26
Jun07
Brasil Plural: cinema brasileiro na Europa
Adri, ontem à noite eu tava ocupado e não pude teclar com você. Aí quando me liberei você já tava offline. O Alexandre se adiantou. Então lá vai, reproduzo o post dele:
Minha amiga Adriane Canan avisa:
Atenção curta-metragistas: já estão abertas as inscrições para o Brasil Plural 10, mostra itinerante de cinema brasileiro na Europa, que acontece no segundo semestre de 2007. O regulamento e a ficha de inscrição estão no site www.brasilplural.org. Quem quiser saber mais sobre o que aconteceu na última edição pode encontrar as informações no blog http://blog.brasilplural.org.
08
Jun07
Babel: globalização e não-comunicação
Ontem vi Babel, do mexicano Alejandro González-Iñárritu. O autor de Amores Perros e 21 Gramas mostra mais uma vez que a magia do cinema é eterna enquando houver boas histórias a serem contadas. Os temas deste filme são a globalização e a dificuldade de comunicação entre as pessoas. No Marrocos, um tiro acidental de rifle disparado por uma criança fere uma turista americana. As conseqüências se refletem nos Estados Unidos, onde vivem os dois filhos da mulher; no México, para onde as crianças acompanham a babá a uma festa de casamento; e no Japão, onde mora o dono original da arma e sua filha surda. No elenco, Brad Pitt faz um papel contido, na medida certa de seu personagem, um homem torturado por um drama do passado, que tenta se reconciliar com sua mulher – interpretada pela fera Cate Blanchett. A ponta mexicana tem como astro Gael Garcia Bernal, em papel secundário mas essencial à trama. Curioso: este filme ganhou o Oscar pela trilha sonora, mas ela foi o que menos me chamou a atenção.
Babel faz ressonâncias em minha vida pessoal que não consigo expressar com clareza. Passa pela coisa de ser nordestino migrante em terras sulistas; de ter o idioma como referência afetiva e profissional, ao mesmo tempo profundamente meu e inatingível; de precisar lidar de maneiras diversas, conscientes e inconscientes, com a minha Babel interna a transformar meu sotaque em algo que não é mais de lugar nenhum e é ao mesmo tempo de vários; e de ter bons amigos que vivem em outras culturas e línguas – a sensação de que, por um lado, nunca vamos nos compreender por completo (e alguém consegue em relação a outro ser humano?), mas por outro é possível transcender os códigos e chegar ao entendimento essencial, em que as palavras são dispensáveis (algumas cenas mostram isso com beleza e elegância). Há também uns trechos de não-comunicação e humilhação com os quais o viajante, sobretudo de país periférico, se identifica de imediato. Por exemplo, o incidente na fronteira entre México e Estados Unidos. É um filme pra rever, pois tem muitos subtextos. O melhor do ano até agora.
26
May07
Diamante e sangue
Ainda tou sob impacto do filme que vi ontem: Blood Diamond. É sobre crianças-soldados da África. Leonardo di Caprio faz o protagonista, ex-mercenário e contrabandista de diamantes. Na Libéria devastada pela guerra civil, ele tenta convencer um pescador a resgatar um valioso diamante cor-de-rosa. O pescador tenta resgatar o filho que foi raptado pela guerrilha pra ser menino-soldado. E uma jornalista tenta convencer o contrabandista a contar a história do caminho das pedras até as joalherias de Europa e Estados Unidos. Filme de ação e suspense, com muitas cenas violentas – a história nem teria como ser contada se não fosse assim -, de grande densidade ao tocar num problema grave: a exploração e abandono do continente africano pelos países desenvolvidos. Existem hoje 200 mil soldados crianças na África.
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p.s.: Alexandre Gonçalves comentou que o filme lembra, no bom sentido, O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles (adaptação de um baita livro de John Le Carré).
26
May07
Programação de cinema
Serviço de utilidade pública pra quem ama cinema e mora em Floripa. Peguei via RSS nos links do Magrão no delicious.
16
May07
Da série Meus clássicos favoritos: A Doce Vida
La dolce vita é um dos motivos por que sou apaixonado por cinema. Vi pela terceira vez – sempre encontrando novidades, me admirando com a escolha dos atores, com as sutilezas dos diálogos e o humor peculiar do grande Federico Fellini. Formado por uma série de historinhas aparentemente desconexas, conta o cotidiano de um jornalista de notícias sensacionalistas em Roma. Ele cobre a visita de uma estrela de cinema, pula a cerca, briga com a namorada e faz as pazes, reencontra o pai a quem mal conhece, caminha a esmo pela noite, se isola pra escrever, filosofa sobre o tédio e o sentido na existência, toma porres e participa de festas malucas. Marcello Mastroiani – um dos cinco melhores atores de todos os tempos na minha opinião – está encantador. A cena do banho com Anita Eckberg na Fontana di Trevi é antológica. Amo esse filme.
14
May07
Frase da vez: de ‘Roma, Cidade Aberta’
“É fácil morrer bem. Difícil é viver bem”.
Padre Pietro, em uma cena-chave de Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, clássico do cinema neo-realista italiano que inspirou diretores como Godard, Truffaut e Scorsese. É a história de um líder da resistência italiana caçado pelos nazistas. Parte foi filmada às escondidas ainda durante a guerra. A maioria dos atores são gente do povo. Os soldados nazistas foram interpretados por prisioneiros alemães. Com colaboração de Fellini no roteiro, esse filme projetou para o estrelato Ana Magnani, uma das maiores atrizes italianas.
