14
Jul14
Inovações reduzem retrabalho no canteiro
Reportagem que publiquei em março no Valor Econômico.
Novas tecnologias adotadas na construção civil estão chegando aos canteiros de obras, com benefícios para construtoras, trabalhadores e consumidores. As inovações abrangem de técnicas construtivas a sistemas de gestão de projetos; de máquinas que aumentam a segurança dos operários ao reaproveitamento de materiais reciclados. Para as empresas, as vantagens incluem a redução nos custos e prazos de entrega, a valorização dos empreendimentos e o aumento da competitividade em licitações públicas. (…)
14
Feb14
Arenas de criação coletiva
Uma iniciativa inovadora de planejamento urbano participativo vem sendo desenvolvida desde outubro de 2012 em 15 cidades europeias. O movimento Cidades Inteligentes e Humanas foca no protagonismo cidadão em “arenas” – espaços onde as pessoas podem compartilhar ideias e co-criar soluções comunitárias. Com projetos de baixo custo e parcerias criativas na captação de recursos, as prefeituras têm economizado até 60% na prestação de serviços. Para os gestores municipais, esse modelo traz o desafio de transformar a estrutura pública tradicional, colocando-a como parceira dos munícipes na definição do futuro das cidades.
A metodologia foi criada pelo projeto Periphèria, consórcio liderado pela empresa portuguesa Alfamicro com 12 instituições de cinco países-membros da União Europeia. Em maio [de 2013], o Periphèria publicou um “livro de receitas” (Human Smart Cities – The Cookbook), que traz orientações para fazer uma cidade inteligente e humana. A proposta é começar com soluções simples para necessidades concretas e depois replicá-las, considerando as realidades específicas de cada lugar. Entre os ingredientes em comum das iniciativas bem sucedidas estão as alianças sociais, o uso da internet como plataforma e o trabalho colaborativo em um contexto de orçamentos públicos apertados.
14
Feb14
A vez das cidades inteligentes e humanas
O engenheiro português Álvaro de Oliveira, professor da Universidade de Aalto, em Helsinque (Finlândia), conta nesta entrevista como a metodologia de criação de Cidades Inteligentes e Humanas pode ser um instrumento valioso para promoção do desenvolvimento sustentável, ao incluir as comunidades no processo de co-design e co-criação de soluções. O experimento está ocorrendo em várias cidades europeias. Conversamos em junho de 2013 e o texto era destinado a um suplemento especial do Valor Econômico, mas não foi publicado por falta de espaço. De qualquer forma, o assunto continua na ordem do dia.
Como surgiu a Rede de Cidades Inteligentes?
Álvaro de Oliveira – A Europa tem feito um grande investimento na pesquisa das tecnologias que são a base da infraestrutura inteligente das cidades do futuro. Essa Rede engloba atualmente cerca de 70 cidades. Minha empresa, Alfamicro, e a Universidade de Helsinque estão ou estiveram envolvidas em 27 destas cidades, em 17 países. Trata-se de infraestruturas abertas de comunicação e sensorização que podem crescer organicamente num ambiente inovador. Desenvolvi um modelo de Urban Living Lab (Laboratório Vivo Urbano) com base na experiência adquirida na Rede Europeia de Living Labs (EnoLL na sigla em inglês), na qual tenho estado fortemente envolvido desde sua fundação em 2006. Ao todo são 320 Living Labs com 25 mil organizações participantes. Eles permitem que a cidade se afirme como um ecossistema de inovação onde se identificam as necessidades, desejos e interesses dos cidadãos, empresas, centros de pesquisa e autoridades públicas. Em 2010 lancei a Rede de Cidades Inteligentes Conectadas, cujo núcleo inicial incluía Amsterdã, Manchester, Lisboa, Barcelona e Helsinque. A rede estabelece um mecanismo de colaboração e troca experiências sobre mobilidade sustentável, mudanças climáticas, segurança energética, envelhecimento da população, vida saudável… (…)
16
May13
Carreiras que vão de vento em popa
Os ventos favoráveis à energia eólica no Brasil estão criando uma forte demanda por executivos e abrindo novas oportunidades. Essa fonte de energia renovável já é a segunda mais competitiva no país, atrás apenas da hidrelétrica. Em 2012, a capacidade instalada nacional alcançou 2,5 gigawatts (GW), um crescimento de 73% em relação a 2011. Hoje existem 115 parques geradores operando e 231 em processo de construção, que, somados, representarão 8,8 GW em 2017. As regiões Nordeste e Sul concentram o maior volume de negócios. Atualmente, a energia eólica representa apenas 2% da nossa matriz elétrica, mas essa participação está crescendo com rapidez e deve chegar a 5,5% em 2017, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Isso fará o Brasil saltar da 16ª para a 7ª ou 8ª posição no ranking internacional, com reflexos positivos no mercado de trabalho para profissionais especializados.
