Posts com a tag ‘cinema’

20

Feb

06

Cinema e vida

Tou lendo Os filmes de minha vida, do chileno Alberto Fuguet, uma das grandes revelações da literatura chilena – pelo menos pra este semi-analfa em teorias literárias. É uma história meio autobiográfica em que o protagonista, um sismólogo, se recorda da infância e juventude por meio de 50 filmes que assistiu. Minha identificação com o personagem é imediata, por ele também ser migrante: passou a infância em Los Angeles e depois retornou ao Chile, mas se sente meio outsider em ambos os lugares.

Descobri Fuguet numa livraria no Chile, com Mala onda e Sobredosis, que lembram um pouco o espírito adolescente de O apanhador no campo de centeio (Salinger). As histórias revelam muito das contradições desse país encantador e fraturado – no sentido geológico e social – pelo ponto de vista de um jovem da classe média alta, às voltas com crises existenciais e a descoberta da vida.

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13

Dec

05

2 filhos de Francisco

“Você não precisa gostar da nossa música pra gostar do filme”. Quem disse foi Luciano, o irmão e companheiro de palco de Zezé Di Camargo, numa entrevista sobre 2 filhos de Francisco. Fui conferir e é bem isso. Continuo não gostando da música deles, mas agora a entendo melhor, consigo enxergar suas origens. E passei a gostar deles, indivíduos. A trajetória da família, casal de agricultores do interior de Goiás que migrou com uma penca de filhos pra periferia da cidade grande, é forte e bonita. Uma história que tem apelo universal e estava esperando pra ser contada no cinema. O filme transpira amor, sonho e esforço de superação – da pobreza e da dor de perdas terríveis. Sensível sem pieguice, mostra Brasil que a gente não tá acostumado a ver nas telas. E que meninos fantásticos os intérpretes da dupla quando crianças! A cena dos dois tocando na rodoviária e a do menino tocando gaita pro pai na roça são primorosas. Talvez o filme pudesse ser um pouco mais enxuto, mas esse é um detalhe menor. Gostei. 88/100.
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Nos extras, me chamou a atenção uma declaração de Zezé no making-off. Ele diz pra câmera mais ou menos assim: “O mundo é muito mais que aquilo que a gente vê. Não se deixe enquadrar, lute pelos seus sonhos”. É por aí.

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07

Aug

02

Cinema e sonhos
Cinco estrelas pra Waking Life, de Richard Linklater e equipe. Peguei na locadora sem grandes expectativas e, pra minha surpresa, é um dos melhores filmes de animação que já vi. A história acompanha um sonho do protagonista. Assim como naquela fábula do sábio chinês que sonhou que era borboleta, ele vive momentos tão envolventes que fica em dúvida sobre o que é de fato a realidade.

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19

Jul

02

Vimos Mulholland Drive, de David Lynch. É um filme notável, tipo “ame ou odeie, mas fale de mim”. O espectador vive a sensação estranha de saber que é sonho e ao mesmo tempo mergulhar na história como se fosse real. Aliás isso é a essência do cinema, mas no caso de David Lynch, levada ao extremo. Quem aprecia roteiros lineares, plausíveis vai sair frustrado do cinema. Já quem gostou de Memento e Eyes Wide Shut vai curtir. Há diversas pontas soltas e uma salada cronológica. Personagens que são apresentados e depois somem, como um prelúdio de suas interpretações em uma eventual parte 2. O tom incoerente é um mérito, mas também o ponto fraco. Mulholland Drive se equilibra entre a atração onírica de uma história de mistério e o cansaço que a insistência nessa linha provoca em duas horas e meia. Não é propriamente o tipo de filme que deixa sensação prazerosa ao final. Confesso que me senti aliviado em “acordar” e tomar um chope no Matisse. Mas é cinema de primeira. Faz a gente voltar pra casa se perguntando: “Mas o que foi mesmo que rolou entre aquela loira e aquela morena?” P.S.: Nando e esposa tavam lá conferindo pela segunda vez.

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