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Dec

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DVeras Awards de Literatura 2021

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Irmã leitora, irmão leitor,

Chegou a hora de anunciar os resultados da 15a. edição do DVeras Awards de Literatura, celebração anual da leitura por prazer, promovida pelo blog DVeras em Rede. Nosso patrono (ele ainda não sabe) é Daniel Pennac, autor da lista com os dez direitos inalienáveis do leitor. Em 2021 eu exerci quatro deles de forma continuada e sem culpa: o direito de não terminar um livro; o de reler; o de ler qualquer coisa, e o de ler uma frase aqui e outra ali. Portanto, não espere uma lista muito extensa.

No segundo ano da praga viral e terceiro da peste familiciana, concluí 18 livros, igualando a marca de 2020 e a média de um livro a cada três semanas. Os temas foram da ficção científica ao crime, passando por política e amor, música e História, filosofia e ciência, humor e autoconhecimento. Por gênero, foram nove romances, duas grandes reportagens, duas coletâneas de contos, duas de ensaios e uma de crônicas, além de um livro de poemas e uma biografia. Os países de origem dos 15 autores homens e quatro mulheres são Austrália, Argentina, Brasil, Estados Unidos, Japão, Peru, Rússia e Suécia.  Algumas menções honrosas por categoria:

  • De pirar o cabeção: Quarantine, sci-fi de Greg Egan
  • Caliente: hai quases, poemas de Lilian Schmeil
  • Melhor leitura de banheiro: Vai dar merda, crônicas de Cláudio Schuster
  • Releitura: A invenção de Morel, sci-fi de Bioy Casares
  • Pra ler ouvindo música: Can’t Buy Me Love, biografia dos Beatles por Jonathan Gould
  • Necessário: A república das milícias: dos esquadrões da morte à era Bolsonaro, reportagem de Bruno Paes Manso
  • Dava um filme: Baixo esplendor, romance de Marçal Aquino, empatado com Nove histórias errantes, contos de Márcia Feijó

A lista de concorrentes, pela ordem cronológica em que foram concluídos:

  1. A invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares
  2. A república das milícias: dos esquadrões da morte à era Bolsonaro, Bruno Paes Manso
  3. Quarantine, Greg Egan
  4. Mossad: os carrascos do kidon, Eric Frattini
  5. Crime e castigo, Fiódor Dostoiévski
  6. Homens sem mulheres, Haruki Murakami
  7. South of the Border, West of the Sun, Haruki Murakami
  8. After Dark, Haruki Murakami
  9. Pontos de fuga: o lugar mais sombrio, Milton Hatoum
  10. O homem que sorria, Henning Mankell
  11. Can’t Buy Me Love, Jonathan Gould
  12. Um casamento americano, Tayari Jones
  13. Baixo esplendor, Marçal Aquino
  14. A Field Guide to Getting Lost, Rebecca Solnit
  15. Algoritmos para viver: a ciência exata das decisões humanas, Brian Christian e Tom Griffths
  16. Nove histórias errantes, Márcia Feijó
  17. hai quases, Lilian Schmeil
  18. Vai dar merda, Cláudio Schuster

E os três premiados são…

Bronze: Um casamento americano, de Tayari Jones. O romance dessa professora de literatura nascida em Atlanta, EUA, ganhou o Prêmio de Mulheres para Ficção em 2019. Conta de um jovem casal de negros, apaixonados e em ascensão profissional, que têm as vidas transtornadas pela prisão e condenação do homem por um crime. A narrativa se alterna entre diferentes pontos de vista e aborda temas ligados a racismo, machismo, resiliência, transformação e superação. História bonita e bem contada.
Prata: A Field Guide to Getting Lost, de Rebecca Solnit. A escritora americana discorre sobre perdas e o ato de se perder, tanto em sentido figurado quanto físico. Ela combina referências históricas, da literatura e da arte com suas memórias afetivas, transitando por encontros amorosos no deserto, mapas e outros objetos simbólicos, fragmentos biográficos da avó imigrante, a ausência de uma amiga que morreu jovem, uma casa marcante da infância… Li sem pressa. Tem altos e baixos, mas no geral a impressão é de encantamento.
Ouro: depois de dez anos esperando na estante, Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski, entrou pra minha lista de leituras concluídas. E vai direto pro topo do pódio. O que acrescentar ao que já foi dito sobre esse romance, que influenciou tanta gente boa e é considerado uma das joias da literatura universal? Gostei! Conta sobre o homicídio de uma velha agiota e sua filha por um ex-estudante, pobre e angustiado pra dar algum sentido à vida. Podia ser só uma história banal, mas na pena do escritor russo, esse enredo vira um mergulho nas tormentas da natureza humana. A ideia da redenção por meio do sofrimento é só uma das reflexões possíveis em uma obra multifacetada, que merece releituras.
Uma vez me disseram que ler torna as pessoas melhores. Se melhoramos mesmo, não sei, mas dificilmente vamos ficar pior ou nos converter ao terraplanismo, o que já é grande coisa. A comparação com coletes salva-vidas me parece boa. Vamos precisar muito dos livros pra manter a cabeça fora d’água e reconstruir o país. Desejo que, no meio das tempestades, você encontre serenidade suficiente pra dedicar um tempinho a eles e ajudá-los a circular. Feliz 2022!
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