26

Jul

09

Girafa


Girafa, originally uploaded by dveras.

Começo hoje uma nova série no blog: fotos de infância. Talvez algumas tenham interesse pra você, possivelmente a maioria não. Isso é irrelevante pra mim (se você me conhece ou acompanha DVeras em Rede há tempo, sabe que não se trata de descaso com o leitor, e sim o compromisso primeiro com o que me importa publicar, antes de qualquer consideração com o que os outros querem que eu publique). Encaro esse material como uma espécie de terapia empírica de autoconhecimento (sou só um grande curioso; meu amigo Ayres Marques, que trabalha com fototerapia na Itália, sabe bem como isso funciona).

Um prólogo com idas e vindas no tempo e no espaço pra explicar como recuperei essas fotos: minha mãe Sara era aficcionada por fotografia. Durante os dois anos em que vivemos em Manaus ela tirou centenas de slides em suas viagens como enfermeira num navio-hospital que atendia as comunidades ribeirinhas no estado. No meio dessas, muitos flagrantes familiares. Ela também clicou muita coisa antes (Recife) e depois da nossa temporada amazonense (Recife e Natal). Com sua morte em 1990, os slides ficaram com meu irmão André. No ano passado estive em Natal e levei alguns, guardando-os na gaveta com a vaga intenção de um dia escaneá-los.

Esse dia chegou na semana passada, quando recebi a visita do Michel e da Cecília, amigos e vizinhos de bairro aqui no Sul da Ilha de SC. Michel é um francês que conheci no Thorn Tree, fórum de viajantes do saite Lonely Planet, e que hospedamos em 2001 no apartamento que morávamos na Serrinha. Ele fazia uma escala na viagem de bicicleta do Alasca à Terra do Fogo. Em Floripa apaixonou-se – coincidentemente, por uma amiga minha, colega de Aliança Francesa -, largou a vélo e fixou residência.

Passaram-se oito anos. Há poucos dias, recorri ao serviço profissional dele pra consertar um computador (aliás, recomendo: twi.web [arroba] gmail [ponto] com). Ao tomarmos um café, comentei dos slides guardados na gaveta e ele se ofereceu pra digitalizá-las, como retribuição àquela longínqua hospedagem. Enfim, o material está na mão em forma de bits e bytes. São quase 800 fotos, muitas delas em mau estado de conservação, outras com as cores já meio desbotadas ou alteradas. E elas são só o começo, meu irmão tem muito mais no baú de tesouros dele. Tenho me divertido em doses homeopáticas com a restauração caseira desse material no fotoxópi e com as evocações que essas imagens trazem.

Esta foto, por exemplo, foi tirada em Recife em 1968, quando eu tinha dois anos de idade. O mais importante dela aparece no canto direito: a girafinha, o brinquedo preferido da minha primeira infância. Já contei aqui: o bichim apitava quando a gente apertava a barriga. Meu irmão André detestava o barulho do apito. Um dia a girafa sumiu. Passou um tempão até que alguém, limpando o alto do guarda-roupa, achou o brinquedo escondido. Depois disso a girafa ainda durou um tempão, até que sumiu pra sempre, numa das trinta e tantas mudanças que já fiz. Que bom revê-la.

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3 Responses:

  1. Em 03/08/09, 17:33, Celso Iha disse:

    Bicho realmente o Miguel é a tua cara.
    abraços

  2. Em 01/08/09, 21:18, Sueli Ferraz disse:

    Há tempos não passava por aqui! Quantas novidades, a mais interessante são as fotos de família/infância. Quando saí do Brasil para viver noutro país só levei duas coisas aos montes: todos os meus cd´s de música boa brasileira e todas as fotos de família que consegui “roubar” à mamã. Também as fotos dos amigos amados e queridos que deixei ficar… são aquelas imagens que clareiam os dias nublados.
    Bom trabalho!!

  3. Em 27/07/09, 22:35, Raul disse:

    Véio, fiz esta viagem fotográfica ano passado e recentemente encontrei outra foto minha na página de uma amiga. Eu deveria ter uns 11/12 anos e foi no dia em que visitei pela primeira vez o centro da cidade. Tenho uma imensa recordação deste dia e quando encontrei a foto pirei!
    Ps.: Tinha uma girafa desta na minha casa, quando eu era criança.
    Beijos em todos!


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