05
Dec12
A guerra não declarada no Paquistão
No décimo episódio da série O Mundo Amanhã, Julian Assange encontra Imran Khan, candidato à presidência do Paquistão, para discutir o futuro de um dos países mais afetados pela Guerra ao Terror
Ao longo de 25 minutos, Julian Assange recebe Imran Khan, que nos anos 70 e 80 foi capitão do vitorioso time de críquete do Paquistão, para conversar sobre corrupção, Osama Bin Laden, soberania e bombas atômicas. Isso porque hoje Khan está na corrida para se tornar o próximo presidente do país nas eleições de 2013, liderando a oposição com o partido que criou, o Movimento para Justiça, que combate a corrupção no país.
O Paquistão tem uma dívida acumulada de 12 trilhões. “Metade do nosso PIB vai para o pagamento de dívidas, 600 bilhões vão para o exército e assim 180 milhões de pessoas têm 200 bilhões de rúpias para sobreviver. Então, claramente, o país está inviabilizado”, pndera o político. A crise é sentida na pele pela população: em áreas urbanas, não há eletricidade por até 15 horas durante o dia, e os apagões chegam a durar 18 horas nas áreas rurais.
Khan se tornou a principal voz crítica ao fazer denúncias sobre o governo do Paquistão, um dos países mais afetados pela Guerra ao Terror promovida pelos EUA. “Quarenta mil paquistaneses foram mortos em uma guerra com a qual não temos nada a ver. Basicamente, nosso próprio exército matando nosso povo e eles fazendo ataques suicidas a civis paquistaneses. O país já perdeu 70 bilhões de dólares nessa guerra. A ajuda humanitária total tem sido de menos de US$ 20 bilhões”, diz Khan.
Mas como Khan levaria a relação com os Estados Unidos caso fosse eleito? “Não deveria ser uma relação de cliente-patrão, e pior ainda, o Paquistão como pistoleiro contratado, sendo pago para matar inimigos da América. Nós somos um Estado independente e soberano e a relação com os EUA deve ser de dignidade e respeito mútuo, não mais uma relação de cliente-patrão”, diz. Resta saber se, caso ele vença, cumprirá suas palavras.
Assista a entrevista a seguir, ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.
Esta é a décima de uma série de 12 entrevistas que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, fez com líderes e pensadores contemporâneos. DVeras em Rede publica O Mundo Amanhã em parceria com a Agência Pública e o WikiLeaks.
28
Jun11
Semana Wikileaks
Esta semana a recém-criada agência de reportagem e jornalismo investigativo Pública está publicando uma série de reportagens inéditas sobre o Brasil, baseadas em documentos obtidos pelo Wikileaks. Uma interessante iniciativa de jornalismo independente e colaborativo. Boa parte do material se refere a despachos de embaixadas – entre elas a dos Estados Unidos – e consulados no Brasil. Compartilho o texto de apresentação:
15 repórteres, 2.500 documentos, 3 dias. O resultado são cerca de 50 matérias inéditas sobre documentos diplomáticos referentes ao Brasil obtidos pelo WikiLeaks, que serão publicados durante esta semana no site da Pública.
A Semana WikiLeaks é uma iniciativa coletiva, capitaneada pela Pública com o apoio do WikiLeaks e a participação de jornalistas independentes que acreditam que histórias de interesse público devem ser contadas.
São eles: Andrea Dip, Anselmo Massad, Tadeu Breda, Julio Cruz Neto, Jessica Santos, Mariana Simões, Igor Ojeda, Tatiana Merlino, Daniel Santini, Glauco Faria, João Perez, Natalia Viana, Débora Prado, Paula Sambo e Ana Aranha.
Nos dias 10, 11 e 12 de junho, esses jornalistas se reuniram voluntariamente na sede da Pública, na Barra Funda, para ler todos os documentos referentes ao Brasil que ainda não foram publicados no site do WikiLeaks. Além de documentos da embaixada em Brasília e consulados em São Paulo, Recife e Rio de Janeiro, a Pública também teve acesso a despachos de outras embaixadas, referentes ao Brasil.
São documentos inéditos, produzidos entre 2004 a 2010, debatendo grandes questões nacionais.
A preocupação da Pública é dar visibilidade a esses telegramas, que contam o que se discute nas relações internacionais – conversa a conversa, reunião a reunião.
Durante esta semana, os documentos originais serão publicados no site da Pública e no site do WikiLeaks. No dia 4 de julho, todos os telegramas brasileiros serão disponibilizados no site do WikiLeaks.
Todas as reportagens são em creative commons, para livre reprodução desde que citada a fonte.
“Meses depois deste vazamento tomar as manchetes da imprensa, há ainda muitas informações importantes nos documentos de todos os países. Estes documentos são mais que notícia, eles contam a história desses países. Até mesmo documentos que já foram publicados no site do WikiLeaks trazem revelações inéditas, e estão ali para serem pesquisados pelo público”, diz o porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson.