13
Sep10
Tevê e dentes
Meu filho piadista e mais um surto de sua fase argumentativa:
Eu: – Miguel, escova os dentes.
Ele: – Tou assistindo tevê.
Eu: – Mas é hora de ir pra escola, vamos.
Ele: – Ver tevê aumenta a criatividade.
11
Sep10
Palavra amorosa
A amoreira do nosso quintal vai dar frutas pela primeira vez. A maioria ainda está verdinha, maturando no ritmo da chegada da primavera. Encontrei duas maduras e dei na boca do Miguel. Quando ele tinha um ano de idade, morávamos numa casa com uma amoreira na frente. Uma das primeiras palavras que ele aprendeu a dizer foi “Amora!!”. Falava pausadamente, como que degustando cada sílaba, e com uma dupla exclamação: a de quem descobre uma nova doçura e ao mesmo tempo se fascina com sua representação verbal. Agora o cabocão já tem quase oito anos, está a cada dia mais hábil em trava-línguas, trocadilhos e outros jogos de palavras. Mas tenho pra mim que nunca vai esquecer o encanto dessa pequena epifania.
28
Jul10
Miguelices: nosso hino
Miguel cantarolando o hino nacional: “ó pátria amada, invertebrada, salve salve!”
13
Jul10
Pequenas delícias das tardes de inverno
A partida mais gostosa que vi nesta Copa foi, sem dúvida, a disputa do terceiro lugar, Alemanha x Uruguai. Não pela qualidade do futebol ou por alguma jogada extraordinária – se bem que aquela bola uruguaia na trave no último lance foi de disparar o coração. E sim pela maneira como vi o jogo: no sofá, em estado alfa, aconchegado entre Miguel e Bruno, nós três debaixo de um cobertor de lã. Cochilei uma boa parte do primeiro tempo, mas que delícia… Em uma palavra: comunhão.
02
Jun10
O leopardo que rezava
Uma das minhas brincadeiras com os meninos é inventar histórias coletivas. Cada um conta um pedaço e o outro vai emendando a continuação. A de ontem, Miguel começou assim, bem na hora em que passávamos de carro pela frente da igreja do Saco dos Limões:
- Era uma vez um leopardo que rezava. Um dia ele passou na frente da igreja e viu a placa: ‘Proibida a entrada de leopardos’…
O leopardo ficou furioso e resolveu se vingar do padre, mas não lembro como a história acabou.
31
May10
Leituras em família
Estamos vivendo uma temporada maravilhosa aqui em casa: o despertar da paixão pela leitura nos dois meninos, em diferentes fases de desenvolvimento – alfabetização e pré-escola. É uma onda boa que chega de mansinho, sem sobressaltos, sem lembrança exata de quando começou, assim como a mudança das estações. Acontece com uma simplicidade que encanta. Às vezes me pego encarnando o papel de pai típico, ao pedir pro Miguel apagar a luz do quarto que é hora de dormir (na real sempre fui flexível com isso, acho que a hora ideal é quando dá sono, mas o dormir muito tarde tem suas inconveniências práticas). E ele, sem tirar os olhos do mangá do Naruto que lê na cama, responde, “Espera um pouco”. Debruçado no tapete, Bruno desenha letras aparentemente ao acaso, mas que pra ele fazem todo sentido. Depois recorta papeizinhos e cola com fita adesiva pelas paredes. Às vezes simplifica o processo e escreve com caneta diretamente nelas.
Os sinais se multiplicam, sutis e eloquentes. Há cada vez mais gibis da Turma da Mônica no quarto deles e no banheiro. Nossas visitas a bibliotecas e livrarias são um programa muito apreciado, comparável a ir aos parquinhos ou à praia. Aquela bagunça de livros parcialmente lidos pelos cantos da casa já não é mais privilégio dos adultos. Uma cena bonita de se ver à noite é Miguel lendo livros em voz alta pro Bruno na cama. A tevê tem deixado de oferecer tantos encantos e fica cada vez mais tempo desligada. O segredo disso tudo? Não há segredo, esse é o fato. É o bom e velho método da educação pelo exemplo. Crianças que têm pais leitores tendem a se tornar boas leitoras. Esta é uma das heranças mais preciosas que podemos deixar pra eles.
30
Apr10
Miguelices: quem merece lágrimas?
Miguel e suas perguntas:
- Pai, por que ninguém chora quando morre uma formiguinha ou uma bactéria super-ultra-pequena?
07
Apr10
06
Apr10
Miguelices: livre arbítrio
Miguel às vezes vem com umas perguntas que são sinucas de bico, como esta que ele me fez no café-da-manhã:
- Pai, por que as pessoas têm vontade própria?
(respostas para a redação)
26
Mar10
Meu pequeno cientista
Miguel anda interessado em experiências genéticas. Contei a ele da ovelha Dolly e do coelho fosforescente, mas deixei o Mengele pra outro dia.