Posts com a tag ‘comunicação’

16

Feb

17

Suicídio: informação salva vidas

Excelente episódio do podcast Mamilos, conduzido com sensibilidade e informação científica qualificada. O suicídio é um assunto sério que costuma ser varrido pra debaixo do tapete, mas quando encarado de frente, com boas orientações de especialistas, esse conhecimento pode salvar vidas. Recomendo a todos, em especial aos profissionais de saúde e assistência social, professores e colegas jornalistas. Nos dez anos em que trabalhei em redações, sempre ouvi o mantra de que a mídia deve evitar a divulgação de notícias de suicídio. Não é bem assim, tudo depende de como se publica.
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25

Oct

12

Mostra Cinema e Direitos Humanos

Vem aí a 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, maior evento do gênero no mundo, com exibição de 37 filmes de oito países em 27 capitais brasileiras, entre 7 de novembro e 20 de dezembro. Este ano, Florianópolis recebe o evento pela segunda vez, de 3 a 8 de dezembro. A entrada é gratuita.

A Mostra é voltada a obras realizadas em países sul-americanos sobre aspectos relacionados aos direitos humanos, como: direitos das pessoas com deficiência; população LGBT/enfrentamento da homofobia; memória e verdade; crianças e adolescentes; pessoas idosas; população negra; população em situação de rua; mulheres; direitos humanos e segurança pública; proteção aos defensores de DH; combate à tortura; democracia e DH; e situação prisional.

A iniciativa é da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira, vinculada ao Ministério da Cultura, e patrocínio da Petrobras. Com produção local de Luiza Lins, a Mostra traz cinema, debates e oferece a possibilidade de uma rica troca de conhecimentos sobre os múltiplos cotidianos da América do Sul.

Quando

3 a 8 de dezembro

Onde

Auditório do Cesusc. Rodovia SC 401, Km 10 – Trevo Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis, com entrada franca

Links

http://www.cinedireitoshumanos.org.br/2012/portugues.html

https://www.facebook.com/cinemaedireitoshumanosfpolis/info

Programação

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30

May

12

Extradição de Assange pode ser revista

Em entrevista, o porta-voz do WikiLeaks Kristinn Hrafnsson diz que a organização tem novos vazamentos na manga: “Continuamos vivos”.

Por Natalia Viana, da Agência Pública

Hoje pela manhã a corte suprema do Reino Unido anunciou sua decisão a favor da extradição de Julian Assange para a Suécia, onde é investigado por crimes sexuais. Mas a batalha ainda não acabou.

A advogada de Julian, Dinah Rose, tem 14 dias para pedir uma última revisão da decisão. O caso já se arrasta na justiça britânica há um ano e meio – durante todo este período, Julia está em prisão domiciliar, podendo sair apenas durante o dia. Ele ainda é obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica que monitora todos os seus movimentos. Desde a prisão domiciliar ele comanda um programa de entrevistas com pensadores, políticos e ativistas para o canal estatal russo RT, The World Tomorrow.

A Pública conversou com Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, sobre a decisão de hoje:

Como foi recebida a decisão da Corte Suprema?

Há sentimentos misturados na equipe. Ficamos desapontados com a derrota, mas os advogados ficaram surpresos com os argumentos utilizados, que eram totalmente novos e não haviam sido usados durante as audiências anteriores. Foram 5 juízes a favor (da extradição) e 2 contra. Os favoráveis se basearam na Convenção de Viena sobre a Lei dos Tratados, mas este ponto não havia sido discutidos. É uma decisão surpreendente e interessante, porque é uma combinação da legislação europeia com a decisão do parlamento britânico.

Como assim?

O que os juízes disseram é que quando o acordo do tratado de extradição europeu (European Arrest Warrant) foi assinado, os parlamentares não entenderam a contradição entre as leis. Pela lei britânica, um procurador não é visto como uma autoridade judicial. É uma grande surpresa do ponto de vista legal, e muito interessante.

Quais as consequências legais para outros casos semelhantes?

Em geral, isso significa que um procurador pode pedir a extradição de alguém que está sendo investigado por um crime, mesmo que ele não esteja sendo processado formalmente – é o caso do Julian. Mas eu acho que as implicações legais não podem ser determinadas até depois destas duas semanas, quando haverá uma decisão final. A corte suprema pode permitir que nossos advogados contra-argumentem com base neste novo fato (o Tratado de Viena), e isso pode alterar toda a decisão.

Por que Julian está tão empenhado em não ser extraditado? O que pode acontecer se ele for extraditado para a Suécia?

Olha, vamos ver o que acontece, passo a passo. Mas temos fortes indícios de que os Estados Unidos podem pedir a sua extradição da Suécia. Não há nenhum pedido formal ainda, mas sabemos, com base nos emails vazados da empresa de inteligência Stratfor – o último vazamento do WikiLeaks – que existe uma acusação secreta contra Julian. Essa acusação teria sido expedida por um júri secreto que se reuniu durante meses em Alexandria, na Virgínia. Nem a acusação nem a decisão do júri foram apresentados ao público.

Dizem que é a possível prisão de Julian é um último golpe ao WikiLeaks, uma organização que tem sofrido problemas financeiros desde que os cartões de crédito suspenderam pagamentos. O WikiLeaks tem futuro?

Se Julian for preso, temos um plano, é claro, mas não vamos discutir isso em público. Estamos nesta batalha há quase dois anos e continuamos aqui, continuamos vivos. Então vamos ver o que acontece. No caso dos cartões de crédito, entramos com uma petição na Comissão Europeia contra Visa e Mastercard na Comissão Europeia, já que eles estão fazendo um bloqueio ilegal contra nós. Nas próximas semanas a Comissão vai decidir se abre ou não uma investigação contra essas empresas.

Quais os próximos passos do WikiLeaks?

Ainda há alguns episódios da série World Tomorrow, e o vazamento dos documentos da Stratfor ainda não terminou, temos 25 veículos do mundo todo trabalhando com os documentos e estamos ampliando as parcerias. Lançamos uma rede social, a Friends of WikiLeaks, para articular nossos apoiadores.

E haverá mais vazamentos?

Claro! Novos vazamentos devem sempre ser esperados. Sempre temos novos projetos de publicações na fila.


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18

Nov

11

Mídia, inovação e cidadania

Compartilho.

- 16 de novembro de 2011 – Outras Palavras/Le Monde Diplomatique Brasil

Rede Ashoka e Google premiam onze projetos que permitem aos cidadãos apropriar-se da tecnologia e se comunicar sem intermediários

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog

A Ashoka, que apóia empreendedores sociais em todo o mundo, lançou, com o apoio do Google, um desafio para dar visibilidade a inovações que empreguem o poder da mídia para estimular a cidadania. O “Midia Cidadã: Um Desafio Global para a Inovação” recebeu 426 propostas de 75 países, das quais 11 foram escolhidas para serem votadas pelo público.

“Mesmo nesta época de proliferação da mídia, milhões de pessoas continuam sendo marginalizadas por barreiras políticas e econômicas, que impedem que elas acessem ferramentas básicas de informação, privando-as de conhecimentos e conexões valiosas e privando o resto do mundo de suas vozes”, afirma o site da iniciativa.

Entre os objetivos está garantir que populações desprivilegiadas e vulneráveis tenham acesso a canais de mídia para fazer fluir sua voz, mas também equipar jornalistas com ferramentas para que possam relatar notícias que, por pressão política ou econômica, se perderiam. O que inclui formas de aprofundar a proteção à liberdade de expressão e à privacidade e de garantir sustentabilidade financeira à produção independente de notícias.

Trago a lista dos 11 finalistas para que vocês conheçam e votem. Vale a pena dar uma navegada por eles. São boas idéias, algumas das quais já possuem similares no Brasil, e podem ser replicadas. Parte do conteúdo está em português e parte em inglês.

Projeto Serval – Comunicação em qualquer lugar, a qualquer hora – Austrália. Com o projeto Serval, os celulares trabalham onde não há infra-estrutura, na ocorrência de disastres e sem o apoio do governo – apenas com o uso do número do celular;

CrowdVoice.org – Rastreando Vozes de Protesto – Bahrain. CrowdVoice oferece um novo olhar, uma nova forma de compartilhar, moderar e organizar informações sobre movimentos e protestos no campo dos direitos humanos;

Jornalismo Global Participativo com FrontlineSMS – Reino Unido. Graças ao FrontlineSMS formou-se uma rede global de usuários e apoiadores com uma sólida reputação em integração móvel;

