Posts com a tag ‘educação’

01

Oct

12

Iara quer estudar, a patroa não deixa

Famílias do interior do Pará enviam filhas para estudar em Belém, onde trabalham como empregadas domésticas. Mas o serviço vira cativeiro e elas mal conseguem ir à escola


Por Ana Aranha – Agência Pública

Iara*, 18 anos, e Cenira Sarmento, 66, viveram experiências parecidas quando adolescentes. Elas não tiveram o luxo de levar bronca dos pais pela bagunça do quarto, como acontece com as meninas dessa idade. Aos 14 anos, eram elas que arrumavam a bagunça dos outros. Apesar da diferença de gerações, as duas tiveram a mesma sina: foram enviadas por seus pais para trabalhar como empregadas domésticas em Belém como continua a acontecer com muitas meninas do interior do Pará.

Iara tinha 14 anos quando deixou a casa da família em Viseu (305 quilômetros da capital). Cenira tinha 10 quando saiu de São Caetano de Odivelas (110 quilômetros de Belém). Embaladas pela expectativa de um futuro melhor graças aos estudos na capital, desembarcaram assustadas na cidade onde não conheciam ninguém. Foram direto para a casa onde trabalhariam, morariam e aprenderiam lições mais duras do que a rotina diária de limpar a casa, lavar a roupa, fazer o almoço, lustrar a prata.

O primeiro ensinamento foi sobre disciplina rígida. Iara não gosta de lembrar dos gritos que a humilhavam quando esquecia de limpar um canto da casa. Cenira levava cascudos, quando errava o lugar da louça.

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02

Jul

11

A escolas acabam com a criatividade

Esta palestra de Ken Robinson no TED Talks é de 2006, mas continua atualíssima. Ele conta, com muito bom humor e ótimos exemplos, como o sistema educacional foi concebido para moldar as crianças pro mercado de trabalho e como isso mata a criatividade.

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25

Feb

11

E as sereias

Ontem foi o primeiro dia do Miguel na escola de inglês. Um pequeno passo pra um menino de oito anos, um grande passo pra humanidade. Ele gostou bastante. Vários colegas da escola estão na mesma turma. “Brincamos de desenhar monstros e de jogar videogame, mas não podia escolher o jogo”, contou. O estudo sistemático começa num bom momento, em que ele ainda tá com a cuca fresca, já se alfabetizou na língua mãe (e pai), tá motivado e consciente da importância de aprender a língua internacional.

Quando Eirik e Hélène, nossos amigos da Noruega, nos visitaram em dezembro, conversamos muito sobre o aprendizado de idiomas. Seus três filhos são bilíngues “de berço”, pois o pai é norueguês e a mãe, francesa. Eles pesquisaram bastante o assunto, pra ver como educavam melhor as crianças. E adotaram o método de cada um falar com os filhos em sua língua materna. Assim, os pequenos cresceram falando naturalmente as duas línguas sem esforço.

Eirik comentou uma coisa interessante que eu já tinha ouvido falar: até 10 ou 11 anos de idade, a gente aprende línguas estrangeiras que é uma beleza, a coisa flui naturalmente. Depois, alguma coisa acontece no nosso cérebro e as coisas vão se tornando cada vez mais difíceis. Quanto mais cedo, melhor. No caso do Miguel, o contato com o inglês vinha desde a pré-escola (sem falar nos videogames, youtube etc.), mas pra colocá-lo num curso a gente esperou a alfabetização em português estar consolidada. Os especialistas recomendam essa espera pra não bagunçar o processo de letramento, embora o Eirik discorde (alguém aí com conhecimento de causa quer comentar?).

Enfim, tou bem feliz. Estudar inglês me abriu as porteiras do mundo: viagens, amigos, livros, cinema, trabalho. Comecei “tarde”, aos 12 anos. Is this a book? perguntava o teacher. O pessoal respondia, Yes, it is – e eu entendia “E as sereias”. Hoje me dou conta do sacrifício enorme que meus pais fizeram pra pagar por essas aulas. Valeu cada minuto. Cedo ou tarde, sempre é tempo pra começar, né? Nelson Rodrigues dizia que o adulto leva a criança enterrada em si como um sapo de macumba. Então, em algum lugar deve tar também a capacidade de aprender até maravisto e lagoaen, as duas línguas que o Bruno inventou.

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09

Aug

10

Leandro, cidadão brasileiro

Este vídeo já está circulando em vários blogs, mas faço questão de reproduzir. O diálogo do garoto Leandro, morador de periferia, com o presidente Lula e o governador do Rio, Sérgio Cabral, é uma contundente amostra da arrogância dos políticos e de como pode ser enfrentada de cabeça erguida. Bem disse o Cesar Valente em seu blog: o rapaz se portou como deviam se portar os jornalistas. Lula demonstra preconceito ao dizer que tênis é esporte da burguesia (e, portanto, não acessível a negros pobres). E quando cobra solução, é por causa do possível dano eleitoral. Cabral, depois de levar a mijada federal, descarrega em Leandro, mas o rapaz não se curva. Lamento pelo povo carioca, que tem um político dessa estirpe. Veja e tire suas conclusões.

p.s.: No youtube, onde está hospedado o vídeo, explica-se que o governador do Rio prometeu um notebook pro rapaz e este tem percorrido os eventos públicos pra cobrar a promessa, com sua câmera em punho.

p.s.2: O termo cidadão está tão desgastado que evito usá-lo, mas é o mais apropriado aqui.

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