Leia a reportagem que publiquei sobre o assunto no jornal Valor Econômico.
01
Apr13
Projeto apoia 20 startups catarinenses
Projetos originais de base tecnológica com potencial para gerar bons negócios vão ganhar um “empurrãozinho” em Santa Catarina. O programa de capacitação Startup SC, lançado em janeiro pelo escritório estadual do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o governo do estado, oferece apoio para ampliar as chances de sobrevivência desses empreendimentos. Fez parte da programação o seminário Startup Weekend, realizado no final de março em Florianópolis. Os participantes receberam consultoria sobre a viabilidade de suas ideias e tiveram a oportunidade de apresentá-las a investidores. Mais de 600 empresas já foram criadas em eventos semelhantes em 25 países, informam os organizadores. A iniciativa integra o programa Startup Brasil, que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou no final de 2012.
Clique aqui para ler a íntegra da reportagem que publiquei sobre o assunto no Valor Econômico de 28 de março.
24
Feb13
“Não utilizar a energia do sol é burrice”
O especialista em energias renováveis Heitor Scalambrini Costa, físico e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco, é entusiasta do uso da energia solar para geração de eletricidade – a tecnologia fotovoltaica. É também um áspero crítico do que qualifica de “cegueira” do governo brasileiro pela falta de uma política consistente de aproveitamento dessa riqueza. Hoje a participação da energia do sol na matriz energética nacional é quase nula, menos de 0,02% da potência instalada. Ele defende que o assunto não fique restrito a decisões técnicas e seja discutido democraticamente pela sociedade, na busca de uma matriz elétrica sustentável. “A diversidade e a complementaridade são as palavras chaves”, diz. Autor de dezenas de artigos, publicou em 2002 o livro de coletâneas “Equívocos de uma política energética” e, 2008, “Insatisfação além da conta”. Entrevistei o professor Scalambrini para uma reportagem sobre energia fotovoltaica que publiquei no jornal Valor Econômico. A íntegra da nossa conversa está neste link.
30
Jan13
Eficiência energética no fogão a lenha
p.s. Muitos leitores têm perguntado como podem adquirir o trocador de calor. Ele está na fase de testes de protótipos e ainda não entrou em produção comercial, como explica seu inventor, o sr. José Alcino Alano. Caso desejem entrar em contato com o sr. Alano para obter informações adicionais, o e-mail dele é josealcinoalano [arroba] ibest [ponto] com [ponto] br
Equipamento criado por inventor catarinense aquece chuveiro em regiões serranas usando o calor que seria desperdiçado na chaminé. O processo é mais eficiente que a tradicional serpentina, pois não retira calor da câmara de combustão. Próximo passo será “fogão-foguete” que reduz uso de lenha em 40%.
