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Fotobiografia e lembranças babilônicas

Ayres e Gigliola em Natal, 1991.

Ayres Marques e Gigliola Capodaglio. Centro Cultural Babilônia, Ponta Negra, Natal, 1991.

Se você costuma seguir este blog, já deve ter notado que eu gosto de usar fotos como ponto de partida pra recuperar lembranças. É uma espécie de jogo de remontar e reinventar fragmentos do tempo. É o caso destas que meu amigo Ayres Marques publicou: uma fotobiografia muito legal dele próprio, com imagens desde a infância de ator-mirim de televisão até tempos recentes e com menos cabelo. Cliques que documentam sua jornada por São Paulo, Inglaterra, Itália, Alemanha, Natal e novamente Itália, onde vive hoje com Gigliola e a filha Marina. Nesta foto, de 1991, ele e Gi estão na casa deles em Natal, um lugar especialíssimo. Lá criaram a inquieta, efervescente e criativa Babilônia, um centro cultural que agitou a cidade nos anos 80 e 90, com bela vista pra praia de Ponta Negra. Babilônia foi um sonho real envolvendo poetas, pintores, videastas e escritores, que deu ao casal o título de cidadãos honorários de Natal e até hoje existe num canto especial das memórias de muita gente.

Conheci Ayres quando eu trabalhava e estudava na Cultura Inglesa. Ele havia recém-chegado a Natal e me deu aulas – aliás, foi um dos melhores professores de inglês que já tive, com seu humor peculiar, vasta cultura (a do tipo que ilumina em vez de humilhar) e uma paciência de monge beneditino pra aguentar nossas asneiras de aprendizes. Passamos muitos momentos agradáveis na Babilônia, entre partidas de xadrez e longos papos regados a vinho sob a lua cheia que refletia no mar de Ponta Negra (havia certo rito em nossos embates enxadrísticos, uma espécie de cerimônia do chá). Rimos bastante juntos e choramos com nossas perdas. As pausas serenas também foram muitas. Dizem que os grandes amigos são aqueles com quem você se sente bem em silêncio sem constrangimento. Minha amizade com Ayres só reforça essa tese.

Deixei Natal em dezembro de 1985, e eles – já com a pequena Marina, que ainda não tive a alegria de conhecer -, acho que em 2000. Levamos todos a lembrança quente da Cidade do Sol em nossos caminhos pra construir novas histórias. Dali em diante, outros silêncios se sucederam. Mas também bons momentos de reencontro em minhas férias natalenses, ou conversas a distância com direito a áudio e vídeo pelo skype – e também algumas partidas de xadrez online e brindes virtuais com vinhos tomados em garrafas distintas, mas irmanadas. Essa fotobiografia do Ayres me trouxe bons momentos e fico feliz em compartilhar aqui com vocês, pois também faz parte da minha história.

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3 Responses:

  1. Em 12/04/10, 13:55, Ayres Marques disse:

    Daurowiskij, que bom ter amigos como você! Fico imaginando como seria um nosso reencontro. Grande abraço. Ayres

  2. Em 11/04/10, 19:37, -sOliNo- disse:

    e parabéns pelo novo design do blog. tá fantasticamente belo e funcional.

  3. Em 11/04/10, 19:37, -sOliNo- disse:

    só vi a menção no twitter agora (comecei a tentar aprender como esse djabo azul funciona ontem, embora acompanhe sua trajetória desde a primeira notícia no NYTimes). rapaz, nem lembrava mais do babilônia! naum frequentei ali desde o início, mas fui até o final. valew por resgatar esses pedacinhos de bons momentos!


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