FreedomBox: Sistema três em um: privado, anônimo e de comunicação segura – EUA. Configuração mínima e alta privacidade tecnológica, anonimato, segurança em um computador de baixo consumo energético para usuários não-especialistas;

Superdesk: Traz sala de imprensa digital para organizações independentes de mídia – República Checa. Com o Superdesk, todas as organizações de mídia estão livres para definir suas salas de imprensa e enviar conteúdo para qualquer plataforma, em qualquer lugar e a qualquer hora;

Sala de Imprensa Digital: Para jornalistas e cidadãos do mundo árabe trabalharem juntos – Egito. Tecnologia, tradução e treinamento combinados para ampliar as vozes dos cidadãos do Oriente Médio;

Demotix: Democratizar Notícias – Reino Unido. Demotix é onde acontece a liberdade de expressão, diversidade de mídia e onde fontes futuras notícias se encontram;

5th Pillar – Fortalecer cidadãos no combate à corrupção - Índia. As ferramentas anticorrupção do 5th Pillar capacita todo cidadão a se tornar um “guerreiro combatente” da corrupção;

Uma história verdadeira a cada byte: descubra e compartilhe – Argentina. Todos têm um papel na criação, validação e difusão de uma grande história;

CGNet Swara: Portal de voz para comunidade de mídia – Índia. Portal de voz acessível via telefone que permite participação na democracia por meio da comunicação e diálogo;

Jornalista móvel em cartão SD – EUA. Testa e serve como uma ferramenta de ponta para mídia móvel na comunicação em qualquer ambiente.

Par ver todas as 426 inscrições, incluindo as brasileiras, clique aqui e depois na aba “Inscrições”.

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31

Oct

11

Conversa Pública sobre o Haiti

Compartilhando:

CONVITE: CONVERSA PÚBLICA SOBRE O HAITI

COM KIM YVES E DAN COUGHLIN

A Agência Pública de reportagem e jornalismo investigativo vai receber dois grandes jornalistas que cobrem o Haiti para uma conversa aberta e franca com o público.

Os dois foram responsáveis pela publicação dos documentos do WikiLeaks no Haiti, que revelaram entre outras coisas o lobby dos Estados Unidos para frear o aumento do salário mínimo para 5 dólares por dia e a articulação para manter Aristide fora do país.

Na Conversa Pública eles vão falar também sobre o atual governo e os protestos contra a Minustah, a força de paz da ONU comandada pelo Brasil desde 2004. O papo será mediado por Natalia Viana.

Dan Coughlin faz reportagens sobre o Haiti desde 1992. Ele foi correspondente do Inter Press Service e director da radio independente Pacifica Network, nos EUA. Hoje em dia colabora com o The Nation, que foi parceiro do Haiti Liberte para a publicação dos documentos do WikiLeaks sobre oi Haiti.

Kim Ives é editor do jornal Haiti Liberté, que circula no Haiti e nas comunidades de imigrantes haitianos nos Estados Unidos. Ele comanda um programa semanal na radio publica WBAI-FM, nos EUA, e já dirigiu e produziu diversos documentários sobre o Haiti.

SERVIÇO:

CONVERSA PÚBLICA – HAITI
Dia 06 de novembro às 14 horas
Rua Vitorino Carmilo, 459 – Barra Funda – São Paulo – TEL: +55 (11) 3661 3887
Entrada Franca

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13

Oct

11

Perseguição a jornalista em Angola

Da ong Repórteres sem Fronteiras:

12.10.2011

ANGOLA

Condenado por “difamação”, o jornalista William Tonet sujeita-se a um ano de prisão

Repórteres sem Fronteiras denuncia a condenação por “difamação”, anunciada a 10 de Outubro de 2011, do jornalista William Tonet, e a decisão da justiça angolana de lhe impor o pagamento da soma de dez milhões de kwanzas (77 000 euros) aos queixosos num prazo de cinco dias. Se não desembolsar este montante, o jornalista terá de cumprir um ano de prisão.

Além disso, para que o recurso interposto pelo advogado de defesa seja aceite pelo Tribunal Supremo, o jornalista terá de pagar a multa de dez milhões de kwanzas.

“O juiz do Tribunal Provincial de Luanda decretou uma pena incompreensível. Embora o carácter difamatório do artigo em questão não tenha sido comprovado, o jornalista vê-se obrigado a indemnizar os queixosos. William Tonet, há muito alvo das autoridades, parece pagar o preço da sua independência. Denunciamos igualmente a conivência entre o juiz e os queixosos. A pena pronunciada contra este jornalista assemelha-se a um aviso e uma intimidação dirigida ao conjunto da profissão”, declarou Repórteres sem Fronteiras.

“Por outro lado, é anormal que o jornalista tenha de pagar o montante da multa de forma a obter a suspensão da pena. Em caso de recurso, o efeito suspensivo da pena deveria ser imediato”, acrescentou a organização, que salienta que os jornalistas que cobriam a audiência foram intimidados e impedidos de realizar o seu trabalho livremente.

William Tonet foi atacado em tribunal na sequência de um artigo publicado em 2008 no seu jornal Folha8, no qual acusava três generais do exército angolano e o director nacional das alfândegas de enriquecimento ilícito, corrupção e abuso de poder.

O seu advogado, David Mendes, arremeteu contra o valor exorbitante da multa. “Por homicídio, a multa é de 200 mil kwanzas, 700 mil se o juiz forçar a nota. Como explicar uma condenação a dez milhões de kwanzas por difamação, num caso em que demonstrámos a realidade dos factos evocados?”, inquiriu o advogado.

“Onde é que vamos arranjar tanto dinheiro para pagar aos queixosos? Prefiro ir para a cadeia”, afirmou por seu lado o jornalista.

A Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), observadora oficial da União Africana em temas de direitos humanos, lançou uma campanha oficial de recolha de fundos para pagar a indemnização.

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16

Jun

11

Comercial da Volkswagen em 1969

Recebi por e-mail e passo adiante. O anúncio machista parece anacrônico hoje, mas uma olhadinha nas revistas e na tevê mostra que a publicidade não evoluiu tanto nessas quatro décadas.

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13

Mar

11

Transitions in Eloquence

Meu amigo-brother Antonio Rocha, carioca radicado nos Estados Unidos há 22 anos, fala sobre seu ofício de mímico e contador de histórias no TEDxDirigo, organizado no Maine. Esse é um dos “filhotes” da conferência multidisciplinar TED (Technology Entertainment Design), que desde 2006 divulga gratuitamente, sob licença Creative Commons, as TedTalks, palestras muito boas (e curtas) sobre os mais variados temas. Aqui, Antonio conta um pouco sobre o seu processo criativo.

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03

Aug

10

As fotos do Yan

The SellerO amigo Yan Boechat acaba de inaugurar um saite de fotos. As imagens ainda não são definitivas e é preciso revisar os textos, avisa. Preocupação irrelevante, pois nada é definitivo enquanto se está vivo. A internet ficou mais rica com este presente que ele compartilha. Em suas andanças jornalísticas e vagabundísticas pelo mundo, Yan conseguiu capturar belezas raras, de lugares e gentes inusitados. Algumas fotos, como a do tanque russo abandonado no Afeganistão, quase foram suas últimas, pois ele caminhou sem saber por um campo minado pra chegar mais perto da carcaça de ferro.

Concordo com esse flamenguista de Itaperuna: suas melhores imagens são de gente. Que bom que ele conseguiu, como admite, superar a “covardia da tele-objetiva” e se aproximar das pessoas para fotografá-las. Assim capturou momentos especiais, como o da bilheteira de seios fartos num parque de diversões no Tocantins, o menino boliviano fazendo bola de chiclete, a mulher e a criança paulistas num abraço quente de olhos fechados…

AngolanasO menu dá uma ideia da variedade de temas e lugares clicados: Gente; Lugares (eu botaria “Outros Lugares”, e no final da lista); Cotidianas; Copa sem Cor; Afeganistão; Angola; Patagônia; Irã; Bolívia; Rússia. Gosto em especial das suas fotos em preto e branco, com filme granulado. O cabra se dá ao requinte de ter um pequeno laboratório em casa pra revelar à moda antiga e ampliar sob a magia da luz vermelha.

000086Passeio pelas fotos e me bate um flashback da primeira vez que vi o Yan, em 1993, o ano em que ainda éramos magros. Na época ele era calouro de jornalismo na UFSC – curso que tem rendido muitas safras de profissionais criativos e talentosos, como Sonia Bridi, Celso Vicenzi, André Rohde, Marques Casara, Frank Maia e tantos outros. Eu, repórter de 27 anos (também formado na UFSC, na turma 91.2), tava numa fase de adrenalina e muitas andanças. Entre uma cerveja e outra, ele perguntava das minhas viagens pela América do Sul e Ásia. Seus olhos brilhavam e diziam sem dizer nada, “um dia vai ser minha vez”. Aí está, ele foi longe com seu espírito aventureiro. Vai mais ainda.

Faltou dizer: 1) a principal área de atuação do Yan na comunicação não é a fotografia, e sim a escrita. Grande contador de histórias! 2) Eu me orgulho muito de ser amigo desse cara de coração generoso e circunferência abdominal avantajada, pois de nada adiantaria tanto talento se ele fosse um filho-da-puta. Este é, portanto, um texto eivado pela parcialidade. :)

Segue na íntegra uma pequena biografia do repórter-fotógrafo por ele mesmo:

Yan BoechatEu sou flamenguista, em primeiro lugar. E isso diz muito sobre a pessoa de gosto refinado que sou. Minha maior influência em qualquer campo, seja artístico, seja intelectual ou até profissional, é o Flamengo de 81. Cartier-Bresson que me desculpe, mas se Júnior carregasse o filme, Andrade fotometrasse e Zico fizesse o enquadramento, ele e todos os outros gênios estariam um degrau abaixo no panteão dos grandes fotógrafos de todos os tempos. Essas fotos são uma tentativa de replicar, ainda que mal e porcamente, a beleza, a visão de jogo e a poesia daquele time, sem abandonar a virilidade de um Anselmo, que fique claro.

Comecei a fotografar na adolescência, com uma Ricoh. Fiz péssimas fotos com ela, mas até hoje dizem ser uma boa máquina. Quando entrei na faculdade de jornalismo, la em 93, comecei a fotografar com mais frequência e comprei uma Pentax K-1000, o grande fusca das máquinas fotográficas. A troquei por uma Nikon de foco automático que estragou poucos meses depois. E aí, sem câmera e sem dinheiro para comprar outra, fiquei anos sem fotografar.

Voltei em 2002, quando estava viajando. Foi um reencontro ótimo, porém intermitente. Abracei as digitais quando elas ficaram baratas e, com o tempo, fiquei com saudade do filme. E voltei a eles. Hoje praticamente só fotografo com filme. Montei um laboratório em casa e sempre que alguém vai viajar me faz a gentileza de trazer uns químicos e filmes. Com isso, fazer fotografia analógica não é tão economicamente imbecil como parece. E é uma delícia. Quase um Natal a cada filme. Sempre se está à espera do presente que vai vir.

Apesar de amar a fotografia, eu vivo de escrever. Sou jornalista e ando pulando de redação em redação pelos últimos 15 anos. Às vezes cansa, mas é divertido. Continuo tentanto, ainda sem sucesso, fazer na vida o que o Adílio, o Zico e até o Nunes fizeram em campo. Nesse momento dedico-me fervorosamente a ganhar na Megasena, mesmo que ela não esteja acumulada.

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30

Jul

10

DVeras em Rede, 10 anos

Pra não deixar a data passar em branco: há dez anos, em um dia qualquer de julho de 2000, nascia o web log DVeras em Rede. Uma combinação de diário digital, laboratório de redação, arquivo de resenhas e reportagens, catálogo de fotos, cápsula do tempo, depósito de pequenas insanidades e outros usos que fui descobrindo com o tempo. Algumas coisas que você não perguntou sobre este blog, mas vou contar assim mesmo:

  • Os dois inspiradores foram os blogurus Nando Pereira e Nicholas Frota, jornalista e designer brilhantes com quem eu trabalhava. Na mesma época e lugar surgiram também o Pinkdress, que depois iria se transformar no delicioso blog da Dadivosa; e o C.r.i.m.i.n.a.l., que não sei por onde anda.
  • DVeras em Rede nasceu em um apartamento na rua Paulino Fernandes, a uma quadra do metrô de Botafogo, no Rio. Alimentava-se com uma conexão de 128 Kb, num berçário chamado Geocities. O primeiro background do blog era cor de creme, horroroso. Depois mudei pra branco e adotei uma linha mais minimalista.
  • Nesses dez anos, o blog hospedou-se nas seguintes plataformas: Geocities; f2s; Blogger; Blogger Brasil (que não deixou saudade nenhuma); Globalite (também não fez falta); novamente Blogger e, no início de 2009, WordPress. Parte dos posts se extraviou, mas desconfio que a humanidade não perdeu grande coisa.
  • DVeras em Rede nunca mudou de nome. Houve um tempo em que pensei em rebatizá-lo de DVeras na Rede, mas abri uma cerveja, refleti e desisti – era uma mudança muito radical.
  • Uma das primeiras logomarcas do blog foi desenhada pelo amigo Zé Dassilva, que morou com a gente um tempinho quando chegou ao Rio – e hoje é quase um carioca da gema, embora ainda torça pro Criciúma.
  • DVeras em Rede nunca teve anúncio ou patrocínio, por dois motivos: não procurei, nem fui procurado. Contudo, se você tiver uma proposta interessante, posso estudar…
  • …mas um dos pré-requisitos é manter a “linha editorial”: este é um blog sobre assuntos aleatórios, em que coerência temática passa longe das preocupações.
  • Por que blogo com regularidade há dez anos? Vou levar outros dez pra responder. :) As principais motivações racionais foram os desejos de criar um espaço de livre-pensar e de usar a ferramenta pra praticar a autodisciplina da escrita. Mas às vezes acho que é pura compulsão mesmo. Mardita compulsão divertida!
  • DVeras em Rede tem poucos leitores, mas de alta qualidade. Nunca me esforcei pra divulgar o blog. As pessoas vão chegando, a maioria lê em silêncio e se manda; algumas trocam um dedo de prosa nos comentários, vão embora e depois retornam, ou não. É simples assim. Já conheci gentes finas através do blog.
  • Passei anos sem moderar os comentários, mas nos últimos tempos tive problemas com uns malas e precisei apagar alguns. Quando migrei pro WP, passei a usar uma ferramenta pra moderar comentários (só na primeira vez do elemento) e filtrar spam.
  • Uma das coisas que me mais me divertem é conferir as palavras-chave que os paraquedistas do Google usam pra chegar até aqui, tipo: como lavar um gato em casa; fotos de cocô e xixi humano; o pintinho em forma de poesia, posição baião-de-dois e dispositivo para repelir gambás. Não se pode atender a todos.
  • O segredo pra blogar durante dez anos: quando estou sem saco ou tempo pra escrever, adoto uma dessas opções: reblogar a mim mesmo, recuperando um texto antigo; reblogar os outros; contar piada; publicar anotação de leitura (aliáas adoro fazer isso e depois reler); publicar uma foto. Também deixo dias sem atualizar, sem remorso, mesmo sabendo que não é o ideal. Essa é uma das vantagens de não ter compromissos publicitários.
  • Um dilema cotidiano é como preservar a intimidade sem tornar o texto insípido, impessoal. Isso requer bom senso e um delicado equilíbrio, atributos que provavelmente não tenho de sobra, mas estou na busca. Como regra geral não publico meu endereço, fotos dos rostos dos filhos, detalhes da minha vida sexual / intestinal ou referências a reportagens em andamento. Talvez devesse enfrentar melhor a timidez, é uma coisa em que sempre penso. E lembro de meu ídolo John Fante na definição de Bukowski: “Finalmente um escritor que não tem medo da emoção”.
  • Blog versus redes sociais: o twitter e o facebook desviaram um pouco a minha atenção do DVeras em Rede ultimamente, mas acho que funcionam mais como complementos que como “rivais”. Há coisas que só um texto mais longo pode dar conta. E outras pras quais bastam 140 toques ou menos.
  • Fase WordPress: é muito boa a nova plataforma pra gerenciar o blog, mas ainda estou engatinhando no uso dos recursos. O novo design, “em construção”, está sendo feito num trabalho conjunto com Fabrício Boppré, leitor do blog que é também designer e programador de mão cheia e se ofereceu pra uma parceria voluntária. As mudanças se inspiram na filosofia/estética japonesa wabi-sabi, mas deixo que o próprio Fabrício desenvolva isso melhor uma outra hora, num post convidado.
  • O que mais gosto de escrever aqui no blog? Sem dúvida, as Miguelices e Brunitezas. Sou fãzaço dos meus meninos. Espero que, mais adiante, eles se divirtam com as frases e historinhas que registrei da infância deles.
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