Dauro Veras, para o Valor, de Florianópolis
Um sistema inovador de aquecimento de água desenvolvido em Santa Catarina aumenta a eficiência energética dos fogões a lenha, presentes na maioria das residências das regiões serranas, onde o inverno é rigoroso. Barato, de fácil instalação e ambientalmente sustentável, o recuperador de calor está sendo testado em um projeto-piloto com 200 famílias de áreas rurais em 34 municípios, numa parceria entre Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), Secretaria de Agricultura do Estado e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri). Os resultados preliminares superam as expectativas, com aumento do conforto, alívio no orçamento doméstico e potencial para reduzir a demanda de energia nos horários de pico. Criado pelo eletricista aposentado José Alcino Alano, o equipamento aproveita o calor que seria desperdiçado pela chaminé, sem aumentar o consumo de lenha.
“Tomar banho e lavar louça, pra nós, era um tormento”, conta Vera Lúcia Damas Claudiano, líder na comunidade quilombola de Rincão do Tigre, no município de São Joaquim – a 230 km da capital -, onde as temperaturas negativas no inverno fazem parte do cotidiano. A família de Vera foi uma das selecionadas para o teste, por atender ao critério de baixa renda e pela influência dela como multiplicadora para os vizinhos. “Antes, tínhamos que deixar a torneira aberta de noite para a água não congelar no cano”, conta a agricultora, enquanto acende o fogão para preparar o mate. “Agora temos água quente à vontade, dispensamos o chuveiro elétrico e a conta de luz caiu quase pela metade”.
A Celesc estima que a instalação do recuperador de calor nas 198 mil residências onde se usa fogão a lenha em Santa Catarina resultaria em uma economia anual de 193,6 mil MWh de eletricidade. Suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Florianópolis (421 mil habitantes) por três anos, ou toda a área de concessão da companhia, com 6,2 milhões de habitantes, por dois meses. O cálculo, feito segundo o Manual de Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tomou como premissas a redução de 100% no uso de um chuveiro elétrico de 5.400W de potência, com um tempo médio de oito minutos de banho por pessoa. Não foi considerada a redução no uso de torneira elétrica. Se incluídas as residências rurais com fogão a lenha em regiões serranas do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, a economia total seria ainda mais expressiva.
A instalação do equipamento se dá no âmbito do projeto Banho de Energia, uma das ações de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) da companhia catarinense de eletricidade. “A Celesc não faz filantropia”, esclarece a assessora de RSE, Viviani Bleyer Remor. “Estamos levando conforto e qualidade de vida para os agricultores; ao mesmo tempo, consolidamos a marca da empresa junto a essa população e reduzimos a inadimplência”. Outra vantagem é a redução do consumo no horário de ponta – das 17h30 às 20h30 nos dias úteis, quando o sistema nacional de geração, transmissão e distribuição é sobrecarregado pelo aumento no número de equipamentos ligados à rede elétrica. No segundo semestre de 2013, haverá uma avaliação dos resultados nas 200 unidades instaladas e a empresa pretende ampliar o projeto.
José Alcino Alano, 61 anos, não se considera um inventor, mas o fato é que já saíram de sua prancheta diversas tecnologias sociais, como um leito hospitalar multifuncional de baixo custo para pessoas com paraplegia e tetraplegia, entre outras. Acompanhado da mulher, dona Lizete, ele passa parte do tempo viajando por Santa Catarina para supervisionar a instalação do aquecedor, cujo pedido de patente foi depositado em 2010 junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Desde 2006 o aposentado é parceiro da Celesc na difusão de um aquecedor solar feito com garrafas PET e caixas de leite.
Esse projeto de RSE – Energia do Futuro – levou à criação de uma cooperativa de trabalho no Morro da Queimada, comunidade de baixa renda na capital catarinense, e está sendo replicado na Costa do Marfim. Alano atua como voluntário. Ele explica que o grande diferencial do seu recuperador de calor em comparação com a tradicional serpentina de água é não retirar calor da câmara de combustão do fogão, e sim da chaminé, onde seria desperdiçado: “Assim o consumo de lenha permanece o mesmo”.
