20
May08
Moon River e Audrey Hepburn
Ontem vi Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961, dirigido por Blake Edwards), com Audrey Hepburn no papel de garota de programa sofisticada que se apaixona por um vizinho, escritor sustentado pela amante. Das musas clássicas do cinema, ela é minha preferida. Magrinha e miúda, sem o tipo da beleza de Hollywood, tinha uma elegância incomparável. Movia-se com a sutileza simples de uma gata, com uma mistura de feminilidade e jeito moleque. Fez a fama dos vestidos e acessórios da grife Givenchy e até hoje tem uma legião de fãs. Um ponto alto do filme é Moon River, de John Mercer (letra) e Henry Mancini (música), que em 1961 ganhou o Oscar de melhor canção original. Nesta cena antológica, a garota canta e toca violão na janela.
p.s.: Este é um dos casos em que o título do filme em português ficou melhor que o original.
20
Apr08
Os paparazzi do espaço
Você gosta de pegar sol bem à vontade no quintal de casa? Alguém lá do alto pode estar bisbilhotando sua intimidade. Fotos captadas por satélite e exibidas pelo Google Earth mostram tudo, embora sem detalhes tão nítidos quanto o das revistas com fofocas de celebridades. Em Haia, na Holanda, onde o hábito de se bronzear em pêlo é bem difundido, fizeram até um ranking das dez melhores cenas. Esta imagem, também da Holanda, mostra duas pessoas nuas deitadas bem juntinhas num terraço. Ao que parece estão se divertindo bastante.
Matéria da Folha de SP diz que, segundo especialistas, o Google viola a privacidade das pessoas ao exibir esses flagras. Pode-se até entrar com ação na justiça exigindo a retirada das imagens. Ou pedir indenização por danos morais, com valores que ficariam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil. Agora peço licença, vou ali no quintal ficar peladão e posar pros satélites (brincadeira; tá friozim e chove há horas aqui na Ilha
)
p.s.: Curiosidade etimológica: a palavra paparazzo teve origem em 1960 com filme La Dolce Vita, de Federico Fellini (adoro). Um dos personagens, fotojornalista de celebridades, tinha esse nome. Consta que o termo quer dizer mosquito em um dialeto italiano. O diretor batizou o fotógrafo ao lembrar que, na infância, tinha um colega com esse apelido porque falava demais e se movia o tempo todo.
p.s. 2: Wim Wenders fez um filme interessante e perturbador – não lembro o nome agora, alguém ajuda? – que conta a história de uma arma terrível: um satélite que monitora as pessoas e pode matá-las disparando um tiro ou raio lá do espaço.
p.s.3: E por falar em Google Earth – um dos meus softwares favoritos -, saiu há poucos dias a versão 4.3. Agora, a exemplo do que já ocorria no Google Maps, dá pra ver imagens de vários centros urbanos no nível das ruas. O menu de navegação foi remodelado e eles adicionaram um recurso bem interessante que permite ver a iluminação do sol sobre o planeta em diferentes horários do dia.
17
Apr08
Asas do Desejo e a magia do cinema

Ontem reencontrei, na prateleira da locadora Première do Campeche, um dos filmes que foram fundamentais pra despertar minha paixão por cinema: Asas do Desejo, de Wim Wenders (1987).
Sinopse:
“Um anjo que tem por missão acompanhar o dia-a-dia de Berlim se apaixona por uma trapezista de circo, que faz com que ele fique em dúvida se deve ou não se tornar humano”. (Adorocinema.com)
Já se vão mais de vinte anos que o vi na telona, no Cineclube do Centro Integrado de Cultura. Ele contribuiu pra me “cair a ficha” (faz tempo mesmo) sobre a força da sétima arte como meio de expressão. Depois o revi uma vez em videocassete, sempre com alumbramento. Lembro que fiquei impressionado com o uso alternado do preto&branco e da cor como recursos narrativos. E que linda a cena da trapezista. Desta vez deixei o DVD na prateleira por enquanto, à espera do momento propício pro flashback.
A Cassi, dona da locadora, comentou comigo que muita gente não entende quando ela diz que não gostou de Cidade dos Anjos (1998). Pudera. O remake de Hollywood, com Nicolas Cage e Meg Ryan, é fraquim – apesar de ter roteiro do próprio Wenders.
14
Apr08
No DVD: Saneamento Básico
Vi ontem Saneamento Básico, roteirizado e dirigido por Jorge Furtado. Muito bom! Engraçado e despretensioso, com boas sacadas de crônica social e flertes com a cultura dos trash movies. Um grupo de moradores de Linha Cristal, no interior de Bento Gonçalves (RS), se mobiliza pra construir uma fossa e acabar com a poluição do riacho que corta a vila. A prefeitura não dá dinheiro pra obra, mas há uma verbinha federal em caixa fazer um curta-metragem de ficção, que, se não for usada, vai ser devolvida a Brasília. Logo as pessoas se envolvem na produção caseira de “O monstro da fossa”.
Boa trilha sonora, de músicas italianas. Elenco de primeira: Paulo José e Tonico Pereira, primorosos como descendentes de colonos italianos; Camila Pitanga, no papel de gostosa, em que nem precisa se esforçar; Wagner Moura, sem qualquer traço que lembre o capitão Nascimento; Fernanda Torres, ótima no papel de aprendiz de roteirista e cineasta; Lázaro Ramos e Bruno Garcia, que seguram sem excessos a peteca da hilariedade. Um filme que a gente vê e depois tem vontade de juntar os amigos e sair por aí com uma câmera na mão. Ou pegar o carro e ir passar o fim de semana tomando vinho tinto na Serra Gaúcha.
