongos, belíssimo filme colombiano sobre dois adolescentes no mundo de hip-hop, skate e grafiti de Cali. A trilha é excelente (uma palhinha no trailer oficial aí embaixo), o clima é pra cima, o roteiro, repleto de subtextos sem ser chato, e os personagens, bem construídos. Tem uma abuelita encantadora que faz quimio, ganha massagens na cabeça do neto e dá um conselho pra ele e pro amigo: “Meninos, vocês deviam acordar mais cedo. Assim sobra mais tempo pra vagabundar”. Saí da sala ainda mais apaixonado pelo cinema.
#FAMdetodos
Os trailers