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May

10

O paradoxo das escolhas


Este vídeo tem 19’40″ e vale cada segundo. Barry Schwartz fala no TED sobre um paradoxo da vida moderna, cujo dogma é que a felicidade está vinculada à liberdade de escolher. Para ele, o excesso de opções na verdade traz paralisia e frustração. “O segredo da felicidade está em ter baixas expectativas”, brinca, a sério. “Quanto mais opções nos são oferecidas, mais ficamos desapontados com as eventuais escolhas erradas que fizemos”, diz, lembrando que essa pressão por não falhar leva a muitos casos de depressão e suicídio. Em resumo: “Não há dúvida de que alguma escolha é melhor que nenhuma, mas isso não significa que ter mais escolhas é melhor que alguma escolha”. Schwartz aponta a falsidade do mantra moderno de que não há limites para o que podemos fazer: “A ausência de algum aquário metafórico é uma receita para a infelicidade e, eu suspeito, o desastre”. Essa análise toda se aplica, claro, ao mundo ocidental capitalista desenvolvido, pois nos lugares miseráveis do mundo, o problema é a falta do que escolher. Nesse sentido, ele também faz uma interessante sugestão: a de que distribuir renda traz felicidade tanto para as pessoas pobres quanto para as que doam, pois estas estão abrindo mão da pressão para escolher tanto.

[vi este vídeo no blog Nãoenchequejátoucheia, valeu!]

p.s.: Vídeo em inglês, com legenda em várias línguas, inclusive português do Brasil.

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2 Responses:

  1. Em 02/06/10, 13:59, Lecticia disse:

    Olá
    Parabéns pela escolha do vídeo. Fiquei refletindo sobre nossas escolhas diárias. Concordo que, com várias opções, temos realmente uma certa pressão para escolher o certo – fato que nunca teremos certeza, a não ser que possamos experimentar de tudo. Acabamos por não viver o momento por estarmos sempre pensando no que poderia ter sido. Mas a consequencia desse excesso de opções pode ser amenizado se nós tivermos uma ideologia. Se eu proponho para mim uma vida mais saudável, por exemplo, minhas opções alimentícias diminuem consideravelmente, pois esquecerei dos doces, das gorduras, e lembrarei das frutas e verduras (orgânicas, por favor!). Se sou a favor dos direitos humanos, passarei a não consumir produtos fabricados em países que não os respeitam, e por aí vai. É claro que isso ainda não é uma solução, pois para se escolher uma ideologia de vida há várias opções. Mas depois de escolhida, nossas futuras escolhas serão embasadas por esse ideal. Acredito que, pelo menos, não ficaríamos pensando no que poderia ter sido, pois escolheremos o que considerarmos o melhor para a nossa vida naquele momento.

  2. Em 22/05/10, 20:46, Guta Orofino disse:

    Dauro querido. Gostei do video. Gostei do compartilhamento de idéias. Sempre temos escolhas. Escolhemos tudo diariamente. Mesmo os mais miseráveis podem escolher. O que divide o mundo é a possibilidade de adquirir escolhas que envolvam algum tipo de pagamento. A felicidade pode ser bem mais simples do que imaginamos. Já vi uma criança ganhar uma boneca e preferir brincar com a caixa durante toda a festa de aniversário. A escolha não reside no valor mas no prazer que nos proporciona. Hoje eu escolho muitas vezes em não escolher, mas preservar o que já tenho.


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