Foto reproduzida de adorocinema
09
May07
O Cheiro do Ralo
Difícil classificar O Cheiro do Ralo num rótulo, mas poderia ser chamado de “comédia de humor cínico”. Cinemão nacional independente, de baixo orçamento e qualidade acima da média. Lourenço (Selton Mello) vive de negociar objetos usados, que compra pagando mixaria a quem está no aperto. Está de casamento marcado com uma mulher de quem não gosta. E tem fixação pela bunda de uma garçonete do boteco onde lancha – interpretada pela catarinense Paula Braun. Um cheiro de merda começa a exalar do ralo do banheiro da loja e interfere no seu comportamento: ele passa a ter atitudes bizarras, sente prazer em humilhar os clientes e imagina que o ralo é um portal para o inferno. É uma crônica urbana sobre a coisificação das pessoas, com uma galeria de personagens que têm a dignidade por um fio. A direção é de Heitor Dhalia, com roteiro dele e de Marçal Aquino a partir de um livro do quadrinista Lourenço Mutarelli – que interpreta o segurança da loja. Vale sentir com atenção a trilha sonora da banda Apollo Nove. Realizado com míseros R$ 315 mil, O Cheiro do Ralo já rendeu premiações em vários festivais. Vale cada centavo e muito mais. É um dos melhores filmes que vi nos últimos anos.
24
Apr07
Meu jantar com Jimi Hendrix
Falar em bandas, vi ontem uma comédia legal, Meu jantar com Jimi Hendrix. O filme é baseado na história verídica da banda californiana The Turtles, que emplaca um sucesso fugaz nas paradas e em 1967 faz uma turnê pela Inglaterra. Na swinging London à véspera do lançamento de Sargent Peppers’, os caras vão a um bar de rock e encontram nada menos que os Fab 4 bebendo numa mesa. Ringo e suas piadinhas, Paul tirando fotos e irritando a namorada, John sarcástico e provocador, George paz e amor. Depois de uma confusão o líder dos Turtles encontra Brian Jones e Hendrix, eles vão pra outra mesa, Brian desaparece com uma gata e ele fica horas emborcando uísque com coca-cola junto com o autor de Are you experienced?. Com cenas hilárias, visual ingênuo-cafona-psicodélico e uma trilha maneira, o filme faz referências a outros roqueiros da época, como Frank Zappa e Jim Morrison. É uma mistura de tiração de sarro autobiográfica de quem viveu na periferia do sucesso e de homenagem aos loucos anos sessenta. Até quem nunca viveu essa época tem saudade.
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UPDATE 23:46. Dica do Alexandre Gonçalves sobre o youtube: The Turtles interpretando o hit Happy Together em 12 de novembro de 1967. Encontrei também Outside chance, apresentada em abril de 1965 no LLoyd Thaxton Show; e eles cantando Bob Dylan no Hollywood a Go Go, acompanhados por umas groupies piradas. Repare que a logo da banda está de cabeça pra baixo na bateria.
18
Apr07
Caminhos das Américas: um mês de viagem
Serginho tá em Arica, Chile, e amanhã entra no Peru. Destino: Alaska.
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Conheci o Norte Grande chileno em 89, no retorno de uma aventura de mochila por Bolívia e Peru. Tive uma experiência pouco agradável com os carabineros da fronteira, que já relatei aqui. Depois foi tudo beleza pura. De Arica, encravada no deserto do Atacama, recordo a paisagem árida, as praias de areia grossa e água gelada, nada especiais em comparação com as praias brasileiras, uma cerveja gostosa (Cristal) e uma galera legal na escola pública onde fiquei hospedado. Ah, lembro que pra cruzar a fronteira pegamos em Tacna, no lado peruano, um táxi que era um enorme Chevrolet sem capota, como o do filme Hair. Naquele retão do deserto, com o vento batendo no rosto, tocava na radiola da cachola uma música da trilha: “Good morning, sunshine…”
22
Mar07
Cinemão: Match Point

Foto: http://adorocinema.cidadeinternet.com.br
Ex-tenista, pobre e ambicioso, começa a namorar a irmã de um amigo e por meio dessa relação vai cavando espaço na alta sociedade inglesa. Tudo vai bem até que ele conhece a americana Nola Rice (Scarlett Johansson em grande atuação), loira de lábios sensuais e atriz frustrada que é noiva do amigo. A partir daí o bom senso dele vai pras cucuias, o tesão fala mais alto e começa um jogo arriscado, que leva a uma grande reviravolta e a um final imprevisível. Graande filme!
Match Point (124 minutos, 2005) foi o primeiro filme de Woody Allen realizado na Inglaterra, com participação da BBC Films. Pouco tem a ver com os outros dele, está mais pra uma homenagem a Hitchcock. Em vez de jazz, a trilha é de ópera. Saem as piadas existencialistas, entra um drama denso que reflete sobre a sorte no destino das pessoas. A história trata de amor versus luxúria, em um clima que começa morno e vai aos poucos se tornando um suspense irresistível.








