Posts com a tag ‘urbanismo’

20

May

14

Conversas com Maria Adélia Aparecida de Souza

Algumas anotações de um seminário na UFSC com a brilhante geógrafa Maria Adélia Aparecida de Souza, 75 anos e 54 de academia, professora titular da USP na área de planejamento urbano. Orientanda de Celso Furtado, ela é considerada herdeira do trabalho de Milton Santos. Depois do seminário, realizado na quarta 14/5, tive ainda o privilégio de acompanhar na sexta-feira sua arguição a uma tese de doutorado na Geografia (contundente, mas generosa e bem-humorada) e acompanhá-la numa visita de campo a Rancho Queimado. Foi uma semana valiosa.

Sustentabilidade
“Nada se sustenta! As pessoas precisam deixar de ser cínicas. O capitalismo é movido pela insustentabilidade”.

Educação ambiental
“O problema não está no mico-leão, está na voracidade das elites do mundo, que não respeitam a vida”.

O lugar e a vida
“Duas semanas antes de morrer, Milton me disse: ‘Por favor, cuide da questão do lugar’. O ponto de partida da geografia renovada é o significado de lugar. Nele nasce a vida de relações, logo a região, o mundo, toda a complexidade contemporânea. O lugar é a síntese da dinâmica do mundo nas relações sociais”.
“A descrição é sempre passado. O lugar não é morto, portanto, não é passível de descrição”.

Mobilidade urbana
“Para estudar mobilidade, deve-se considerar a segregação socioespacial”.

Críticas à academia
“A gente (geógrafos) não conhece absolutamente nada sobre como os pobres estão se virando nas periferias das cidades”.
“Eu responsabilizo os professores universitários pela decadência da universidade brasileira. Depois vêm os alunos, que abraçaram a mediocridade.”
“Publicar artigo com aluno é uma imoralidade, a não ser que ele já tenha doutorado. O aluno tem que ter a segurança de caminhar sozinho”.
“Os medíocres se agarram na forma”.

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14

Feb

14

A vez das cidades inteligentes e humanas

Álvaro Oliveira, coordenador da Rede de Cidades Inteligentes e Humanas

O engenheiro português Álvaro de Oliveira, professor da Universidade de Aalto, em Helsinque (Finlândia), conta nesta entrevista como a metodologia de criação de Cidades Inteligentes e Humanas pode ser um instrumento valioso para promoção do desenvolvimento sustentável, ao incluir as comunidades no processo de co-design e co-criação de soluções. O experimento está ocorrendo em várias cidades europeias. Conversamos em junho de 2013 e o texto era destinado a um suplemento especial do Valor Econômico, mas não foi publicado por falta de espaço. De qualquer forma, o assunto continua na ordem do dia.

Como surgiu a Rede de Cidades Inteligentes?

Álvaro de Oliveira – A Europa tem feito um grande investimento na pesquisa das tecnologias que são a base da infraestrutura inteligente das cidades do futuro. Essa Rede engloba atualmente cerca de 70 cidades. Minha empresa, Alfamicro, e a Universidade de Helsinque estão ou estiveram envolvidas em 27 destas cidades, em 17 países. Trata-se de infraestruturas abertas de comunicação e sensorização que podem crescer organicamente num ambiente inovador. Desenvolvi um modelo de Urban Living Lab (Laboratório Vivo Urbano) com base na experiência adquirida na Rede Europeia de Living Labs (EnoLL na sigla em inglês), na qual tenho estado fortemente envolvido desde  sua fundação em 2006. Ao todo são 320 Living Labs com 25 mil organizações participantes. Eles permitem que a cidade se afirme como um ecossistema de inovação onde se identificam as necessidades, desejos e interesses dos cidadãos, empresas, centros de pesquisa e autoridades públicas. Em 2010 lancei a Rede de Cidades Inteligentes Conectadas, cujo núcleo inicial incluía Amsterdã, Manchester, Lisboa, Barcelona e Helsinque. A rede estabelece um mecanismo de colaboração e troca experiências sobre mobilidade sustentável, mudanças climáticas, segurança energética, envelhecimento da população, vida saudável… (…)

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