A pedido do Valor, o projeto foi avaliado pelo engenheiro Edson Bazzo, do Laboratório de Combustão e Energia de Sistemas Térmicos (LabCET), vinculado ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Os direcionadores de gases, de fato, representam uma inovação com perspectiva de patente”, afirma. Para o especialista, o maior mérito do trabalho está no resgate de uma tecnologia consolidada de domínio público, que funciona pelo princípio de termossifão (veja box), para reaplicação em propriedades rurais e nas cidades onde ainda são utilizados fogões a lenha: “A medida é evidentemente vantajosa, pois substitui total ou parcialmente a eletricidade consumida em chuveiros, com baixo ou nenhum impacto ambiental”, diz. “Indiretamente, está-se economizando combustíveis fósseis na geração de eletricidade. O único impacto ambiental estaria associado à fabricação, transporte e instalação do sistema, o que é insignificante a meu ver. É uma bela iniciativa”. Bazzo lembra que o dióxido de carbono (CO2) gerado pela queima da lenha é neutro, pois se supõe que ele vai ser absorvido pelo crescimento de novas árvores.
Um elemento importante para a difusão da nova tecnologia tem sido a parceria com a Epagri, empresa pública com mais de 50 anos de fomento à agricultura familiar, modelo de 90% das propriedades agrícolas em Santa Catarina. “Temos contato próximo com as comissões de desenvolvimento municipal, que nos ajudam a identificar as famílias para o projeto-piloto”, diz o gerente estadual de Extensão Rural e Pesqueira, José Cezar Pereira. Oitenta por cento do custo total do equipamento, de cerca de R$ 1,8 mil, são subsidiados pela Celesc. Os agricultores pagam somente R$ 380, em cinco parcelas anuais financiadas pelo Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Graças ao subsídio e à facilidade de crédito, o dispositivo está sendo adotado por famílias como a de Orildo Giroto, oriundo do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que vive no Assentamento Primeiro de Maio, em Curitibanos, a 300 km da capital. “Agora fica mais rápido pra fazer a polenta”, diz dona Luci, pegando água aquecida da torneira.
O recuperador de calor, com vida útil estimada em 20 anos, já teve cinco protótipos construídos e continua sendo aperfeiçoado. Alano não para de elaborar novas ideias: “Estou desenvolvendo um novo modelo de fogão a lenha baseado numa tecnologia existente há vários anos, o ‘fogão foguete’, que, pela queima perfeita dos gases, reduz em 40% o consumo de lenha e produz pouca fuligem, diminuindo os impactos ambientais”. Ele atribui a motivação para criar à sua origem humilde, na qual fazia parte da rotina a busca de soluções para a sobrevivência a partir de conhecimentos em diversas áreas. “Outra motivação é ter contato com realidades que clamam por ajuda imediata e saber que os meus problemas são infinitamente menores que os do meu próximo”.
Como funciona
O recuperador de calor funciona por convecção térmica (termossifão), processo de transmissão de calor em que a energia térmica se propaga através do transporte de matéria, por causa da diferença de densidade e da ação da gravidade. Quando a água fria é aquecida em contato com a chaminé, fica menos densa, isto é, ocupa o mesmo espaço com peso inferior. Assim, sobe até o boiler, um reservatório que conserva a água quente até sua utilização.
O calor na chaminé dificilmente ultrapassa os 200°C, contra 500°C em média atingidos na câmara de combustão do fogão a lenha. Embora a rapidez e o volume da água aquecida sejam inferiores ao sistema tradicional por serpentina, são suficientes para atender as necessidades domésticas sem o uso de tubulação especial, o que barateia o sistema. Como não há serpentina com água circulando dentro da câmara, o consumo de lenha permanece o mesmo.
