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Dec

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DVeras Awards 2012: livros

Poucas e boas leituras em 2012. Vamos à retrospectiva. Em janeiro, ainda sob efeito estupefaciante de uma viagem ao sul da Argentina, devorei Fin de novela en Patagônia, de Mempo Giardinelli, de quem eu já conhecia Revolução de bicicleta e Luna caliente. Fevereiro me encontrou às voltas com Sir Richard Francis Burton, de Edward Rice, biografia do explorador, escritor e agente secreto britânico que, entre outras façanhas, foi o primeiro ocidental a fazer a peregrinação a Meca, traduziu Mil e Uma Noites e o Kama-Sutra. Em março, li o excelente livreto Wabi-sabi for Artists, Designers, Poets & Philosophers (Leonard Koren), emprestado pelo Fabrício Boppré e inspiração estética pro design deste blog. O caderno de Maya (Isabel Allende) está longe de ser o melhor da escritora chilena, mas gostei porque se passa na Ilha de Chiloé, que visitamos alguns meses antes. Junho foi um mês de dois tesouros: Coisas frágeis, ótimo livro de contos fantásticos de Neil Gaiman, e o clássico Walden, do “avô” dos ambientalistas, H.D. Thoreau.

O segundo semestre começou com o excelente A elegância do ouriço, da francesa Muriel Barbery, sobre uma culta zeladora de um prédio de classe alta em Paris, que se passa por ignorante, e seu relacionamento com uma menina que planeja se suicidar. Virou filme, que ainda não vi. Seguiram-se quatro romances policiais de Jo Nesbø e seu detetive Harry Hole – uma grata surpresa neste gênero, vinda da Noruega (dica da Regininha Carvalho e dos meus amigos noruegueses). Um livro visceral foi Gomorra, reportagem que colocou o jornalista italiano Roberto Saviano na lista dos jurados de morte da Camorra (merci Michel et Cecilia). Gostei muito de La suma de los dias, memórias de Isabel Allende. Uma das melhores surpresas literárias do ano para mim foi Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera, romance ao mesmo tempo intimista e com pitadas de suspense (dica do Chico Faganello). Dele eu já tinha lido o ótimo Mãos de cavalo. Este novo romance reforçou minha impressão de que estamos diante de um grande talento e que ainda vamos ouvir falar muito dele.

Meus hábitos anárquicos e o pique de trabalho me impediram de ler vários livros de amigos, que estão na fila. Pelo que conheço do que escrevem, vão me dar bastante prazer. Comecei e deixei inacabados outros tantos: Hunger (Knut Hamsum), Autobiografia (Agatha Christie), A espuma dos dias (Boris Vian) e A marcha para o Oeste (Orlando Villas Bôas e Cláudio Villas Bôas). No momento, tenho nas mãos o saboroso Vida de Escritor, autobiografia de Gay Talese, um dos pais do new journalism americano. Que em 2013 eu tenha tempo, sorte e disciplina pra lê-los todos.

Mas vamos ao premiado. O ganhador do DVeras Awards 2012 na categoria livros é… Walden, de H.D. Thoreau, que sublinhei com deleite durante toda a leitura. Mesmo reconhecendo que o livro tem alguns trechos chatos, com excesso descritivo, recomendo pela profundidade e originalidade das ideias. É uma daquelas obras que deixam marcas no leitor que busca algo além do senso comum da existência. Em segundo lugar, Sir Richard Francis Burton, pela construção primorosa da biografia desse personagem extraordinário. E em terceiro, Barba ensopada de sangue, um romance com linguagem ágil, especialmente nos diálogos, que flui como as ondas do mar de Garopaba, onde se passa a história.

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