18
Mar08
Definição da vez: originalidade
…”originalidade”, adjetivo muito usado por quem desconhece o passado…
De Jorge Furtado, aqui. Excelente artigo, aliás. Ele se refere ao “uatá-uatá-uatá” (andou-andou-andou), um elemento narrativo que, segundo Câmara Cascudo, está presente em muitos contos populares e indígenas. No cinema, equivale aos três planos de transição entre um lugar/tempo e outro. Nada se perde.
05
Mar08
A Deusa de 1967
Já comentei sobre essa música aqui: Walk, Don’t Run, composta em 1954 pelo guitarrista de jazz Johnny Smith e depois gravada pela banda instrumental The Ventures. Mas não tinha mostrado o uso dado a ela nesta cena antológica de cinema. Ao som de uma jukebox, num bar no deserto australiano, um japonês ensina uma moça cega a dançar. O filme é A Deusa de 1967 (Clara Law, 2000).
27
Feb08
Deve haver um lugar bem distante
Reproduzo mensagem que a família Tuyama recebeu de Hugo, amigo de Augusto há longa data.
Amigos,Acompanhei a angústia de vocês, que também foi minha, pelo blog do Dauro, que ainda não tive a oportunidade de conhecer, mas a quem passei a admirar pelo que li, pelo conteúdo das suas palavras, pela sua cultura…
Vi na lista das 67 lembranças que a música que ele lembrava ” Deve haver um lugar bem distante…” me trouxe à luz o dia em que ele deixou Mauá para ir para Rolim de Moura. Não o dia da mudança mas um dia em que ele havia retornado para cá e em seguida retornaria para ficar em definitivo. Ele retornou de ônibus.
Gravamos uma fita com várias mensagens dos amigos que ficaram e gravamos essa música ( o Cláudio no violão e nós dois cantando). Entregamos a fita com a condição de que ele deveria ouvir já na viagem de retorno a Rolim de Moura.
Nesse dia ele assistiu conosco, na minha casa, ao filme Gritos do Silêncio. Esse filme termina com a música Imagine, de Lenon ( que o Dauro disse ser uma das suas preferidas – minha também!). Mas a mensagem maior do filme era e a ligação de amizade profunda e irrestrita do repórter americano, com o vietnamita, seu amigo, por quem ele tanto fez para resgatar do Vietnã. Ele chorou junto com a gente porque entendeu a mensagem. Ele estava deixando amigos de verdade por aqui… e nós nos distanciando de um amigo irmão.
A música se chama BALADA DE UM HOMEM SEM DESTINO – cantor: Sérgio Murilo.
Deve haver um lugar bem distante
Outro céu, outra terra, outro mar,
Onde possa viver sem sofrer, sem chorar
Onde a paz e o amor eu consiga encontrar
Caminhando, sem rumo, eu vou sem destino
Procurando encontrar um mundo melhor.
Onde possa viver, sem sofrer, sem chorar.
Onde a paz e o amor eu consiga encontrar.Durante todos esses dias de angústia eu toquei essa música no teclado. Parecia que ele iria ouvir. Quem sabe…
Embora distantes, estou com vocês em meus pensamentos e sofrendo também com a nossa perda.
Hugo Antonio Suffredini
Mauá, SP
13
Dec07
DVeras Awards 2007: cinema e literatura
O melhor filme que vi em 2007 foi O cheiro do ralo. Menções honrosas pros dois de Clint Eastwood sobre a guerra no Pacífico.
Difícil dizer qual foi o melhor livro, foram tantos bons. Um que me causou forte impressão foi Os vultos das torres, sobre a história do fundamentalismo islâmico.
05
Dec07
Livros, filmes e amnésia controlada
Do Inagaki, inspirado:
(…) Gostaria de sofrer de uma amnésia controlada, que me fizesse esquecer de certos livros e filmes. Algum artifício prodigioso, que me permitisse assistir a Casablanca sem saber o que vai acontecer no final. Ou ler Cem Anos de Solidão e me deslumbrar da mesma maneira que da primeira vez. Ou gargalhar com uma gag dos Irmãos Marx ou de Woody Allen com prazer sempre renovado. Ou ser surpreendido, punch no estômago, com o assassinato no chuveiro de Psicose, a revelação da identidade de Keyser Soze em Os Suspeitos, o turning point em Um Corpo que Cai. Que me permitisse sentir novamente o orgasmo literário de quando li pela primeira vez O Jogo da Amarelinha de Cortázar, romance que me obrigou a soltar um impropério escandaloso no meio da biblioteca do Bandeirantes: “- Porra, quero escrever que nem esse filho da puta!”.
O que escrevi aqui sobre/inspirado por Cortázar.
11
Nov07
Frases de cinema: felicidade
“Não há atalho para a felicidade”.
De O julgamento do diabo (Shortcut to Hapiness), com Alec Baldwin e Anthony Hopkins. Escritor fracassado vende alma ao diabo em troca de sucesso. Depois de dez anos, chama um advogado para tentar anular o contrato. No júri, escritores famosos como Hemingway, Truman Capote e Oscar Wilde.