Uma versão condensada desta reportagem foi publicada originalmente no Valor Econômico, em 23/01/2013, com o título Fogão a lenha aquece água do chuveiro
20
Dec12
Entrevista com Anwar Ibrahim, líder da oposição malaia
No 12º e último episódio da série, Julian Assange conversa via videolink com Anwar Ibrahim, o mais proeminente e provocador líder da oposição na Malásia.
Em busca de ideias poderosas que podem transformar o mundo, o fundador do WikiLeaks se depara com um caso que guarda semelhanças com a sua própria trajetória.
Após ter sido vice primeiro-ministro da Malásia na década de 90, Anwar Ibrahim foi expulso da política e preso por acusações de corrupção e crimes sexuais – no caso, sodomia, considerada ilegal no país asiático. Após seis anos no cárcere, ele foi inocentado das acusações. Mas, em 2008, teve que enfrentar novas acusações por crimes sexuais e encarar uma batalha legal de quatro anos. Só foi inocentado em janeiro de 2012.
Para ele, seu país é ainda menos democrático do que o vizinho Burma. Ele descreve democracia como “um judiciário independente, uma mídia livre e uma política econômica que pode promover crescimento e a economia de mercado”. Com essa plataforma, seu partido está ganhando mais apoio da população, chegando a ser uma ameaça ao atual governo nas próximas eleições gerais de 2013.
Agora, Ibrahim é acusado de ter participado em uma marcha por reformas eleitorais – reuniões não autorizadas também são consideradas crime – o que pode comprometer suas ambições eleitorais. Mas, durante a entrevista, ele se mostra otimista quando relembra a última campanha, em 2008. “Ganhamos 10 dos 11 mandatos parlamentares, então acredito que estamos maduros para um tipo de Primavera Malaia através do processo eleitoral”, diz.
Assista a entrevista a seguir, ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.
Esta é a última de uma série de 12 entrevistas que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, fez com líderes e pensadores contemporâneos. DVeras em Rede publica O Mundo Amanhã em parceria com a Agência Pública e o WikiLeaks.
Republicadores da série O Mundo Amanhã:
Anonymous Brasil * Agora Sustentabilidade * Baixa Cultura * Blog Brasil Acadêmico * Coletivo Catarse * Coletivo Digital * Desculpe a Nossa Falha * Diário de S. Paulo * DVeras em Rede * EBC* Estadão Online * Estado de Minas * Felipe Cabral * Jornal Informação * Jornal Mercadão *Nota de Rodapé * Opera Mundi * Papo de Homem * Portal Administradores * Portal Desacato *Revista Babel * Revista Fórum * Revista Samuel * Revista Sina * TV Unochapecó * TVT *Yahoo Brasil
12
Dec12
Entrevista: Noam Chomsky e Tariq Ali
Assange recebe Noam Chomsky e Tariq Ali para conversar sobre as mudanças políticas recentes ao redor do globo. Os dois analisam: para onde será que o mundo caminha?
Ninguém poderia tê-las previsto. Mas ainda com o mundo sob o efeito das revoluções no Oriente Médio, Assange se reuniu com dois pensadores de peso para saber o que eles pensam sobre o futuro.
Noam Chomsky, renomado linguista e pensador rebelde, e Tariq Ali, romancista de revoluções e historiador militar, encontram na Primavera Árabe questões sobre a independência das nações, a crise da democracia, sistemas políticos eficientes (ou não) e a legião de jovens ativistas que tem se levantado para protestar no mundo todo. “A democracia é como uma concha vazia, e é isso que está revoltando a juventude, ela sente que faça o que fizer, vote em quem votar, nada vai mudar. Daí todos esses protestos”, explica Ali.
“O que temos na política ocidental não é a extrema esquerda e nem a extrema direita, mas um extremo centro”, continua ele. “E esse extremo centro engloba tanto a centro-direita quanto a centro-esquerda, que concordam em fundamentos: travando guerras no exterior, ocupando países e punindo os pobres, punindo por meio de medidas de austeridade. Não importa qual o partido no poder, seja nos Estados Unidos ou no mundo ocidental… “.
