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08

Mar

17

Chineses interessados no vinho de SC

Parreiral com uvas maduras. Foto de Dauro Veras

Parreiral com uvas maduras. Foto de Dauro Veras

A edição 2017 da Vindima de Altitude de Santa Catarina, aberta no dia 3, já trouxe a primeira repercussão internacional. O cônsul-geral da China em São Paulo, Song Yang, confirmou visita ao estado. Embora o roteiro ainda não esteja definido, deve incluir as vinícolas da região serrana. Ele virá em abril, acompanhado por um grupo de empresários.

A indústria do vinho interessa muito aos chineses. Hoje a China é o quarto maior mercado vinícola do mundo, atrás de EUA, Reino Unido e França, e deve chegar à segunda posição até 2020, com US$ 21 bilhões em vendas.

Iniciada há menos de duas décadas, a vitivinicultura de altitude em SC – entre 900 e 1,3 mil metros – está se consolidando com excelentes resultados. Suas 30 vinícolas têm diversos rótulos premiados, com destaque para os espumantes. Também geram empreendimentos no turismo e na gastronomia. Esta semana foram anunciados novos negócios nos segmentos de sorvetes e cosméticos.

O roteiro dos vinhos de altitude foi visitado por uma equipe da agência de notícias Xinhua, maior centro de distribuição de notícias do país asiático, com 300 milhões de acessos/dia no portal em sete idiomas. Seu diretor no Brasil, Chen Weihua, ficou impressionado com a qualidade das vinícolas e acredita que essa cadeia de valor pode gerar boas oportunidades de investimentos. A Vindima de Altitude prossegue até o dia 26 em São Joaquim e municípios vizinhos.

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24

May

10

3 perguntas a Cláudio Farias: vitivinicultura

Fiz estas perguntas por e-mail para uma reportagem sobre Arranjos Produtivos Locais (APL), publicada pelo Valor Econômico. O professor Cláudio Farias é diretor de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) no campus Porto Alegre. Conversamos sobre o APL da vitivinicultura da Serra Gaúcha, objeto de suas pesquisas. Tive que condensar a entrevista – perguntas escritas + conversa por telefone + infos que ele me enviou por e-mail – por causa da limitação de espaço na matéria.

Por que os vitivinicultores se beneficiam com a organização em APL? Pode dar exemplos?

Cláudio Farias: Esse tipo de organização em APL é o grande diferencial para as vinícolas da região da Serra gaúcha, uma vez que a proximidade das firmas, unido com a proximidade de fornecedores, viticultores, além de centros de pesquisa e institutos de formação de recursos humanos capacitados, é o que garante a posição de destaque do APL. Minhas pesquisas recentes têm apontado para os ganhos que as vinícolas que se relacionam com os fornecedores de máquinas e equipamentos tem conquistado em trabalhar próximo, não apenas geograficamente, mas desenvolvendo produtos e tecnologias conjuntamente. Outro exemplo pode ser os investimentos que muitas vinícolas têm realizado na reconversão de vinhedos de viticultores parceiros. Esse investimento vai muito além do fornecimento das mudas de uvas viníferas, mas com a contratação de agrônomos e enólogos que auxiliam os produtores rurais na produção de uvas de qualidade.

Quais eram os principais gargalos do setor e como foram e estão sendo superados por meio do associativismo?

Cláudio Farias: Ao responder essa questão, não pretendo que entendas que todos os gargalos foram superados. Muito pelo contrário. Existem dificuldades enormes a serem suplantadas, a maior de todas, a meu ver, dizem respeito a logística e relacionamento com os compradores atacadistas e varejistas localizados por todo o país. No entanto, acredito que a maior barreira que foi superada foi no sentido de acessar os mercados internacionais, principalmente por meio do consórcio de exportação “wines from brazil”, organizados pela APEX BRASIL e o IBRAVIN. Tal estratégia de associação é totalmente deliberada, pois as 38 empresas participantes (34 delas da Serra gaúcha) tem buscado os mercados internacionais com a finalidade de valorizar os seus produtos no mercado nacional, uma vez que o consumidor brasileiro valoriza os produtos que possuem experiência e participação no exterior.

De que forma as empresas do setor foram e são beneficiadas por políticas públicas e privadas?

Cláudio Farias: Acredito que é justamente através do “wines from Brazil” que se consegue perceber alguns dos principais benefícios advindos de políticas públicas e privadas. Não apenas a exportação,mas principalmente a experiencia internacional tem intensificado os processos de inovação entre as firmas do APL. Também, devemos considerar a presença de duas instituições públicas federais na região, que fornecem suporte em pesquisa (EMBRAPA CNPUV) e ensino (Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal do RS) às empresas do APL. Porém, ainda há um grande espaço de progresso nesse sentido, principalmente através do trabalho conjunto das associações empresariais, as instituições de ensino e pesquisa e o Estado, em suas diversas esferas.

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