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Dec10
DVeras Awards 2010: livros
Poucas e boas leituras em 2010. Apontar três destaques é tarefa árdua. Entre eles podiam estar os ótimos “road-books filosóficos” Um adivinho me disse, de Tiziano Terzani (indicado pela @ladyrasta) e Teoria da Viagem, de Michel Onfray, assim como o hilário infanto-juvenil A volta às aulas do Pequeno Nicolau. Mas escolhi outros três, adotando como critérios principais o impacto que as obras provocaram em mim, a importância dos temas e a qualidade das narrativas. Os finalistas são:
- As benevolentes (Jonathan Littell)
- O espírito do zen (Alan Watts)
- Pobre nação: as guerras do Líbano no século XX (Robert Fisk)
As benevolentes me foi indicado pelo amigo Yan Boechat, com quem compartilho o interesse por histórias da Segunda Guerra Mundial. O romance narra, em primeira pessoa, a trajetória de um oficial SS, gay, que participa da campanha da Rússia e depois atua em campos de concentração. Um tratado sobre cinismo, loucura coletiva e personificação do mal.
O espírito do zen é um livro fininho, com uma densidade e poder de síntese impressionantes. Indicado pra quem busca as primeiras informações básicas sobre o zen – cuja compreensão no sentido mais profundo não se dá por meio do intelecto. Abriu-me as portas para novas descobertas que quero fazer nessa área.
Pobre nação é uma magistral aula de jornalismo sobre o Oriente Médio. O livro aborda os acontecimentos do Líbano no século 20, em especial nas décadas de 1970 e 80. Guerra civil entre cristãos e muçulmanos, conflito com palestinos, invasão síria, invasão israelense com apoio americano… Uma sucessão banhos de sangue cometidos em nome de conceitos fugidios como paz, segurança e combate ao “terrorismo”. Não é um livro fácil de ler. Nem tanto pelas suas quase mil páginas, mas pela intensidade e precisão às vezes dolorida – mas nunca com pieguismo – com que o jornalista faz a História passar diante dos olhos do leitor. Confesso que parei algumas vezes para intercalá-lo com leituras mais amenas, mas o volume estava sempre por perto, exercendo forte atração.
Robert Fisk morou anos em Beirute e conhece bem aquela realidade, que cobriu para a imprensa britânica enfrentando cotidianamente o risco de vida. Ao publicar seu relato detalhado sobre a tragédia libanesa e o conflito israelense-palestino, prestou tributo valioso aos milhares de inocentes que morreram e aos que continuam oprimidos. Deu também uma contribuição inestimável para que a verdade prevaleça acima dos factoides. Por esses motivos, Pobre nação é o escolhido para receber o DVeras Awards de melhor livro lido em 2010.
O Petit Nicolas é um fenômeno na França, lá é adorado e cultuado, acho até que mais do que o Asterix. Mas acho que fora da França o Asterix sempre fez mais sucesso, pelo menos no Brasil — aqui, conheço pouca gente que conhece o “Nicolau”… Aliás, saiu um filme lá na França, baseado no personagem, e conheço alguns franceses, fãs dos quadrinhos, que se recusaram a ver o filme, para não estragarem a imagem que têm do garoto [risos].
Aliás, numa promoção da Livros & Livros.
O do Robert Fisk também foi comprado num sebo por menos de R$ 10.
É o mesmo, Fabrício.
Dauro, esse Pequeno Nicolau é o Petit Nicolas francês aquele?
Achei As Benevolentes num sebo aqui em Fpolis por R$ 9,90!