Segundo o próprio Ali, a grande crise da democracia está pulsando nas mãos das corporações. “Quando você tem dois países europeus, como a Grécia e a Itália, e os políticos abdicando e dizendo ‘deixem os banqueiros comandar’… Para onde isso está indo? O que nós estamos testemunhando é a democracia se tornando cada vez mais despida de conteúdo”, critica o ativista.
Mas após as revoluções, as conquistas vêm da construção de novos modelos políticos, inventados. Chomsky cita a Bolívia como exemplo. “Eu não acho que as potências populares preocupadas em mudar suas próprias sociedades deveriam procurar modelos. Deveriam criar os modelos”. Para ele, a chegada da população indígena ao poder político através da figura de Evo Morales está se replicando no Equador e no Peru. “É melhor o Ocidente captar rápido alguns aspectos desses modelos, ou então ele vai se acabar”, alerta Chomsky.
Por outro lado, está na mãos dos jovens perceber a necessidade de agir, segundo Tariq Ali. “Não desistam. Tenham esperança. Permaneçam céticos. Sejam críticos com o sistema que tem nos dominado. E mais cedo ou mais tarde, se não essa geração, então nas próximas, as coisas vão mudar”.
Assista a entrevista a seguir, ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.
05
Dec12
A guerra não declarada no Paquistão
No décimo episódio da série O Mundo Amanhã, Julian Assange encontra Imran Khan, candidato à presidência do Paquistão, para discutir o futuro de um dos países mais afetados pela Guerra ao Terror
Ao longo de 25 minutos, Julian Assange recebe Imran Khan, que nos anos 70 e 80 foi capitão do vitorioso time de críquete do Paquistão, para conversar sobre corrupção, Osama Bin Laden, soberania e bombas atômicas. Isso porque hoje Khan está na corrida para se tornar o próximo presidente do país nas eleições de 2013, liderando a oposição com o partido que criou, o Movimento para Justiça, que combate a corrupção no país.
O Paquistão tem uma dívida acumulada de 12 trilhões. “Metade do nosso PIB vai para o pagamento de dívidas, 600 bilhões vão para o exército e assim 180 milhões de pessoas têm 200 bilhões de rúpias para sobreviver. Então, claramente, o país está inviabilizado”, pndera o político. A crise é sentida na pele pela população: em áreas urbanas, não há eletricidade por até 15 horas durante o dia, e os apagões chegam a durar 18 horas nas áreas rurais.
Khan se tornou a principal voz crítica ao fazer denúncias sobre o governo do Paquistão, um dos países mais afetados pela Guerra ao Terror promovida pelos EUA. “Quarenta mil paquistaneses foram mortos em uma guerra com a qual não temos nada a ver. Basicamente, nosso próprio exército matando nosso povo e eles fazendo ataques suicidas a civis paquistaneses. O país já perdeu 70 bilhões de dólares nessa guerra. A ajuda humanitária total tem sido de menos de US$ 20 bilhões”, diz Khan.
Mas como Khan levaria a relação com os Estados Unidos caso fosse eleito? “Não deveria ser uma relação de cliente-patrão, e pior ainda, o Paquistão como pistoleiro contratado, sendo pago para matar inimigos da América. Nós somos um Estado independente e soberano e a relação com os EUA deve ser de dignidade e respeito mútuo, não mais uma relação de cliente-patrão”, diz. Resta saber se, caso ele vença, cumprirá suas palavras.
Assista a entrevista a seguir, ou clique aqui para baixar o texto na íntegra.
Esta é a décima de uma série de 12 entrevistas que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, fez com líderes e pensadores contemporâneos. DVeras em Rede publica O Mundo Amanhã em parceria com a Agência Pública e o WikiLeaks.